CAPÍTULO 8 — CECÍLIA
Desde que fui para o clube pela primeira vez anseio voltar. Não porque me separei de Humberto ou por simples curiosidade. Tenho desejo. Quero fazer parte desse mundo, não sei explicar o motivo, mas eu quero. Quero estar lá, quero sentir. Por mais que sei que tudo é errado, que é pecado, algo me chama, algo me intriga.
Esses dias que se passaram comprei uma máscara de renda preta, no centro da mascara fiz o aplique de uma pedra de Ruby. Esse será o meu nome. Essa joia que esteve presente na minha desilusão estará presente nesse momento de luxúria.
Cada passo do meu recomeço foi pensado ao meu retorno a casa. Na minha primeira vez me assustei, achei tudo errado, confesso que ainda acho. Não é algo da minha realidade, talvez seja esse o motivo por tanta estranheza ou tanto desejo e curiosidade. Mas tem uma coisa que me chama, que me faz querer voltar. Como fosse um imã me atraindo.
Agora chegou a hora da minha volta, quero e vou fazer parte desse mundo e para isso vou deixar os meus medos do lado de fora. Fui a esposa perfeita a vida inteira e isso não foi o suficiente para ter o respeito de um homem. Agora não quero ser a esposa perfeita, quero apenas ser mulher e dona das minhas vontades e desejos.
O dia passa lentamente. À noite começo a me arrumar, escolho um vestido vermelho que deixa evidente as minhas curvas, na maquiagem faço olho bem marcado e delineado, batom vermelho semelhante à cor do vestido, o meu cabelo deixo solto e faço alguns cachos nas pontas.
Por volta das oito escuto o carro buzinando. Sei que é Maria, ela disse que viria me buscar.
— Como estou? — pergunto para Marta.
— Deslumbrante — responde sorrindo.
— Obrigada Marta.
— Agora se apresse menina Cecília, não deixe Maria te esperando. Se divirta e cuidado com a bebida.
— Não se preocupe Marta. — A abraço e beijo o seu rosto — Vá descansar, irei chegar tarde — aviso e saio de casa.
Caminho até o carro de Maria, entro e me ajeito no banco.
— Pronta?
— Estou.
— Tome. — Marta me passa um tablet.
— O que é isso?
— Um tablet.
— Eu sei que é um tablete. — Reviro os olhos. — Mas para quê?
— Liga ele, vai na galeria e abra o vídeo.
Faço o que pede e vejo um vídeo com quatro pessoas transando ao mesmo tempo, duas mulheres com dois homens.
— Ai meu Deus, mas isso é...
— Um filme pornô, assiste durante o trajeto. Isso que você vai ver hoje, não pense que lá você vai encontrar um príncipe encantado. Esse tablet é seu, têm vários vídeos e algumas técnicas.
— Mas por quê? — indago confusa.
— Cecília, você não fala, mas o seu olhar diz que quer fazer parte desse mundo. Mas para isso precisa conhecer o seu corpo, talvez ache que agora não é hora, mas você já perdeu muito tempo. Assista a esses vídeos no seu quarto, se toque, descubra qual parte do seu corpo que você sente mais prazer, assim você pode conduzir o seu parceiro para melhor te satisfazer.
— Isso é errado.
— Errado é você abrir as suas pernas sem querer, errado é o homem possuir o seu corpo sem o seu consentimento, errado é você transar e não sentir nada. Essa violação é errada.
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DESCOBERTA DO PRAZER - Degustação
RomanceSinopse Ela foi criada para ser uma "boa" dona de casa, para cuidar do marido e filhos. Cresceu com os ensinamentos que a mãe lhe passou, o sexo sempre foi um tabu. Visto como algo proibido. Errado. Perdeu seus pais ainda na adolescência, mas nunc...