Capítulo 2

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— Já pode me soltar senhorita. — Ouvi sua risada. Eu estava grudada nele, apertando sua jaqueta e totalmente traumatizada. Se minha mãe sonha que andei nessa coisa ela corta meu cartão de crédito. O cretino não para de rir e eu finalmente o soltei. Se bem que apertar aqueles músculos não estava tão mal assim. Ai Bia, para com isso.
Desci da moto em silêncio e o segui. Nem a corrida despenteou o cabelo engomadinho dele. Entrei na delegacia e para variar não havia ninguém.
Ele me guiou até uma mesa onde vi uma plaquinha que dizia Oficial Ferraço. Chateada, me sentei na cadeira e suspirei quando vi ele escrevendo uns papéis. Merda. Nicolas vai querer comer o meu fígado, mas não antes de eu mata-lo na primeira oportunidade. Não acredito que vou ser fichada, olhei de cara feia para o tal do Ferraço.
— Ei Terraço, vou fazer uma ligação ok? — Ele levantou lentamente a cabeça e me encarou.
—Não vai não. — Como é? É meu direito. Não estou nem aí para esse neandertal. Peguei meu celular e disquei o número do Nick, sorrindo para o Terraço. O problema é que não deu nem tempo de a chamada iniciar que ele havia dado a volta na mesa e tomado meu celular.
— Pelo amor de Deus, preciso saber se nasceu. —Fiz um beicinho tentando parecer pidona e triste e parece ter surtido efeito. Vi sua expressão suavizar um pouco e ele me entregou o celular. Mas antes de eu pegar ele o puxou de volta.
— Vou fazer uma exceção porque é uma ocasião especial, não se acostume. Não precisa telefonar, chame um táxi e vá até lá, mas seu carro continua aqui até apresentar o documento.
— Eu deveria agradecer esse gesto caridoso? — Vi sua sobrancelha arquear. — Digo, obrigada por isso Terraço.
Peguei minha multa, bolsa e celular e corri daquele lugar o mais rápido que pude, chamando um táxi imediatamente. Fiquei quase vinte minutos sentada na escadaria daquela maldita delegacia. Uma chuva fina começou a cair, aumentando gradativamente de volume, e em questão de minutos se tornou uma chuva torrencial.
— Eu só posso ter grudado chiclete na cruz, não é possível. — Exclamei chateada. Peguei meu celular para checar as horas. Quase duas da manhã. Por que esse maldito tinha que me arrastar para esse fim de mundo? Quando pensei que tudo estava perdido finalmente avistei o meu transporte. Levantei cuidadosamente para não escorregar na escadaria, que estava lisa devido a chuva que ainda não cessou.
Sorri triunfante e ajeitei minha bolsa em meu ombro andando ao encontro do meu táxi. O problema é que por algum motivo ele não me viu, porque passou direto, espirrando toda água e lama que se formaram na beirada do asfalto em mim, deixando meu cabelo e vestido imundos. Tirei a lama dos meus olhos com os dedos, horrorizada em como minha noite estava sendo uma merda completa. Vi que o maldito taxista havia parado um pouco adiante em um ponto de táxi que eu desconhecia. Andei furiosa até o carro e entrei sem falar uma palavra, apenas ajeitando meu cabelo coberto de lama. O taxista olhou discretamente pelo retrovisor e pude ver que reprimia o riso.
— Para onde senhorita?
— Hospital Memorial Anderson, e sem perguntas.

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Continua...

PS: Bianca no multimídia 😍😍

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