Volte a Sonhar

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CHRISTIAN GREY

ANTERIORMENTE...

—Não foram exatamente sozinhos... —Ray murmura parado a porta da sala. Carla se levanta apavorada e encara Raymond. —Olá Carla.

~~

—Ray. —Sussurra Carla. Ela eleva as mãos em frente aos lábios e de repente suas lágrimas estampam seu rosto. —Ah, meu Deus! Ray.

—Senti sua falta. —Ray murmura enquanto Carla corre para seus braços.

Por um segundo, enquanto Ray tem Carla em seus braços, apertando-a de forma segura, eu sinto uma necessidade de algo, algo desconhecido, algo que não sei, mas algo que não tenho. E isso é tão estranho. É como se faltasse algo aqui nos meus braços, e então Anastásia veem a minha mente. Confundindo-me ainda mais. E uma necessidade estranha de abraça-la me vem. É... É como se ela precisasse de mim.

Sacudo a cabeça para afastar o pensamento e encaro a garotinha agora com olhos cinza que está parada a porta.

Phoebe sorri de forma doce com os olhos marejados por presenciar o reencontro. Faço um gesto com a mão e logo ela corre para meus braços. Aperto-a com carinho, tentando preencher o vazio que sinto, e por mais que essa garotinha seja o centro do meu universo, ainda sim, parece faltar algo.

—Como vocês o encontraram? —Carla pergunta e eu saio de meus devaneios. —Eu o procurei...

—Ele estava no Brasil, sobre vigilância. —Kate explica. —Não foi fácil, mas nós conseguimos tirá-lo de lá.

—É com ajuda de alguns amigos da Federal, que por sinal odeiam um tal de Robin Adams. —Elliot faz com o sarcasmo pingando. —Agora nós teremos que ser ainda mais cautelosos.

—Por quê? —Carla pergunta preocupada.

—O Sr. Adams já sabe que o Ray desapareceu, e ele não pode nem sonhar que fomos nós. —Kate murmura impaciente. —Ele viria atrás de nós, e poderia descobrir sobre a Anastásia.

—E se for ele mesmo por trás disso tudo, nós não podemos correr esse risco. Não mesmo. —Sussurro encarando Phoebe. —Nós não queremos que nada aconteça a ninguém que está presente aqui.

—E nem a Ana. —Phoebe diz revirando os olhos e todos riem.

—Não, nem a Anastásia. —Murmuro.

—Vocês disseram que tinham pistas sobre o paradeiro dela. —Carla murmura encarando Phoebe que sorri de forma tímida. —Me desculpe. Você se parece muito com ela, quando ela tinha a sua idade.

—É mesmo? —Phoebe pergunta encantada.

—Sim... —Carla sussurra com pesar.

—Você já tomou banho mocinha? —Pergunto e Phoebe encolhe os ombros. Coloco-a no chão e dou uma leve palmada em seu bumbum. —Já para o banho.

—Está bem delegado. —Phoebe diz rindo e saio correndo em direção as escadas.

—Phoebe. —Grito e ela gargalha.

—Eu não vou correr nas escadas, papai. —Phoebe diz e eu sorrio.

—Por favor, sentem-se. Nós vamos explicar tudo. —Peço e Carla e Ray o fazem. Sento-me e suspiro. —Há cerca de um mês e meio, eu estava na praia e eu achei algo na areia, uma garrafa com um papel dentro. Eu achei muito estranho, mas mesmo assim acabei lendo o conteúdo do papel, e eu descobri que era uma carta.

—Carta? —Ray pergunta confuso e eu balanço a cabeça.

—Nessa carta havia um pedido de socorro, ou algo parecido. E foi assinada por Anastásia Steele. —Elliot explica.

—Minha filha? —Carla pergunta com a voz embargada.

—Sim. —Kate diz. —Nós colhemos amostra de DNA, e descobrimos que as digitais eram as mesmas do banco de dados de desparecidos, da Anastásia.

—O que dizia na carta? —Ray pergunta.

—Ela falava sobre o sequestro, a morte da sobrinha e sobre estar presa em uma ilha, durante todo esse tempo. —Falo tentando manter a calma.

—Ilha? Como assim? —Pergunta Carla com indignação. —Minha filha está presa em uma ilha?

—Nós não sabemos, não exatamente. —Explico. —Na carta ela dizia estar na ilha. Mas nós procuramos por todas as ilhas próximas, foram cerca de uma ilha por dia, durante duas semanas. Todas as ilhas próximas daqui, e não próximas, e infelizmente não havia sinal de qualquer pessoa, fora os turistas.

—E então... Como? —Ray pergunta um pouco confuso.

—Antes de procurarmos nas ilhas, nós decidimos escrever uma carta. —Elliot fala. —Nós achamos que o fato de ter chegado uma carta para o Christian, a mesma coisa poderia acontecer com Anastásia.

—E foi o que fizemos. Christian fez. —Complementa Kate. —Ele escreveu uma carta. E depois de duas semanas... Nós tivemos uma resposta.

—O que? —Carla se levanta com lágrimas. —Minha filha?

—Sim. —Sussurro. —Ela disse na carta que eu poderia confiar em você, mas somente em você. Ela me disse que não sabe o nome da ilha, nem nada parecido. Mas que não há nada visível da ilha. O que não é o caso das ilhas por aqui, então essa ilha poderia ser em qualquer lugar.

—Ilha... —Carla sussurra e me encara. —Ilha... Eu posso ver a Carta, por favor?

—Claro. —Murmuro e pego as cartas entregando-lhe.

Carla percorre os olhos pelas cartas e sorri em meio as lágrimas, logo ela abraça as cartas contra seu peito.

—Ela ainda tem a mesma letra.

Sorrio com suas palavras. Eu não posso imaginar o que essa mulher tem passado todos esses anos. Nem uma mãe merece isso. Sofrer com a ausência do filho. Ela que deveria conhecer sua filha tão bem há anos não sorri, não sente o cheiro, nem tem contato com a filha.

Eu mesmo fico louco quando Phoebe passa um ou dois dias com os tios ou avós, não posso imaginar o que é viver tanto tempo longe dela. Eu realmente não suportaria.

—Quando... quando ela era criança, do mesmo tamanho da sua filha, ela adorava sair, inventar histórias, coisas sobre aventura. Ela não era nada delicada. Vivia rasgando as meias, sujando os vestido e sapatos. Eu ficava louca, mas ela amava isso, então eu estava feliz. Um dia o Bob a levou para passear, de barco, e quando ela voltou ela comentou algo sobre uma ilha, a ilha das... Das Sete Ondas...

—Sete Ondas? —Pergunto confuso.

—Sim, ela fez muitos desenhos sobre essa ilha, mas quando eu pesquisei sobre ela não havia nada. Ela não está em nenhum mapa ou coisa do tipo.

—Então é isso? —Kate pergunta indignada. —Nós estivemos procurando em todas as ilhas quem estão mapeadas, mas esquecemos das que ainda não foram "descobertas". —Ela fala fazendo aspas no ar.

—Era tão óbvio. —Elliot murmura. —Ela está presa em uma ilha que ninguém conhece, mas é claro.

—Então a ilha pode ser por aqui. —Ray diz levantando-se também. —Nós podemos encontrá-la.

—É, mas nós temos que cerca todo o território.

—Eu conheço alguém que pode nos ajudar. —Sussurro.

—Quem? —Ray e Carla perguntam.

—Nossa mãe. —Sussurro olhando para Elliot que sorri.

—Sério?

—Sim, a Dona Grace é médica, mas ela já viajou muito. —Kate diz sorrindo. —E essa casa aqui já foi dela, ela já esteve em todos os lugares possíveis, buscando novos remédios. Talvez ela conheça.

—É uma possibilidade. —Elliot diz.

—Então vamos chama-la. —Carla pede.

—Claro. —Digo indo em direção ao telefone.

—Papai, me ajuda!

O grito de Phoebe me faz congelar sobre meus pés. Então outra sequência de gritos é ouvida, e logo sinto meu coração disparar. Minha filha.

Cartas Para um Novo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora