Capítulo 5

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CAPÍTULO 5 — CECÍLIA

Tudo é novo, me fascina e assusta ao mesmo tempo. Até algumas horas atrás o meu mundo era completamente diferente desse.

Luxúria, se a minha sogra estivesse viva diria que estou pecando, que esse lugar não é lugar para uma boa esposa.

O que adiantou seguir à risca tudo o que ela disse se no fim Humberto me traiu e tem um filho com outra mulher? Se eu não sou uma boa esposa ele também não é um bom marido. Foi se o tempo que a mulher tinha que aceitar as traições do marido. Eu não aceito. É até contraditório dizer isso, aceitei tantas coisas calada por querer ser a esposa ideal, hoje vejo que os ensinamentos de mamãe e depois pela minha sogra não eram tão corretos assim.

Marta tentava me alertar, mas como eu queria agradar a minha sogra e o meu marido nunca dei muito ouvidos. Não estudei, não sai, ficava todo o meu tempo em casa. Talvez fosse esse o meu problema: ficar trancafiada dentro de casa e não fazer parte do mundo que estava a minha volta.

Passei tanta fome com a perda dos meus pais, que a vida que estava levando ao lado de Humberto era um sonho. Sempre fui grata por ele cuidar de mim, acho que nunca o amei, apenas quis ter um porto seguro, alguém que cuidasse de mim. Ele fazia isso do jeito dele.

Talvez depois de ver com os meus próprios olhos o mundo de ilusão e romantismo criado por mim em minha cabeça se desfez.

— Como foi seu tour pelo clube? — Maria pergunta me fazendo voltar à realidade.

— Foi cheio de emoções, coisas que eu nunca tinha visto antes. Pensei que não existisse um lugar assim.

— Conheceu todos os ambientes?

— Não, o seu amigo disse que eram muitas informações para o mesmo dia. Conheci o corredor, a caixa, o aquário e aqui onde estamos agora.

— Conheceu quase todos. Falta o tatame e a sala de massagem. O que você achou de tudo isso?

— Não sei! É tanta coisa, não sei nem o que pensar direito.

— Então não pense, antes de passar por aquela porta mais cedo, disse para você abrir a sua cabeça, esquecer os seus pudores, deixar o seu corpo falar, deixar o seu desejo aflorar. Você fez isso?

— Fiz. Maria...

— Aqui dentro sou Escarlate. Por favor, não me chame pelo meu nome. Você também pode escolher um, caso não queira que ninguém saiba o seu nome real. A maioria dos frequentadores faz isso.

— Ruby, esse foi o nome que escolhi, é muito feio?

— Não, é lindo, assim como você.

— Tem certeza? — pergunto insegura.

— Você não gostou do nome escolhido?

— Gostei, mas sei lá...

— Se você gostou é o que importa. Ruby esse é o seu nome. Você precisa começar a confiar mais em si mesma.

— É difícil ter essa confiança se você acaba de descobrir que o seu marido tem outra família e você é apenas a esposa troféu.

— Você pode ficar se lamentando ou levantar a cabeça e seguir em frente. Olhe a sua volta, pense nas oportunidades e infinidades de coisas que tem para conhecer, para provar.

— Falando assim parece ser tão fácil.

— Fácil não é, nada na vida é fácil, se você quer uma coisa você tem que correr atrás.

DESCOBERTA DO PRAZER - Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora