São tempo difíceis para uma poetisa.
Que destino não conhece, que tenta compreender como encher o vazio dentro de si.
Encontrei um buraco fundo bem no meu peito. Lá permanece apenas o silêncio. Chamou por mim, mas lá fiquei, ignorando as tentativas de demonstrar qualquer emoção. Sou jovem e uma ignorante; pois observo cada parte de nós e apenas vejo o mundo a cair em nossos pés.Um dia não seremos nós a reinar e temo que depois toda a felicidade natural deixe de existir.
Sou mulher de tentar mover os meus braços com tentativa de agarrar os meus sonhos. Segundo depois eu desisto sem mais nada a pensar. Vivo apenas de ilusões que não se tornaram realidades.
Olho em meu redor e apenas encontro vozes habituais. Ouço o barulho do vento e sinto-o.São tempos difíceis para os feitos de versos.
Sei que se a chuva chegasse, levaria toda minha mágoa e sofrimento, deixando-me respirar de novo.
Sei que o sol é amigo da perfeição, embora inimigo da minha imaginação. Como poderei eu escrever, sentada numa cadeira à espera que a próxima tempestade que venha, se este calor não sai de mim.
Se correr espero chegar em casa, à tua procura. Correr para conseguir acompanhar-te no teu caminho.-
São tempos difíceis para um poeta.
A cúpula vazia do céu noturno vigia as luzes da cidade que rivalizam as estrelas, e eu de intermédio, meço a grandeza que separam a eletricidade da cidade dos sois distantes. Abaixo do céu a minha varanda do quinto andar, abaixo de mim, os carros e o fervilhar cintilante.Embora os dois sejam, de seu modo encantadores, o vácuo predomina entre ambos. O eu que ainda intermediário a esse encontro, intocável predomino. Quão pequeno obstáculo, sorrio. Sou uma pandora que não comprende ambos, mas observa cada movimento. Na sacada do quinto andar, não sou homem e muito menos divino: sou o vazio que se estende, um charlatão que examina em vitro.
São tempos difíceis para os sonhadores.
Testemunhas ignoradas pelos dois lados, a oquidão onde nenhum reconhece como lúcida. Somos o paradoxo do silêncio em que habitamos, e da cidade que ruge lá fora. Me desconcerta. Porque nem o barulho da maior cidade na sua hora ponta apagaria o silêncio que é sonhar, sonhar mas sem passar de apenas isso. Viver ilusões e vê-las como tangíveis, querer tocar, explorar, comer e até mesmo usurpar toda uma experiência que não passa de miragem.
Somos loucos e ôcos. Queremos tudo, mas dentro de nós nada vem. As aranhas gulosas tecem suas estruturas peganhentas dentro de nós, apenas para passarem fome. Porque não vivem de ilusões.Sim, são tempos difíceis para uma poetisa. São tempos difíceis para um poeta.
(Obrigado por escrever comigo poetisa: xAngelaxJesusx , espero que os tempos melhorem para nós.)
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Poesia: Flor de Cacto.
ПоэзияA pureza e a dificuldade: de se achar um amor, de se acertar a métrica, de se escrever uma poesia, de enfrentar o dia-a-dia, de aceitar jornadas, de crescer e morrer, e de florescer em cacto, de conseguir continuar: simples, seco e intacto.