Capítulo 4

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    Devidamente limpa e perfumada me senti renovada, já eram cinco horas da manhã e espero já poder dizer que sou titia oficialmente.
Já no hospital, passei pela recepcionista que não deixou de me encarar, mas eu nem dei trela, o que é dela está guardado. Subi direto para o andar em que meu irmão estava e não demorei até encontrá-lo. Avistei os pais da Kate conversando animadamente com os meus que eu nem sabia que já estavam aqui, e Nicolas ao lado de Theo.
— E aí, nasceu? — Peguei todos de surpresa e pela cara de pateta do meu irmão eu já sabia a resposta.
— A Diana nasceu maninha. — Espera, Diana? É menina? Não acredito que ela vai a minha sucessora na alta sociedade! Corri para abraçar o Nick, o parabenizando.
— Tia, eu tenho uma irmãzinha. — Meu sobrinho favorito me olhou com os olhos brilhando, claro que é meu único sobrinho, mas não faz diferença.
— Theozito, vamos ganhar uma companheira de aventuras.
— A gente podia levar ela naquele parque que a gente foi mês passado, lembra? — Fechei os olhos. Merda.
— Que parque é esse que você levou meu filho Bianca? — Olhei para o Theo que me olhava pedindo desculpas.
— Ai Nicolas, não foi nada demais, deixa de drama e me diz, quando podemos vê-la? Tomara que ela tenha puxado a mãe.
— Não perde uma não é dona Bianca? Logo o médico vai nos levar até elas, estão transferindo a Kate para o quarto.
Nem acredito que o dia estava começando bem afinal, depois de uma noite desastrosa.
O médico não demorou a aparecer e eu o segui junto de Nick. A Kate ainda dormia. Devia estar exausta, afinal, o parto foi cansativo. Mas logo a enfermeira trouxe a Diana, linda que só, com alguma cara de joelho, é verdade, que pode ser mais conhecida como cara do meu irmão. Mas se Deus quiser ela vai se parecer logo com a Kate. Ela estava quietinha e parecia dormir tranquilamente. Nick a pegou nos braços e vi que ele estava realmente emocionado. Depois de ninar um pouco a bebê ele a entregou a mim, que peguei ela toda feliz.
— Ei, Diana, nós vamos aprontar muito viu? Vamos para o shopping, para a praia, e principalmente aos lugares que seus pais não deixarem, pode deixar que eu te levo. Eu vou ser a tia legal. — Sorri para ela.
— Ok Bianca, minha filha mal nasceu e já está querendo levá-la para o mau caminho? Volta para o papai. — Ele disse em tom de brincadeira e a encarava encantado.
— Eu sei que seu pai é um cabeça dura Di, e sei que você vai descobrir isso em breve, mas sempre pode procurar a tia B. — Entreguei ela para o Nick que me olhava de cara feia.
Ok, conheci minha sobrinha, agora acho que posso ir dormir, estou quase dormindo em pé de sono. Mas antes tenho que buscar meu carro.
— Nick, cadê o documento do meu carro? — O questionei e ele desviou o olhar de Diana e me encarou.
— A última vez que eu vi tinha caído debaixo do banco do carro, mas eu estava com preguiça de pegar e acabei esquecendo.
Sério, se eu não estivesse olhando para o rosto inocente da minha sobrinha eu teria quebrado a cara do Nicolas. Eu não creio que tudo me aconteceu por causa da maldita preguiça dele. Respirei fundo uma, duas, três vezes, controlando a minha raiva. Ah, mas essa ele me paga, e com juros.
Desci os andares de escada mesmo, já que o elevador estava ocupado e saí direto na desnecessária da recepcionista. Ela estava toda derretida conversando com um senhor de costas para mim. Cheguei perto deles.
— Bom dia, obrigada pelo atendimento Cinthia. — Falei pausadamente o nome dela que virou para mim como se tivesse visto um fantasma.
— Oi querida. — Falou toda sem graça. O senhor se virou e eu nem acreditei.
— Tio Carlos? Não acredito, o senhor por aqui? — Agora eu estou oficialmente chocada.
— Bianca, querida! - Ele veio me abraçar. — O que faz aqui?
— Eu que pergunto! — Sorri. — Nicolas teve seu segundo filho, uma menina. — Sorri ainda mais e quase tive um ataque de riso quando vi a cara da recepcionista olhando nossa interação.
— Nicolas está aqui? Tendo sua filha? Como eu não sei disso? — Ele fez uma expressão hilária típica da família Albuquerque. — Se eu soubesse teria providenciado o melhor para vocês. Sou o diretor do hospital. — Meu sorriso não saia do meu rosto.
— Que coincidência tio, estou adorando o lugar! — Olhei para Cinthia. — Querida, será que você pode pegar um café pra gente? — Arqueei uma sobrancelha.
— Tem uma máquina lá no corredor. — Ela olhou de mim para o tio Carlos.
— Está esperando o que Cinthia? Vai lá pegar. — A cara dela foi impagável, mas meu tio nem notou.
— O meu com duas pedras de açúcar e creme por favor. — Falei e ela saiu bufando. Enquanto isso eu contei do meu internato para ele, de como estava adorando e tudo mais. Nisso, ela logo voltou com os cafés. O meu eu já percebi de longe que ela esqueceu do creme, e com certeza fez de propósito. Ela veio me entregar sorrindo, o que levantou uma dúvida, será que ela colocou veneno aí dentro? Cobra já é.
Peguei lentamente e fingi estar quente, jogando o copo pro alto e derrubando exatamente na cabeça dela, que deu um grito surpreso e abriu a boca não acreditando.
— Sua..Sua.. — Ela começou a falar algo, mas meu tio começou a rir, me contagiando.
—Sinto muito querida. — Falei ainda rindo enquanto ela se sacudida e bufava.
— Cinthia, seu cabelo estava cheio de gel mesmo, foi até bom que desmanchou o penteado. Você deveria soltar esse cabelo. — Meu tio era realmente um Albuquerque, não escondia nada de ninguém, e isso me fez explodir em risadas. Ela pegou sua bolsa do balcão e saiu andando e gritando.
— EU ME DEMITO! VOCES SÃO TODOS LOUCOS! — Meu tio me olhou sério e logo voltou a rir.
— Parece que nosso jeito suave me fez perder uma funcionária.
— Ela é quem perdeu tio, somos incríveis. — Sorri cúmplice.
Depois de muito papo, ele foi chamado para supervisionar uma cirurgia cardíaca e eu saí daquele hospital obstinada a pegar meu carro. O dia já tinha amanhecido e eu teria que pegar outro táxi. EU NÃO AGUENTO MAIS PEGAR TAXI. Dessa vez eu estava vestida adequadamente. Usava uma saia preta justa que ia até dois dedos acima do joelho, com uma blusa branca manga curta.
Cheguei naquele pandemônio e entrei confiante.
— Bom dia, o oficial Terraço por favor, digo Ferraço. — Sorri para a mulher da recepção.
— Ele deve chegar a qualquer momento, se quiser pode esperar na sala dele. — Simpática a mulher, gostei dela. Me levou até a sala do ogro e eu me sentei. Fiquei observando os quadros na parede, todos sem a menor ordem, e a bagunça daquela mesa. Até o crime é organizado, mas a bendita de uma sala da polícia não, vai entender.
— A que devo a honra Senhorita? — Dei um pulo da cadeira.

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Nota da autora: A B só se ferra né gente? Será que essa maré de azar vai mudar?

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