Sentia a minha boca salivar pedindo por mais beijos de Theo, mas isso nos levaria a um lugar que eu não estava preparada para chegar. Meu cérebro trabalhava em velocidade máxima, revirei-me na cama algumas vezes até conseguir finalmente adormecer.
Acordei com ele batendo em minha porta, chamando para tomarmos café e irmos para o hospital. A verdade é que eu queria muito ir para casa trocar de roupa e algo me dizia que Lucca já não estaria mais por lá. Avisei Theo que iria em casa antes, precisava me ajeitar, e pegar algumas coisas para Nicole, agradeci por tudo que ele havia feito por nós até então.
Quando ele viu que eu estava pedindo um Uber, puxou o telefone das minhas mãos e disse que me levaria até em casa, como eu já havia dito que era longe, disse que fazia questão de me acompanhar, tentei rejeitar a proposta inúmeras vezes, mas Theo era tão teimoso quanto eu, se é que isso fosse possível.
Eu me sentia um pouco envergonhada dele ir até meu bairro e ver de onde eu tinha vindo, meu bairro não transmitia uma boa impressão, e assim que as minhas vizinhas catadeiras o vissem... Provavelmente em menos de meia hora todos na minha rua iriam saber que cheguei em casa acompanhada de um homem desconhecido. Desci do carro e agradeci mais uma vez e a passos apressados entrei em casa. Já "sã e salva" respirei aliviada, até ouvir a campainha tocar, assustei-me e tremi quando meus pensamentos me levaram a Lucca, abri a porta com cuidado e fiquei sem palavras quando vi o homem moreno parado na minha porta.
— Você pode correr mais devagar?
— O que você tá fazendo aqui? — Sentia meus olhos saírem do meu rosto. — É possível correr devagar?
— Se você tivesse esperado um segundo a mais eu não precisaria descer do carro — retrucou. — Você precisa de ajuda ou de carona pra voltar pro hospital?
— Você é muito chato, sabia? — ele riu e eu sorri, admirando sua risada e os vincos que se formavam em seu rosto quando ele fazia isso. — Não, eu não preciso de ajuda, e não eu não preciso de carona pro hospital, eu sei chegar lá.
— Ok, chefe, você que sabe, boa sorte esperando o ônibus — debochou se afastando.
Revirei os olhos e o chamei.
— Theo? Talvez... — pigarreei. — Tudo bem, eu aceito uma carona, só preciso arrumar minhas coisas.
Ele sorriu, vitorioso.
Eu o convidei para entrar, a casa era bem simples, uma realidade avessa do que ele estava acostumado, sentou-se no sofá e ficou me observando correr de um lado para o outro atrás das coisas que eu estava arrumando. Alguns minutos depois a campainha tocou mais uma vez, corri para atender, talvez pudesse ser Fran ou a mãe de Valentina, mas ao invés disso, era Lucca com a roupa amassada e um olhar de raiva estavam a me encarar, e eu congelei, parecia uma estátua segurando a porta, surpresa e boquiaberta.
— Podemos conversar?
— Não temos nada o que conversar. — Tentei fechar a porta, mas sua mão interrompeu o ato.
— Lara... deixa eu explicar. Me escuta por favor.
— Eu não quero, saia da minha casa. — Alterei minha voz, e Theo interveio.
— Ela disse pra você ir embora — Theo esclareceu, os dentes cerrados.
— Pelo visto você andou ocupada, não é mesmo, vadia?
— Não chame ela assim. — Theo o empurrou para fora da entrada, pronto para iniciar uma briga.
— Vá embora, Lucca — falei mais uma vez, e para tentar acalmar a situação respondi — Quando você estiver mais calmo conversamos.
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Lust Affair - Série Affair v.1
RomansaAos 25 anos, Lara Antunes vê a sua vida desmoronar bem diante de seus olhos. De forma inesperada tem que lidar com a morte de sua mãe, com as inúmeras dívidas que até então desconhecia e com a grande responsabilidade de criar e sustentar sua irmã de...