Décimo quinto capítulo

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— Maxwell, espera.

Gus se interviu.

— Se isso for pagar tanto a minha dívida quanto à da dela, então eu me ofereço para morrer em seu lugar.

— Como é que é?

— Eu também.

Foi a vez do Scotty.

— Ah, eu já vivi o bastante. Dane-se tudo isso!

E em seguida, o Sam. Maxwell começou a rir escandalosamente. Ele parecia não acreditar no que estava ouvindo.

— Scotty Mathews, há cinco minutos atrás você queria que essa humana se transformasse em uma vampira e agora...

— Eu mudei de ideia.

Olhou pra mim.

— Percebi o quão errado seria querer que uma pessoa vivesse o resto da sua vida obrigatoriamente ao meu lado.

— E vocês dois? Por que não a querem vê-la como sua irmã?

— Isso não seria incesto? Porque... eu a amo o bastante para querer vê-la feliz, tendo uma vida normal.

Me surpreendi com as palavras do Gus.

— Ela ficaria horrível como vampira. Sei lá, não combinaria. Não consigo enxergá-la com... presas e pele pálida.

Sam deu de ombros.

— Arriscaram o seu negócio com a casa de festas por causa dessa garota, mataram uma da própria espécie por causa dessa garota e agora querem morrer por causa dessa garota? Isso não me entra na cabeça! Ela é só uma humana qualquer. Deviam tratar os iguais à ela como alimento.

— Aê manda-chuva, não fica perplexo só porque você encontrou pessoas que não pensam pequeno como você.

Maxwell olhou torto para o Sam, que em um minuto ele estava ali e no outro não estava mais, graças a uma estaca de madeira no seu coração. Eu cobri a boca, incrédula.

— Quem será o próximo?

— Pode ser eu...

Ouvi a voz do Gus. Maxwell já estava prontinho para matá-lo também, quando...

— Depois que a levarem até em casa e a hipnotizarem para se esquecer de nós e do que aconteceu.

— Ele tem razão. Se querem preservar o próprio anonimato, sugiro que excluam tudo sobre vampiros da cabeça dela e a deixem em paz. Se te colocaram nesse cargo, suspeito que seja porque você é justo e compreensivo. Claro, do seu jeito.

— Não são vocês quem fazem as regras aqui.

Scotty concordou.

— A única coisa que você quer é que tudo seja resolvido. Nós também queremos isso, só que tem que ser dessa forma.

Gus persistiu.

— Tudo bem. Grace, Kendra.

Apareceram duas garotas, uma que provavelmente iria me hipnotizar e a outra que me levaria pra casa.

— E-eu quero ser hipnotizada por eles.

— Hmmm... o último adeus. Que bonitinho! Você quem sabe, meu bem.

Deu uma risada enquanto eu me dirigia até eles. Me agachei no chão, na frente dos dois, de um jeito que desse para ambos fazer àquilo.

— Abbie...

Gus começou, me olhando fixamente.

— Essa será a última vez que faremos essa crueldade com você.

— Queremos que nos perdoe desde já. Não só por isso, por tudo de ruim.

Scotty continuou.

— Te amamos e sabemos que você também nos ama, pelo menos um pouco, mesmo que não se lembre.

— O problema é que somos o que somos; e pelo o que parece, se alguém embarcar nessa onda, ou vai acabar machucado ou pode nem sair ileso.

— Você irá se esquecer de nós, deles e de tudo relacionado, irá voltar para sua vida e nunca se lembrará de nada disso. Aproveite ao máximo com os seus amigos e com a sua mãe. Se ela chegar a te perguntar onde estava, invente uma desculpa de que tinha ido a biblioteca com a Clark. Sei que boa nessas coisas... Mas acho que ela não vai chegar a perguntar porque ela confia em você e você nunca a fez suspeitar de nada.

— Deite e durma que amanhã de manhã estará totalmente livre. Boa sorte na vida e que só coisas boas te aconteçam. Você é alguém muito especial que merece toda felicidade do mundo.

— Okay, já chega.

Maxwell deu sua última palavra. A tal da Kendra me levantou do chão e me botou dentro de um carro, me levando pra longe dali.

— Te vejo no inferno, bro.

Gus parecia estar propondo uma trégua.

— Se prepara que a Trist já está lá e ela vai falar muita merda na nossa cabeça.

— Infelizmente. O bom é que o Sam também está.

— Estão prontos para morrerem de verdade?

Maxwell pegou a mesma estaca que havia matado o Sam mais uma outra, empunhando as duas.

— Vai se ferrar, cara! Acaba logo com isso.

— Valeu a pena?

Scotty quis saber.

— O que? Ter me apaixonado uma última vez? É, valeu. Valeu muito a pena.

— Principalmente por uma pessoa como a Abbie.

— De alguma forma ela vai se lembrar da gente.

— Com certeza. Seria burrice não se lembrar de nós dois pelo menos em memória.

— Mas burrice ainda foi a escolha que vocês fizeram. Olha só no que deu, um completo desperdício. Tão jovens...

Maxwell sabia que seria difícil realizar àquela ação, mesmo assim não a deixaria de cumprir.

— Não nos arrependemos.

— Trouxas! Podem até serem lembrados em memória por alguém, mas nunca mais serão vistos em corpos.

Enfiou uma estaca no coração do Gus, ao mesmo tempo que enfiou outra no do Scotty, os matando.

***

— Ai meu Deus!

Acordei assustada, suando frio, com a respiração ofegante e os batimentos elevados.

— Dormi demais...

Tirei o cobertor de cima de mim e fui atrás da minha toalha pelo quarto. De repente ouço o carro da Clark atravessando a rua. Arregalei levemente os olhos e corri pro banheiro para tomar um banho.


* ESSE FINALZINHO FOI SÓ PRA VOCÊS SACAREM QUE TUDO TERMINOU BEM :) *


Ela & Eles (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora