Capítulo Bônus

220 24 16
                                    



O odor de suor masculino que antes abafava todo o teatro, parecia ter evaporado depois que o cheiro de sangue fresco impregnou no local. Um dos policiais preso a cadeira havia sido decapitado, enquanto seu companheiro, que estava sem todos os dedos e dentes, se debatia para se livrar dos arames que perfuravam e rasgavam sua pele morena. Sebastian estava prestes a enfiar um garfo quente em seu olho direito quando reforços chegaram no local arrombando a porta e se deparando com a cena chocante. Os agentes apontam suas armas e põe todos os detentos deitados no chão com as mãos na cabeça, mas Sebastian foi o único que permaneceu em pé e sorridente no palco.

- Pro chão, agora! – Um dos policiais insistiu para Sebastian.

- O show ainda não terminou, meus caros.

- Solte esse garfo e vai pro chão, último aviso!

Sebastian encara o homem por alguns instantes deixando o clima mais tenso do que já estava, até que ele finalmente se entrega jogando o garfo no chão e deitando logo em seguida. O policial fala pelo rádio e mais agentes chegam no local, levando todos os detentos, enquanto dois deles mais bem preparados e equipados vão até o palco, e levantam Sebastian segurando em seus dois braços.

- Você vai apodrecer aqui por isso, seu psicopata de merda. – Um dos homens sussurra sorridente.

- Com tanto que eu possa me divertir com seus dentes e um alicate, por mim tudo bem. – Sebastian responde em um tom sério encarando o homem que havia sussurrado para ele, e que logo retira o sorriso do rosto.

- Levem-no para a solitária e o deixem lá até a data do novo julgamento. – Um dos agentes fala barrando os três na porta do teatro, mas logo deixando eles passarem em seguida.

Sebastian estava na solitária a onde o haviam prendido, o lugar era apertado, mas conseguia esticar suas pernas se quisesse pelo menos. Uma pequena janela quadrada e com grades, era a única coisa presente no cômodo. Ele estava sentado e encostado na porta, olhando para cima em direção a janela, a claridade da lua iluminava seu rosto e um pouco das paredes de concreto ao seu redor.

- Foi numa noite assim que te perdi, Samanta...

Uma figura feminina e de pele clara se forma em sua frente, e ele a observa atento e com curiosidade. Quando o rosto finalmente se aproxima do dele, reconhece que era a sua querida e ruiva ajudante de palco. Ela estava com um véu branco cobrindo seu corpo, enquanto seu cabelo ruivo estava solto e se destacava de encontro com sua pele clara. Sebastian fica admirado enquanto a encarava sentado, ela se abaixa e senta em seu colo de frente para ele, segurando seu rosto com as duas mãos. Ele a toca nas coxas, e desliza suas mãos por debaixo do véu até a cintura de Samanta, que logo leva seus sábios rosados até a orelha de Sebastian para sussurrar algo.

- Sempre estarei com você, Mestre.

Ela volta a olhar o parceiro e beija seus lábios, mas quando Sebastian abre os olhos para encarar o rosto de Samanta novamente, ela havia sumido, como se nunca tivesse estado ali, tudo passou apenas de uma miragem. Ele sentia muita falta dela, tinha que admitir, mas não havia nada que poderia fazer pois ela estava morta, e ele preso.

Nunca teria a chance de deixar uma flor no tumulo de Samanta...

- Uma flor não, ela provavelmente voltaria do inferno só para me fazer engolir a flor que eu deixasse lá... – Sebastian ri de seus pensamentos. - ...deixaria o dedo de alguém, acho que ela gostaria disso. - Ele pensava consigo mesmo enquanto mofava na solitária.

Quando finalmente chegou o dia do seu julgamento, os mesmos homens bem armados vieram tirar Sebastian da solitária. Ele foi levado até uma van, preso por correntes nos punhos e nos calcanhares, e encaminhado até o tribunal que iria novamente decidir seu destino. Ao chegar e entrar na sala, conseguiu reconhecer alguns parceiros de cela, que provavelmente agiriam como testemunhas, o juiz logo acima em seu lugar de direito, o policial sobrevivente, ainda com machucados e curativos espalhados pelo corpo, e o advogado do mesmo logo ao lado, já Sebastian estava sozinho ali, somente para ser julgado e nada mais.

Show De HorroresOnde histórias criam vida. Descubra agora