Doce Cereja

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{Flashback}

Hoseok gostava de bonecas.

Ele dizia que as bonecas eram os melhores objetos para pessoas solitárias, pois elas eram sozinhas também. Gostava de conversar e nomeava cada uma delas, ao todo possuía 30 bonecas, todas de pano. Quando pequeno almejava uma de porcelana, de uma cor mais clara que seu braço e com as bochechas cheias e rosadas, assim como a sua. Sua avó achava estranho ver seu neto brincar de boneca, mas sabia que o menino sentia falta de sua mãe, que trabalhava o dia todo fora, e de seu pai, um general super-ocupado.

Quando não estava brincando de boneca, aproveitava para fazer os deliciosos bolos do livro de receita de sua mãe. Em dias de neve era o Rei da cozinha. Sozinho fazia as mais diversas receitas que continham naquele livro. Sua avó observava tudo de longe, com um sorriso rasgado no rosto.

Um dia encontrou uma folha de anotação dentro do caderno de receitas. Uma folha solta, amarelada, cujo título "a lenda da cereja" quase não dava para ler. Forçou sua vista o máximo que pôde, virou a folha de cima a baixo e esticou as dobras que estavam nela devido ao tempo que passara pressionada sobre o caderno. As palavras lidas por Hoseok narravam uma pequena da fruta adocicada levemente ácida.

"Havia um jovem príncipe que sonhava com o dia de seu casamento. Entretanto, fora treinado por seu tio para que não demonstrasse sentimento algum por qualquer pessoa. Segundo o tio, isso era sinal de fraqueza. Mas o príncipe, ainda jovem, acabara por confundir as coisas, fechou o coração até mesmo para os familiares, e todos aqueles que o rodeavam. Tornando-o assim, uma pessoa amarga e fria. Quando amadureceu e chegou na idade de casar, seus pais arrumaram as melhores pretendentes dos reinos vizinhos, mas ele não soube reagir durante seus encontros, acabando por ganhar o apelido de príncipe ogro.

O Rei, triste com a atitude do filho, perdeu sua paciência e ordenou que seu filho fosse mandado ao pântano, para fazer jus ao seu apelido de ogro.

Enquanto lutava por sua sobrevivência no lugar lamacento, acabou por encontrar uma jovem mascarada com seu corpo todo coberto com um pano branco, semelhante a um vestido. Ele não se importava com a presença desta, afinal não dirigia palavra alguma, apenas o seguia por todo o pântano e observava todos seus passos.

Eis que um dia o príncipe fora desperto com uma voz suave clamando por seu nome. Ao abrir os olhos deparou com a jovem mascarada, que estava com a face próxima a sua.

O príncipe, ranzinza a empurrou para longe e sentou-se.

— Mulher, não ouse me tocar, sou uma autoridade.

— Você cheira a amor, eu consigo sentir, é você.

O príncipe coçou a cabeça, confuso. Cruzou as pernas e pôs-se a observar a jovem, o vestido dela já não era mais branco, era uma cor que seus olhos não conseguiam descrever. Ele se perguntou quando ela havia trocado de roupa, será que morava perto dali? A jovem então se aproximou e o príncipe não se mexeu, deixou que ela sentasse sobre seu colo, entrelaçando a pernas sobre as costas do príncipes e deixando as faces próximas. Ele não entendia o porquê não estar se mexendo, queria saber mais daquela jovem misteriosa.

— Um beijo no mais ácido homem e maldição se esvai.

Os grossos lábios da moça encontraram os secos do príncipe. O leve selar fez que ambos flutuarem, uma luz fez presença naquele pântano e os dois intensificaram o beijo. Quando se deram conta, ambos estavam deitados sobre uma floresta repleta de flores. O príncipe encarava a jovem, agora sem máscara e com um vestido florido até os pés. Ela sorria. O reflexo do sol fazia com que sua face brilhasse. O príncipe abriu os lábios para questionar, mas foi interrompido.

FragilidadeWhere stories live. Discover now