07. OLHOS DE ÂMBAR

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Eu estava ficando sem ar. Provavelmente você perguntaria "como" ou "por que". Bem, eu explicaria perfeitamente se não houvesse uma garota maluca apertando meu pescoço com uma força descomunal. A tão falada "Crystal" não me largou, mesmo com os rugidos de Erik e Bertram, que já estavam desesperados — modestamente falando. Até que enfim, após eu desferir tapinhas contra seu rosto e com uma enorme ajuda de Erik, a garota saiu de cima de mim. Quando olhei para ela, vi seus olhos brilharem da mesma cor que os de Amur. Me obriguei a ficar de pé, apesar de as respirações descontroladas me atrapalharem.

 — O que essa humana está fazendo aqui?! — grita ela, mais como um rosnado. Erik precisou afastá-la de mim.

 — Calma, Crystal. — o alfa diz, melodicamente. Era estranho ver uma figura como ele tão serena. Foi assim que pude notar que Bertram tinha um invejável autocontrole — Summer é só uma amiga. Ela acompanhou Erik e Amur até aqui.

 — Será que não consegue ver? — Crystal aponta para o garoto caído no chão — Ela está afetando Amur!

Bertram se aproximou dela em tom de ameaça, até seu nariz ficar a milímetros da testa da garota — sim, ele era realmente alto. Os olhos de Crystal ainda brilhavam com a mesma intensidade que antes. Para alguém que estava encarando o alfa, ela era bem atrevida. Os olhos de Bertram também brilhavam, mas, diferentemente dos de Crystal, eram vermelhos. Não sei se era impressão minha, mas pensei ter visto as veias de seu pescoço tão negras quanto carvão.

 — Summer salvou Amur e Erik de um caçador. — disse ele, vagarosamente. Pude sentir a tensão, mesmo longe dela — Ela está sob minha proteção. É bom que você mostre mais respeito, mocinha.

Ela trocou de olhares entre o alfa e eu (acabei me encolhendo no mesmo instante). Achei que ela fosse me atacar novamente, mas Crystal parecia mais calma e estranhamente arrependida. Ela esbarrou seu ombro no meu, mas antes de sair da tenda, ainda dirigiu a palavra para mim:

 — Se você pensar em machucar Amur, eu te estrangulo.

Engoli em seco, sem saber o que fazer. Bertram não tirou os olhos de Crystal até ela nos deixar completamente.

 — Desculpe por ela, Summer. Crystal pode ser bem... explosiva.

 — Tudo bem, senhor Bertram. — respondi, compreensiva. Minha mãe, quando ainda morava conosco, me ensinava a ter boas maneiras. Eu era uma ótima aluna — Não a culpo pela surpresa.

 — Vamos dispensar as formalidades, querida. Você salvou meus garotos e eu fico completamente grato por isso.

Sorri novamente para ele, quase me esquecendo de Amur. Coincidentemente, quando voltei a pensar nele, a porta da tenda se abre pela segunda vez, revelando um senhor de olhos escuros, levemente puxados e cabelos grisalhos. Ele segurava alguns vasilhames e prestou uma breve mesura ao alfa.

 — Meu senhor, espero não ter demorado.

 — Não se preocupe com isso, Kotesh. Apenas ajude meu menino.

 — O que houve com ele?

Bertram enrijeceu os ombros, nervoso.

 — Um caçador acertou um tranquilizante nele. — à menção da palavra com "C" o curandeiro emitiu um fraco rugido — Amur esteve desacordado faz um bom tempo.

Kotesh assentiu e dispôs todo seu material no chão, próximo ao inerte Amur. O curandeiro checou sua temperatura — pelo menos é o que parecia — e pressionou um pano úmido contra sua testa. Fiquei esperando ansiosamente por alguma informação.

 — Certamente, o tranquilizante tinha alguma substância tóxica. — Kotesh afirma, deixando-me apavorada.

 — Ele vai ficar bem? — Erik se pronunciou pela primeira vez, depois de um tempo.

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