➸dois

262 57 101
                                    

– Eu não acredito que Seungsik está de volta. – Hanse dizia lentamente do outro lado da linha. Sengwoo estava trancado no banheiro do quarto, quase como se tivesse visto um fantasma e tentasse se proteger dele.

Engasgou antes de responder Seungsik então simplesmente correu para o único lugar que estaria a salvo do olhar cheio de estrelas do garoto.

– Como isso aconteceu? – Sengwoo perguntou, mais para si mesmo do que para o outro.

– Bom, provavelmente os pais dele simplesmente quiseram voltar. Ou o garoto prodígio foi muito insistente e quis ver você de novo. – respondeu fazendo com que Seungwoo sentisse as bochechas corarem ao ouvir a segunda opção.

– Cala a boca. – murmurou se mexendo desconfortável. O piso frio começava a incomodar sua pele quase totalmente exposta. – Não lembra quando ele foi embora?

– Lembro que aquela garota que não gostava de você disse que beijou ele. E daí? Não significa que era verdade. – Seungwoo tinha certeza que o outro revirava os olhos. – Eu realmente quero te ajudar,Seungwoo, mas se for pra você ficar se lamentando, eu prefiro dormir. Nós temos aula amanhã, sabia?

– Eu sei, mas como eu...

– Finja que Seungsik é um bicho-papão e se esconda debaixo das cobertas até amanhã de manhã. – respondeu à pergunta incompleta. – Agora, eu realmente preciso dormir. Boa noite.

– Até amanhã. – murmurou antes da linha ficar muda.

Seungwoo encarou o azulejo por longos minutos, sua mente sendo preenchida por tardes doces de sua infância quando ainda corria pra lá e pra cá com uma versão mais fofa de Seungsik.

Sorriu para a parede antes de notar o que estava fazendo.

Ele não podia se deixar levar, sabia que não.

Levantou-se vagarosamente, olhando o relógio de seu celular marcando meia-noite e dezessete antes de desligar a luz do banheiro para que, por fim, pudesse seguir o conselho de Hanse e agir infantilmente, se protegendo debaixo das cobertas. Mas algo o impediu de ir até a cama e fugir de seu fantasma particular. Sentiu um papel esmagando sobre seu pé esquerdo assim que saiu do banheiro e o pegou sem pestanejar.

Era um pequeno avião. Como os que ele e o garoto da casa ao lado trocavam antes dele ir. Aquele simples pedaço de papel dobrado fez Sengwoo estremecer.

Algo dentro de si ainda tentava o convencer de que Seungsik era só uma alucinação linda demais para ser real. Mas aquilo provava que a voz estava errada.

Desfez as dobras do papel, a respiração descompassada por motivos que ele mesmo desconhecia. Iluminou o papel com a luz do celular, e as letras certinhas do outro pareciam perfeitas, fazendo-o praguejar. Tudo em Seungsik parecia perfeito e aquilo não deveria acontecer.

"Espero que não tenha se escondido porque não me reconheceu e acha que sou um louco."

Seungwoo riu baixinho antes de pegar uma das folhas de seu caderno e escrever com sua letra torta – ajudada pela luz fraca do celular – uma mensagem paraSeungsik.

"Eu nunca esqueceria você."

Dobrou, se aproximando da janela a uma distância segura, jogando o aviãozinho para dentro da escuridão do quarto alheio. Meio segundo depois uma mensagem caía aos seus pés. Se assustou pensando que Seungsik talvez o tivesse visto quase sem roupas pela segunda vez na noite, mas concluiu que ele esperava por uma mensagem qualquer para poder lhe enviar aquilo.

Pegou a mensagem do chão, correndo para a cama e abrindo-a vagarosamente debaixo das cobertas, e as palavras iluminadas pela luz do celular fizeram seu coração bater mais forte.

"Senti sua falta."







yo

quase esqueci que hoje era dia de att

desculpa kfkfkdkfk

nos vemos próxima sexta, se eu não me esquecer kkkdj

Pó de estrela ;; hsw+kssOnde histórias criam vida. Descubra agora