I wanna die

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Pov. Justin

Quase não podia ouvir minha própria voz, as fãs cantavam junto a mim com uma alegria evidente, podia visualizar de cima do palco meninas chorando, outras pulando e gritando, cartazes com demonstrações de carinho para todos os lados, alguns me pedindo força, outros falando que me amam, outros com uma ousadia enorme, era isso que me mantinha de pé e me fazia seguir em frente, era esse amor desmedido que me dava forças para prosseguir.

Ao som de Home to mama a última música da noite,  podia ver muitas de olhos fechados cantando com a alma, imitei o gesto e coloquei todo meu sentimento ali, no momento era tudo o que me importava, a minha música, peguei uma toalha secando meu rosto, dando tchau para as milhares de pessoas que estavam ali, joguei a toalha na plateia e gritos ensurdecedores foram ouvidos, sai depressa do palco indo para trás dele recebendo vários parabéns, não parei com ninguém, continuei andando procurando a porta branca onde estava meu camarim, respirei fundo quando vi a mesma, entrei rapidamente batendo a porta, o único momento que me sentia bem, em paz comigo mesmo era quando estava no palco, depois era como se tudo que me afetava viesse em uma avalanche de problemas sobre minha cabeça, me joguei sobre a poltrona branca, enfiando a cabeça sobre os joelhos e soltando um grito abafado, sei que estava recente ainda, era apenas dois meses que não entendia por que aquilo tinha acontecido, ela não devia ter feito aquilo sem  me consultar, ela não tinha o direito de  tomar essa decisão sozinha e depois se comportar como se nada tivesse acontecido.

- Justin

Apertei os olhos com força ao escutar a voz de Scooter na porta, ele quase nunca me acompanhava aos shows, só quando se fizesse necessário ou quando estava com problemas com receio que surtasse, levantei minha cabeça o vendo me olhar com os olhos apreensivos como se fosse me dar uma crise de choro, isso não aconteceria novamente.

-Eu já me apresentei Scooter, fiz o show que queria, agora só preciso ficar sozinho por favor

- Justin você tem que seguir em frente, esquecer o que ouve, graças a Deus a mídia não soube de nada, seria um prato cheio para eles.

Mordi meu lábio com força, todos se preocupavam somente no que os outros pensariam sobre mim, e quantos aos meus sentimentos e minhas necessidades?

- É só isso que te importa Scooter? O que a mídia iria fazer com essa informação de ouro que eles teriam

- Claro que não Justin, eu só quis dizer que você não precisa de mais pressão, você mesmo está se cobrando demais, imagina agora o mundo especulando

Passei a mão em minha cabeça, fechando os olhos, assenti para ele e me calei, escutei um clique da porta, estava sozinho, respirei profundamente, tirei a calça que estava vestindo e vesti outra roupa mais confortável, seria agora oito horas na estrada para o show que iria fazer, vivia assim, com uma verdadeira máscara para os flashes e para minhas Beliebers com um sorriso falso no rosto, pelo menos elas sabiam que algo não estava certo, elas me conheciam como ninguém, senti meu celular apitando e lá estava a prova, inúmeros tuites marcados para mim, um em especifico me chamou atenção

@UmaSimplesBelieber força Justin, estou orando por você, o que te aflige logo não passará de uma mera lembrança

Era o que mais desejava, que tudo isso acabasse, mas certas feridas que se abrem em nosso coração jamais são fechadas, talvez esquecemos um pouco aquela dor, porém ela estaria ali presente, sujeita a qualquer momento nos cortar como laminas afiadas, caminhei pelo ônibus indo direto para o quarto que foi adaptado para mim, me jogando na cama, iria fazer o que a um mês me aliviava um pouco, que me fazia sentir como uma pessoa normal, um pouco mais humano.

Pov. Laura

Mal entrei pela porta da sala de minha casa joguei o violoncelo longe, lágrimas rolavam soltas em minha bochecha, não havia conseguido tocar um simples RÉ, o que fiz foi apenas ficar olhando aquela enorme sala e todos me encarando de volta esperando que uma melodia saísse das mãos da “menina prodígio” do Center Music, mas não,  o que fiz foi congelar, não conseguia, minhas mãos tremiam, meu coração acelerava, estou mais fragilizada do que pensava, peguei em cima da mesa o maço de cigarro de minha mãe tirando um e o ascendendo levando até a boca puxando o ar para dentro fazendo com que o mesmo se ascendesse, traguei uma quantidade boa de nicotina e deixando que meu pulmão a absorvesse, olhei diretamente para o teto da minha casa e soltei a fumaça vagarosamente

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