3º Conto - 13 praias

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Angélica era uma garota alto astral, cheia de vida e aventureira. Filha de pais médicos sempre teve uma vida confortável. Estudou nos melhores colégios e teve os melhores brinquedos. Ela sempre foi uma boa aluna e também foi a mais popular no colégio. Ela foi conhecida na epóca de escola por ter as melhores festas de aniversário. E também ela teve os melhores namorados, ou pelo menos os mais bonitos da cidade. Angie como os amigos mais próximos e também a família a chamava era radical, praticava diversos tipos de esportes.

Ela era uma moça linda, morena, olhos azuis, charmosa. Ela formou-se no melhor colégio de São Paulo, prestou vestibular para Jornalismo e passou entre os melhores. Ela era estágiaria no jornal Folha de São Paulo, quando estava em seu décimo mês de estágio conseguiu uma coluna no jornal para poder escrever sobre aventuras esportivas. Como foi algo que ela sempre fez na sua vida, viajar para diversos lugares. Angie começou a escrever sobre as 13 melhores praias do Brasil que ela já havia visitado.

Certo dia, ela já havia escrito sobre as 12 melhores, então ela estava indecisa sobre qual seria a praia de posição décima terceira. As férias da faculdade iriam começar na próxima semana e ela queria aproveitar para unir o útil ao agradável, escrever sobre a praia e curtir suas férias.

Faltando dois dias para o início das férias e se aproximando do Natal, ela escolheu a praia Genipabu, uma praia que fica em Natal/Rio Grande do norte. Ela imediatamente fez suas malas e partiu rumo ao seu paraíso tropical. Angie ficou hospedada em uma casa de veraneio próximo a orla, da janela de seu quarto ela podia observar o mar azul lindo, as palmeiras, a areia, horizonte. O lugar era tão lindo que parecia ter saído de um filme romântico daqueles amores de verão. A garota aproveitou para conhecer o lugar, visitar dunas, passear de dromedários e também bugue. Conversando com a população local ela descobriu que a praia é conhecida por causa de seus ventos fortes que movem as dunas em uma eterna dança da natureza. Angie estava encantada.

Mais tarde naquele mesmo dia, a garota foi participar de luau que estava ocorrendo na praia, o Luau Amor Intenso, um nome bem sugestivo, ela pensou quando viu o cartaz numa lojinha de souvenir mais cedo. A noite estava linda, a lua branca como a neve, as ondas estavam calmas, os passáros cantavam. Angie dirigiu até uma mesa e serviu-se de uma bebida tropical, uma mistura de vodka com suco de laranja e sentou-se na areia para admirar o mar.

— Hey! Garota.

Ela ouviu um rapaz dizer enquanto tomava um gole da bebida. O rapaz era lindo, alto, loiro, estava sem camiseta e usava apenas uma bermuda florida.

— Olá! Posso te ajudar?

— Claro, poderia me dar uma informação? Sabe como posso chegar a Pousada Maeda?

— Sim, claro. Qual é o seu nome? — ela perguntou interessada.

— Mil desculpas, que falta de educação a minha. Chamo-me Victor Hans — respondeu o rapaz de forma galanteadora.

Após Angie apontar para o rapaz a direção da Pousada, ele seguiu para lá e ela ficou um tempo mais no luau. Meia hora depois ela foi abordada de novo por Victor, ele havia retornado para o Luau.

— Olá de novo! Desculpa-me, não perguntei o seu nome.

— Eu sou Angélica Cavalcanti, sou jornalista. E você?

— Eu sou advogado, estou de férias no Brasil — ele respondeu sorrindo para ela.

Angie ficou totalmente encantada pelo rapaz, eles conversaram por horas durante a noite quente de verão naquele paraíso, beberam muito. Eles estavam deitados na areia um pouco afastados do luau, quando Victor olhou para a garota e colocou as mãos em seu rosto e roubou-lhe um beijo. Angie sem reação ao ato do rapaz, apenas retribuiu o beijo. Eles tiveram uma atração tão forte em primeiro instante como se fosse um amor à primeira vista. Eles acabaram transando ali mesmo na praia com a luz da lua sobre eles e dormiram.

Era de manhã, o sol já radiava trinta graus lá fora e Angie acordou em uma caverna escura com pouca luz e totalmente úmida.

— Deus, onde estou? — exclamou baixinho.

Ela conseguia ouvir barulhos dentro da caverna, não sabia ao certo do que se tratavam, parecia com passos humanos ou passos de animais. Sua visão estava meio turva ainda, ela estava um pouco confusa e com uma forte dor de cabeça. Ela colocou a mão em sua barriga e sentiu algo molhado, esfregou os dedos entre si e levou até o nariz cheirando-os e olhando-os com a pouca luminosidade do local.

Meu Deus, não pode ser. É sangue, ela pensou. Olhou ao seu redor, mas não conseguia ver muita coisa. Tateou o chão, percebendo algumas pedras e o barulho no fundo da caverna ficava mais forte e mais forte. Olhou para o horizonte semicerrando seus olhos para tentar enxergar melhor a situação. Ela viu uma sombra, vindo em sua direção. Porém com a forte dor que estava sentindo em sua barriga e a dor de cabeça forte como se tivesse sofrido uma pancada, ela desmaiou. E Victor havia sumido.

Ela acordou novamente agora em um quarto de hotel, em cima de uma cama de casal, cheirando a mofo. Sua visão ainda estava meio embaçada, ela não sabia exatamente o que estava acontecendo. Colocou a mão em sua barriga para certificar de que o sangue que havia sentido mais cedo na caverna não se passava de um pesadelo. Realmente não era um pesadelo, ela estava com um corte em sua barriga e sentiu outro corte em seu corpo próximo a região da bunda, em cima do seu rim.

Jesus, o que está acontecendo?, ela pensou desesperada, olhando para todo ambiente, até que ouviu um barulho no trinco da porta. E ela abriu.

— Bom dia, bela adormecida — disse uma voz rouca.

— Q-quê — gaguejou ela.

— Tudo bem com você princesa? — o rapaz falou cinicamente

— Victor, quê, como assim? Ajuda-me! — ela suplicou.

— Não posso minha cara! Você é minha prisioneira — Victor debochou.

— Pare! Isso não tem graça nenhuma, estou sangrando, preciso que você chame uma ambulância — Angie estava desesperada ajoelhada na cama.

— Até parece mesmo que eu farei isso, você é preciosa.

— Esse não é um bom momento para romantismo, Victor.

— Mas, eu não estou sendo romântico! Você é o meu passaporte, quando digo que você é muito preciosa. Refiro-me a estar em perfeita saúde física, assim posso roubar todos os seus orgãos.

— Q-quê.

— Isso mesmo! Eu sou um traficante de orgãos, todo ano nessa epóca viajo para o Brasil em busca de jovens belas como você para adquirir umas preciosidades — ele disse, fazendo aspas com as mãos.

— Agora está na hora de dormir de novo — ele partiu para cima dela aplicando-lhe um sedativo.

Angélica Cavalcanti dormiu lentamente o sono dos anjos e nunca mais acordou. Ninguém nunca mais teve notícias dela ou do que realmente aconteceu naquele verão.

Notas do autor:
Conto inspirado na música 13 beaches - Lana Del Rey

Ecos da Mente - Coletânea de contos. Onde histórias criam vida. Descubra agora