Capítulo 15

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    Observei Jake entrar armado e algemar uma loira. Será que ele tem fetiche em algemar garotas e levar elas nessa coisa que ele chama de moto? É um canalha! Virei para minha amiga.
— Tem uma faca aí na sua bolsa? — Ela me olhou como se eu fosse louca.
— Por que que eu teria uma faca comigo?
— E uma tesoura? — Insisti.
— Pra que você quer uma tesoura Bianca? Me explica isso. — Suspirei.
— Aquele. — Apontei para Jake que ainda não tinha saído da loja e falava ao celular. — É o cretino que dormiu comigo, e está repetindo o processo com aquela vaca loira, ele me paga.
— Eu tenho uma tesourinha de unha. — Ela mexeu em sua bolsa e me entregou. Sorri.
— Amiga, quando eu disser já, a gente corre ok?
— O que? Por que? — Sua cara era hilária.
— Acabamos de cometer um crime. — Disse enquanto furei o pneu dianteiro da moto do cretino.
Puxei minha amiga e corri até um beco me encostando na parede, porque avistei Jake vindo e trazendo a garota. Ele parou em frente ao prédio e esperou. Será que ele viu o que eu fiz? Impossível. Não deu dois minutos observei uma viatura estacionar e ele colocar a garota no carro me fazendo olhar para minha amiga.
— Que merda você fez Bianca? — Ela sussurrou desesperada.
Continuei olhando e ele agora vinha para moto dele. Sozinho. M-E-R-D-A. Ele subiu na moto sem notar nada, até que o pneu foi cedendo e o ar foi escapando o deixando no chão. Ele desceu e ficou olhando o pneu tentando entender o que tinha acontecido. Ele estava calmo, ainda bem. O problema foi quando ele olhou bem e percebeu o corte. Quando ele começou a perguntar pela rua se alguém tinha visto algo, Melanie e eu tentamos sair de fininho mas antes de atravessar a rua ouvi um grito.
— BIANCA! — Fechei os olhos me preparando. Me virei com a minha amiga chamando todos os santos do meu lado. Jake estava com um senhor ao lado que apontava para mim. Dedo duro. Me aproximei tentando parecer a menos culpada possível.
— Jake! Você por aqui? — Sorri sem mostrar os dentes tentando manter a tranquilidade.
— Direto ao ponto Bianca, porque fez isso? — Apontou para o pneu. Poxa, não imaginava que uma tesourinha de unha pudesse fazer tanto estrago.
— Fiz o que? — Fiz a cara mais cínica que eu consegui.
— Nem adianta negar Bianca, tenho testemunhas. Aliás, se eu ver as imagens das câmeras de segurança, tenho certeza do que vou encontrar — Me encarou. Ele ficava ainda mais lindo bravo.
— Como é? Que calúnia! Agora eu não posso estar no mesmo quarteirão que já sai me acusando. — Tentei parecer indignada. — Primeiro, me leva por delegacia por nada, e agora isso?
— Eu posso prender as duas. — Apontou pra Melanie e eu. — Mas, posso deixar passar se me contar o porquê disso, afinal, foi você que me chutou aquele dia. — Se encostou na moto de braços cruzados, parecendo não estar mais com tanta raiva.
— Eu posso ter chutado uma pedra e ela bateu no pneu, mas não fiz de propósito.
— Ok, te dou trinta segundos para me contar a verdade, ou as duas vão presas. — Ele ficou olhando para o relógio de pulso e Melanie me encarou em desespero. Eu olhei para ela pedindo calma, ele estava blefando.
— 10 segundos. — Sério isso? Não tenho a menor ideia do que inventar.
— Cinco, quatro. — Ele pegou dois pares de algemas. — Três, dois... — Porem foi cortado.
— Ela estava com ciúmes. — Melanie soltou antes dele terminar de contar e eu a encarei totalmente chocada. Ela até fechou os olhos, já que falou tudo rapidamente.
— Como é? — Senti o indício de uma risada em sua voz.
— Melanie, cala essa boca. — Olhei para ele emburrada. — Você pediu o motivo, conseguiu. Será que agora podemos ir? — Eu já estava impaciente.
— Agora que ficou interessante? Melanie, não é? — Olhou para minha amiga que acenou com a cabeça. — Será que você pode me ajudar? Ela não consegue admitir que é perdidamente apaixonada por mim, não é gata? — Olhou para mim que bufei virando o rosto. — Você podia dar um empurrãozinho e me contar.
— Melanie, você é minha amiga, não desse cretino. Não lhe dê ouvidos. — Olhei para minha amiga.
— Mas B, eu nunca te vi fazer uma loucura dessas! — Olhou para o cretino. — Olha, eu concordo com você viu? Ela ficou com ciúmes quando te viu prendendo aquela loira. — Olhei boquiaberta para minha amiga. Que tipo de amiga sai contando as coisas desse jeito? Ouvi uma gargalhada que parecia que alguém tinha acabado de contar a piada mais engraçada do mundo. O idiota não conseguia parar de rir feito uma hiena.
— Aquela ladra? — Ele limpava as lágrimas que saíram pelo tanto que riu. — Meu amor, se você tem fetiche por algemas eu posso levá-las para o quarto.
— Muito engraçado Terraço.
— Você bem que podia acompanhar a B ao jantar beneficente no sábado, ela precisa de um acompanhante, não é Bianca? — Eu realmente fiquei tentada a destampar o bueiro que havia no lado e me jogar lá dentro para ninguém ver quantos tons de vermelho meu rosto ficou.
— É mesmo? E ela não ia me pedir? — Ergueu uma sobrancelha sorrindo. Desgraçado.
— Claro que não, eu tenho dignidade. — Virei a cara emburrada.
— Pois saiba que eu vou nesse jantar gata! — Ele fez uma pausa. — Se você pedir com jeitinho. — Sorriu.
— Ótimo! — Melanie bateu palmas. — Agora anda, pede logo Bianca. — Melanie me encarava. Mas eu não estava com a menor vontade de me humilhar. Continuei de braços cruzados.
— Eu não vou apresentar esse policialzinho aí como meu namorado para minha família toda Melanie! — Ele só observava e sorria nos encarando.
— Espera aí? Vou ter que bancar o namorado ainda? Acabe logo com isso e me pede direito. — Ele sorriu de lado e chegou perto de mim. Fiquei um tempo refletindo e pensando na vergonha que seria ir sozinha a esse jantar, ou até mesmo não ir. Tia Cris espalhou a Deus e o mundo que eu iria acompanhada.
— Por favor... — Sussurrei com os dentes cerrados. Ele se aproximou ainda mais, colocando uma mão na orelha direita.
— Como? Não escutei. — Cretino. Ouvi Melanie rindo baixo.
— É surdo agora? Por favor! — Falei alto. Ele só sabia sorrir.
— Por favor Jake. — Só pode ser brincadeira.
— Por favor Jake — Sorri com desgosto. Cretinake, isso sim. — Agora chega desse showzinho.
— Ok, eu vou, mas você vai me buscar. — Eu devo ter sido o diabo na outra vida para ter que suportar isso. Ele tirou uma caneta do bolso e puxou meu braço escrevendo seu endereço.
— Tão cavalheiro. — Disse ironicamente. Puxei meu braço todo riscado e nem parei para ler. — Tchauzinho Terraço. — Puxei Melanie e nem olhei para trás quando saí correndo para o conforto do meu carro.
— Eu devia era deixar você andar até em casa Melanie Clark. Vou comprar um filtro de presente de aniversário.
— Qual é B? Se eu não desse um empurrãozinho, você nunca iria chamá-lo. E ele é um gato.
— Claro que é, e um cretino também. Viu a humilhação que eu passei? Tudo por culpa sua.
— Para de drama que você está adorando essa situação​ que eu sei.
— Ah claro, eu amo me expor ao ridículo. — Mas meu tom de voz já não demonstrava vestígios de raiva. Olhei meu braço riscado e fiquei chocada.
"Avenida Lacerda, condomínio El dourado, apt. 507.
Vá de vermelho, beijos gata."
Cretino. O pior de tudo é que o vestido que eu separei é vermelho.    

*****

O orgulho da B foi ferido com sucesso né? 😂😂😂 Tadinha! Amanhã de manhã sai o próximo. 😘😘

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