Casa comigo? (+18)

CAPÍTULO 3

- Gata, esta na hora da sua reunião com o grupo da Simmons. - Liph avisa entrando na minha sala. - E eu estou indo almoçar, precisa de alguma coisa?

- Não, você pode ir. Já estou indo também, obrigada. - Ele se despede e sai logo em seguida.

Odeio quando esses engomadinhos resolvem marcar reuniões na hora do almoço. O dia tem vinte e quatro horas e eles sentem essa necessidade absurda de conciliar trabalho com as refeições. Minha barriga já começou a dar sinais de alerta vermelho e quando eu estou com fome, fico de péssimo humor.

O elevador finalmente chega e eu entro pensando nos tópicos da reunião, quando as portas vão se fechar, alguém grita pedindo para segurar. E adivinhem quem é? A peste. Não sei como um homem tão lindo, pode ser tão irritantemente insuportável.

Nicolas tem um metro e noventa, um bronzeado perfeito, cabelos loiros, olhos castanho esverdeados, rosto esculpido á perfeição com direito a lindas covinhas quando sorri. Resumindo, um deus grego. Mas... quando abre a boca, o príncipe vira sapo. Um sapo bem verruguento. Ele entra, me olha de cima á baixo, rosna algo e se encosta na parede oposta à minha.

- Que você é desprovido de educação, não é nenhuma novidade. Só não sabia que aprendeu a rosnar, sabe deitar e rolar também?

- Não te interessa. - Retruca mau humorado. - Você trouxe a planta da Simmons?

- Sim, tenho certeza que eles vão amar. Não saio daquele restaurante sem ter o contrato assinado nas minhas mãos. - Falo olhando minhas unhas como se não fosse nada de mais.

- Só tente se controlar e prestar mais atenção na reunião do que na comida. - Ele começa com as provocações.

- Nicolas, querido, me faz um favor? - Coloco no rosto uma expressão inocente. - Se joga na frente de um caminhão e me deixe em paz! - Sorrio maléficamente escutando mais um rosnado. É serio, as vezes acho que esse homem é metade cachorro, a praga rosna mais do que fala. - Calma totó, quando chegarmos lá eu te peço um osso bem suculento. - Ele responde mostrando o dedo do meio.

Descemos até o estacionamento e enquanto procuro as chaves do meu carro, Nicolas me chama.

- Entra; estamos indo para o mesmo lugar, não tem sentido ir em dois carros. - Diz abrindo a porta do carona.

Entro e logo estamos seguindo para o restaurante. O almoço foi tranquilo, Nicolas e eu fizemos uma apresentação incrível do projeto e o grupo da Simmons adorou. Resultado, saímos de lá com o contrato assinado. Nós até podemos ser inimigos declarados no dia á dia, mas quando o assunto é trabalho, somos uma dupla imbatível.

A Holtth's é uma empresa de arquitetura e construção. Nicolas é o presidente da empresa e formado em engenharia civil. Eu sou a vice presidente e sou formada em arquitetura e urbanismo. Juntos, criamos projetos perfeitos, que fizeram da Holtth's uma das empresas mais importantes desse setor no país.

Quando estamos saindo do restaurante, vejo um casal sentado em uma mesa próxima a janela. Eles estão de costas para nós, mas é impossível não reconhece-los. Fico tensa no mesmo segundo. Nicolas percebe a mudança no meu comportamento e levanta uma sobrancelha em um questionamento silencioso. Acelero o passo e saio em disparada para o carro.

- Aconteceu alguma coisa, Luna? - Pergunta parecendo preocupado. - Você saiu correndo...

- Não aconteceu nada. - Respondo mais ríspida do que pretendia. - Só estou com dor de cabeça. - Completo com mais suavidade.

Nicolas me encara por alguns segundos e entra no carro. Quando coloco o sinto, ele abre o porta luvas e me entrega um frasco contendo comprimidos.

- Vai ajudar com a dor. - Explica saindo do estacionamento.

- Obrigada.

Esse pequeno gesto, acabou me pegando de surpresa. Me senti mal por ter mentido para ele, mas não posso falar a verdade porque Nicolas vai começar a fazer perguntas e não posso permitir que meu passado volte à tona.

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