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[Capítulo sem revisão]

"Levante, vá embora, saia de perto desses mentirosos, porque eles não tem sua alma ou sua chama. Pegue minha mão, entrelace seus dedos entre os meus e nós sairemos deste quarto escuro pela última vez" - Snow Patrol

Parecia que eu tinha levado uma surra. Não havia um único músculo do meu corpo que não estivesse protestando pelas mais de nove horas dentro do avião. E minha tensão só aumentou quando eu e os demais passageiros fomos informados de que por motivos do mau tempo não poderíamos seguir viagem a Itália. Uma conexão seria feira na Espanha e deveríamos esperar até que um novo voo fosse marcado. Enquanto isso todos seriam direcionados a um hotel por conta da companhia aérea. Sorri com a ideia de poder descansar um pouco antes de seguir viagem, mas a sorte não quis me sorrir de volta. Minha bagagem havia sido extraviada para algum lugar e tudo que eu tinha comigo era uma bolsa de mão. Eu reduzi toda minha bagagem a uma enorme mochila justamente para não perder tempo puxando malas. Ironia com certeza era o segundo nome da Vida. Por isso, lá estava eu zanzando pela sala de espera VIP à uma da manhã, sonhando com um bom banho e uma cama macia.

Já faziam quatro horas que eu estava lá. Além de mim haviam outras cinco pessoas, dentre elas um baixinho de roupas socias, muito estranho que parecia o Gollum, de Senhor dos Anéis. Vez ou outra eu pegava o Smeagol me encarando. Me levantei para pegar mais uma xícara de capuchino (cortesia da empresa) e querendo ficar o mais distante possível do esquisito engravatado. Estava pensando em desistir da minha mala,  mas tive os planos interrompidos pelo barulho de mais uma pessoa que entrava na sala falando alto ao telefone. Pelo pouco que compreendera da conversa rápida demais e em italiano, o recém chegado estava tendo problemas com seu vôo cancelado também.

Voltei para onde estava sentada ficando o mais distante possível do Smeagol e mais próxima da porta e consequentemente do recém chegado que se sentou por ali. "Nem morta que fico perto dele", ela pensei "prefiro ficar perto desse barulhento bem menos...Minha nossa!". Como minha mãe trabalhava na Praça da Liberdade eu vivia indo à exposições de arte. Amava arte. O museu do Inhotim era um dos meu lugares favoritos, ainda que não fosse uma grande fã de arte contemporânea. Eu tinha um olhar bom olhar para a coisa, assim como Jazz tinha para moda e sabia reconhecer uma obra prima quando via uma. E aquele homem a duas cadeiras de distância de mim, com certeza era a epítome da beleza. Poderia pegar um pedaço de papel e lápis e retratá-lo como Eros.

_Oi?_ "Eros" virou em minha direção com um sorriso de matar e uma das sobrancelhas arqueadas.

_Quê?_ estava tendo dificuldade em sair do transe e olhar dentro da imensidão azul que eram os olhos do pseudo Eros não ajudava em nada.

_A senhorita falou comigo?_ ele perguntou em italiano o que só fez com que eu demorasse ainda mais a processar o que estava acontecendo.

_Não. Eu só pensei alto. Scusa _ Pedi em um italiano falho que chamou a atenção do estranho imediatamente.

_De onde você é?_ ele perguntou sorrindo. "Você não deveria sorrir assim, Eros, poderia cegar garotas desavisadas. No caso, eu" pensei.

_Brasil_ como se fosse possível, ele sorriu ainda mais e eu senti uma coisa esquisita se mexer no meu estômago. 

_ Eu tenho alguns amigos brasileiros.Alguns até trabalham comigo_ ele contou parecendo se lembrar de algo enquanto dizia isto.

_Mesmo? você trabalha aqui? Por que pelo que vejo você é italiano_  indaguei. Estava realmente curiosa sobre quem era o estranho ao meu lado.

_Eu sou de Verona_ Ele contou.

_Mesmo? que coincidência! Eu estou indo pra lá, quer dizer, quando liberarem os voos e minha bagagem reaparecer. 

Passamos os próximos dois quarto de hora falando sobre nossos países. Ele me indicou lugares que deveria conhecer e estava me contando sobre o quanto detestava Romeu e Julieta quando ouvi meu nome ser chamado. 

_Sua bagagem, senhorita. Pedimos desculpas pelo inconveniente_ disse o funcionário da companhia que mal me olhou pois estava de olhos arregalados observando o meu novo conhecido. Agradeci e voltei para perto do pseudo Eros arrastando minha mochila enorme e pesada. Logo ele se levantou e carregou a mesma apoiando-a sob uma cadeira. Parou diante de mim e ficou me encarando com uma expressão que não soube identificar.

- Bom, acho que eu já vou_ avisei, mesmo sem querer realmente ir. Ele se levantou e mal abriu a boca para me responder quando perguntei algo que só agora me chamou atenção _Desculpa perguntar, mas se não podemos voar o que está fazendo aqui?

_ É complicado..._ já estava vendo que não teria uma resposta satisfatória pra aquela pergunta quando ele disse a última coisa que esperava ouvir naquele dia_ Que tal a gente rachar um táxi?

_ Mas você nem sabe pra onde vou. Além disso, eu nem sei quem é você.

_ Você não sabe quem eu sou?_ ele parecia se divertir com a ideia quando eu neguei com a cabeça_Bom, posso te garantir que não sou um psicopata nem um criminoso procurado.

_E o que você é?_ minha resposta veio por um adolescente usando uma camisa de futebol, com uma caneta em mãos pedindo um autógrafo_ Bom, pelo visto você é jogador e não do tipo que só joga em fins de semana, mas do tipo bem famoso, eu diria.

_É, eu sou. E é justamente por isso que estou preso aqui. Lá fora está cheio de paparazzis querendo um foto e uma entrevista sobre..._ele respirou fundo e pareceu muito irritado com a situação_ Eu gostaria muito de não ter que ficar aqui até que o voo seja liberado, mas também não queria ter que encarar todos os abutres_ de repente ele parecia tão cansado e frágil que senti vontade de abraçá-lo como mamãe fazia comigo_Será que você poderia me ajudar?

_Claro, como?_respondi rápido demais e isso fez o sorriso voltar pro seu rosto.

_Pra começar, me chama de Lucca.

Combinamos de sair dali juntos, como um casal que não éramos, enquanto o fã do autógrafo dava um falso sinal para os repórteres e correríamos até um táxi. Assim como ele puxei o capuz do casaco sobre o rosto. Ele pegou minha mochila e eu a dele já que estava mais leve e saímos correndo ao sinal do adolescente que ficou muito feliz em ajudar seu jogador favorito. Estávamos quase alcançando um táxi livre quando ele me puxou de encontro a seu peito bem a tempo de esconder meu rosto de um flash. Entramos rápido o bastante para fugir da multidão que cercou o carro.  Ele pediu ao motorista que rodasse pela cidade para despistar caso alguém os seguisse.  

_ Selena_disse me virando pra ele e olhando dentro daquele infinito azul que mesmo na penumbra de dentro do táxi ainda pareciam o céu de um dia ensolarado_ Meu nome é Selena.

_Selena_ a forma como Lucca pronunciou meu nome fez com que me sentisse um pouco mole e tranquila pela primeira vez desde que disse adeus pra Jazz no dia anterior_ Gostei, combina com você. Tá com fome? Acho que podemos comer alguma coisa antes de decidir o que vamos fazer. E você precisa descansar, tá um caco_ ele disse tudo tão depressa que me fez rir.

_Sempre estou com fome, realmente estou exausta e sinto muito por não estar perfeita como uma topmodel depois das últimas horas. Sorte sua não terem conseguido uma foto nossa_ disse com ironia porque eu não estava dando a mínima pro que achavam da minha aparência. 

_ Ótimo! Gosto de garotas com bom apetite_ ele disse ignorando minha alfinetada. Após uns minutos de silêncio o cansaço estava me consumindo e acabei fechando os olhos. Quando Lucca falou de novo já estava cochilando com a cabeça encostada na janela, mas pude ouvir o que ele disse_ O mais lindo em você não deve ser colocado em uma passarela nunca, Selena.


Oi gente! o esperado encontro finalmente aconteceu. Deixem seus comentários e não se esqueçam de votar. A música da mídia me inspirou pra escrever esse final. E aí? Quem shipa esse casal? 

um beijo e até o próximo :)

Anima- Sopro de vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora