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Quase dois dias depois que aterrissei na Espanha, finalmente me encontrava em terras Italianas. O aeroporto estava lotado e as filas para conseguir um táxi eram quilométricas. Por sorte, Alfredo já havia providenciado um carro para nos apanhar. Lucca caminhava ao meu lado carregando nossas malas, com uma expressão emburrada e resmungando. Durante todo o voo discutimos sobre me hospedar em um hotel. De acordo com ele, isso era uma ofensa considerando que eu havia dispensado ficar na fazenda da sua família. Para mim, seria abusar de tanta hospitalidade e um risco sério para mim mesma, já que a cada minuto que passava ao lado dele, ficava mais difícil encarar o adeus iminente. 

Até hoje, Jazz fora a única pessoa capaz de transpor o muro que contruí ao redor de mim mesma. Então, Lucca aconteceu. Sim, ele aconteceu. Foi de repente e impactante como bater de cara na porta de vidro ontem de manhã. E agora eu me encontrava ansiosa por ver ele sorridente de novo e um tanto nervosa por não querer me despedir. 

Estávamos quase alcançando as portas do aeroporto quando Lucca abriu um sorriso totalmente diferente dos que eu havia visto desde que nos conhecemos. Ele estava radiante enquanto andava depressa em direção a uma mulher que faria Sophia Loren questionar-se sobre sua beleza. Ela era morena, com cabelos meio acobreados, curvilínea e muito elegante dentro de um vestido acinturado e de comprimento mídi. Nos pés usava um par de sapatos de salto alto tão lindos que me fizeram querer saber a marca. A inspeção foi interrompida quanto Lucca abraçou a mulher, tirando-a do chão e beijando seu rosto com tanto carinho que fez meu coração afundar no peito. Admito, senti ciúmes por não ser mais o foco da atenção dele. Patético, eu sei. Mesmo assim, não consegui desmanchar a carranca que se grudou no meu rosto antes de Lucca se virar e dizer sete palavras que levaram meu queixo ao chão.

_Selena, esta é a minha mãe, Regina._ Como assim? Mãe? Ela não parece ter idade pra ser mãe de um homem feito como o Lucca. 

_É um prazer conhecer a Senhora_ disse depois de recolher meu queixo do chão e me certificar de que não estava babando. 

_Então você é a famosa Selena. Ouvi muito a seu respeito. A jovem que não quer se hospedar em minha casa. O que aconteceu? Foi o Lucca não foi? Ele te magoou? Não se preocupe, eu vou colocá-lo pra dormir com os cachorros. 

_Lucca não fez nada de errado. Ele têm sido um anjo pra mim desde que cheguei. Por favor, não brigue com ele. 

_Pois bem, já que está tudo acertado, vamos para casa. Chegaremos pouco antes do almoço. Espero que esteja com fome Selena, mandei fazer de tudo um pouco já que não sabia do que você gosta_ Regina começou a andar e eu e Lucca a seguimos como duas ovelhinhas atrás do pastor. 

_Ela está sempre com fome mamma, devia ver ela em Madri. Esvaziou minha geladeira_ Lucca brincou fazendo a mãe rir.

_Bem, na verdade, eu devia seguir para o hotel onde..._ Regina parou de repente e me olhou tão desolada que me voltei para Lucca em busca de socorro, mas o infeliz parecia estar se divertindo muito para me ajudar.

_Selena, já estou esperando sua vinda há tanto tempo, não vai rejeitar meu convite, vai? 

Isso não soou como uma chantagem nem algo assim. Parecia realmente um convite sincero e talvez algo muito mais profundo. Havia algo naquela mulher que me fazia querer acatar com tudo que ela dissesse. Por isso, só balancei a cabeça em sinal de negação. Ela sorriu, tomou uma das minhas mãos nas suas e seguimos em direção ao estacionamento. De dentro do carro pude ver um pouco da encantadora Verona enquanto Regina dirigia e nos fazia perguntas sobre a viagem ou falava um pouco sobre cada lugar que passávamos. 

Uma hora depois entramos em uma estrade de terra, cercada por árvores de lado a lado. O carro parou em frente a uma das casas mais lindas que já havia visto. Era toda em pedra e madeira, com heras subindo pelas paredes e jardineiras nas janelas. Se eu tivesse visitado aquele lugar na infância, brincaria de princesa ali. Parecia um lugar encantado. A cada passo que dava em direção ao interior, mais deslumbrada eu ficava. Regina deve ter percebido isso pois apertou minha mão e surrusou compreensiva um "Eu sei, eu sei".Chegamos a um grande pátio aberto onde várias pessoas estavam reunidas e falavam muito alto. No instante em que descemos os degraus que davam acesso ao pátio com chão de pedra cerca de vinte cabeças se viraram em nossa direção. 

Anima- Sopro de vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora