Goteja sangue do chão e pinga no teto,
os gritos são comidos por ceifeiros,
curandeiros matam, e teto, reto, cria curva.O tempo volta, e trovões rugem,
rasgam o céu em explosões cósmicas.
Os restos das estrelas retomam o céu,
ao léu, o réu vira inocente.As árvores se escondem em sementes,
e mente a mentalidade pura,
se descobrindo sem cura.
Goteja, goteja, sangue púrpura.Zeus retoma o poder,
reconstruindo Olimpo do pó.
Sangra, sangra, gota púrpura.E do desfecho
se rebobina a existência,
e Deus se volta,
torna a sua inexistência.murcha, tímida a criação.
Volta rasgando lucifer do inferno,
o vindo da luz,
retoma ao breu.
Gota, goteja, o sangue seca.Em um vórtice, tudo deixa de existir,
e sentido não existe para isso,
sentido ainda não foi descoberto.Ocorre a grande implosão dos cosmos,
e retoma a Terra ao espaço vazio.
E recomeça-se as coincidências da criação,
agora não mais tão acidentais assim.
Numa conjunção de fins se deu o reinício.Grita, grita, o silêncio.
Gira, gira, o vórtice some,
come a fome, some a forma.
Como se nunca tivesse existido,
o silêncio agoniza.
Agiliza em pressa sem tempo.Carpe diem; Colhe o dia presente
sê o menos confiante possível no futuro.
O que há para colher não existe,
e futuro não se há criado.Quis custodiet ipsos custodes?
Os vigilantes não mais existem,
e muito menos quem houve para vigiar-los.E assim o nada criou-se do caos arquitetado,
retomando para si aquilo de seu direito,
feito, sem forma, sem compaixão, sem dever e sem honra.O nada é um deus sublime.
Estime, o tempo sem vento, sem sol, sem relógio. (...)
A origem do caos contemporâneo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Poesia: Flor de Cacto.
ПоэзияA pureza e a dificuldade: de se achar um amor, de se acertar a métrica, de se escrever uma poesia, de enfrentar o dia-a-dia, de aceitar jornadas, de crescer e morrer, e de florescer em cacto, de conseguir continuar: simples, seco e intacto.