Desgosto.

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Sou oposto,
contramão,
sinal avançado,
sou silêncio no sufoco,
sou fogo em baixo d'água,
e oxigênio em Marte.

Mártir da covardia,
vadio sem trair,
o revolucionário sem agir.

Sou inverso do certo e a certa inversão,
corpo eterno e alma mortal,
talvez sagaz débil mental,
seguindo nessa oposticidade,
oposto sou a essa cidade,
que segue essa maré,
da ordem e o comum.

Nenhum lugar é minha morada,
e tomei a lua como namorada,
pois vai ver sou de lá,
da lua nua, brilhante, safada,
mas que ninguém pode ter em sua casa.

Sou desgosto,
de agosto à agosto,
convivendo nesse universo,
que grande demais é para um verso,
mas com inversos demais para o certo.

Com sede demais para esse mundão,
com calos demais para esse sertão,
quero ser voador nesse mundo feito de chão.

Sou desgosto,
De agosto à agosto,
deixe que a chuva me lave o corpo,
e me preencha com o seu gosto.

Poesia: Flor de Cacto.Onde histórias criam vida. Descubra agora