Capítulo 9

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CAPÍTULO 9— CECÍLIA

Quando todos a minha volta se divertem eu apenas observo, Escarlate mais uma vez estava certa. Deu-me o espaço para que tire as minhas próprias conclusões sobre tudo o que está a minha volta, sobre o que esta acontecendo em minha vida. A sua atitude mostra o quanto se preocupa comigo, em me fazer pensar e agir por mim mesma. Nunca agi por conta própria, isso é fato.

A principal conclusão que tive é que fui manipulada e moldada a minha vida toda, primeiros pelos meus pais, depois por Humberto e sua mãe, até mesmo por Marta, pois só fui capaz de descobrir a farsa que era o meu casamento por manipulação dela. Sei que fez para meu bem, mas fui manipulada da mesma forma.

Não quero ser mais o bibelô nas mãos das pessoas, quero tirar as minhas próprias conclusões, tomar atitudes por conta própria. Não sou mais uma criança com medo de ser repreendida pelos pais, ou como há pouco tempo que era repreendida pelo marido. Sou uma mulher adulta, passou da hora de ditar as minhas próprias regras. Passou da hora de começar a viver, de me descobrir profissionalmente e principalmente como mulher. Já dei o primeiro passo para isso e acho que estou seguindo o caminho certo. Se eu errar, levantarei a minha cabeça e continuarei até acertar. Ainda tenho tempo, perdi alguns anos vivendo uma mentira, mas o recomeço nunca é tarde. Basta querer e eu quero.

— Posso te fazer companhia? — Uma voz rouca em meu ouvido me desperta dos meus pensamentos.

— Eros!

— Pelo visto ainda lembra-se de mim — diz se sentando e fazendo um gesto para o garçom lhe trazer uma bebida.

— Reconheci pela sua voz.

— Como se sente?

— Um pouco perdida. Fora a Escarlate, você é a única pessoa que eu conheço aqui dentro.

— Logo irá conhecer várias pessoas, caso queira continuar frequentando esse lugar, é claro.

— Pretendo continuar.

— Então gostou da casa.

— Não posso afirmar que gostei, mas tive vontade de voltar e aqui estou eu de novo.

— Depois de hoje, pretende voltar?

— Prefiro não fazer planos. O importante é que estou aqui hoje, amanhã é outro dia.

— Está certa, então vamos falar do hoje. O que está achando?

— Estou mais encantada do que a primeira vez, algumas coisas me passaram despercebidas. Posso dizer que hoje estou vendo tudo com outros olhos.

— Nunca tinha frequentado uma casa assim?

— Hoje é a minha segunda vez.

— Então você merece outro passeio pela casa. Aceita a minha companhia? — Se levanta e estende a mão.

— Aceito. — Pego a sua mão e me levanto.

Sinto a sua mão em minha cintura me conduzindo até o labirinto, mal entramos e já escuto os gemidos das pessoas no corredor. Em alguns pontos onde a luz alcança consigo ver pessoas transando sem se preocupar com quem está próximo.

— Esses ambientes eu já te apresentei na vez passada. Tinha quase certeza que era a sua primeira vez em uma casa de swing, os seus olhos brilhavam quando eu mostrava cada ambiente.

— Agi como uma boba — digo baixando a cabeça.

— Ei! — Coloca o seu dedo indicador em meu queixo me fazendo olhá-lo. — Pelo contrário, foi muito corajosa. Esse mundo não é para qualquer pessoa, mas conheço esse olhar e posso te assegurar que você é ideal para esse mundo.

DESCOBERTA DO PRAZER - Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora