Me viro para ele e aperto o cabo da panela, mal acredito no que ele acabou de falar sobre Jade.
—eu estava de casamento marcado, minha noiva me largou e...
—é muito egoísta da sua parte não acha?—interrompo me irritando profundamente—Jade é sua filha.
—eu não queria uma filha.
Sinto que Andrew é daqueles tipos de cara que realmente não estão prontos para uma vida adulta, não sei se é porque ele é novo, mas nem tanto por isso, não pelo choque, mas porque talvez ele seja bem egoísta.
—o senhor não está se ouvindo.
—desculpe doutora mas você não sabe o que eu tenho passado por conta da Jade.
Sei que não posso julgar mas não resisto.
—é mesmo? Pois eu vou lhe dizer uma coisa senhor Johnson, um filho é algo no qual não se pode se arrepender, eu realmente não estou por dentro da sua vida e sei que fez planos, mas não deveria falar assim da sua filha.
—ela é uma praga.
Arregalo os olhos, sinto que Andrew está realmente frustrado, parece que ele encontrou alguém para despejar sua raiva e suas frustrações, ou seja, eu. Talvez eu seja a primeira pessoa com quem ele tem contato desde que Jade apareceu em sua vida.
—acho que o senhor está muito equivocado.
—eu não estou.
—está bem, o senhor não quer a Jade?
—não.
—tudo bem.
Isso realmente me revolta.
Me aproximo de Andrew e tomada por uma raiva intensa o seguro pelo braço, depois saio puxando ele pela casa pro rumo da porta, ele vem assim, percebendo a minha fúria mas não fala nada, abro a porta da sala e o empurro para a varanda, depois eu o encaro arfante, logicamente que empurrar um homem grande desses para fora é algo trabalhoso.
—eu cuido da Jade então, eu fico com ela, volta para sua vidinha egoísta de merda!
Andrew me fita cheio de uma espécie de dor.
—eu não posso deixa-la.
—mas você não a quer, que tipo de pai é você?
—eu não queria ser pai dela ok? A mãe dela me enganou, era uma drogada, Jade não deveria nem ter nascido, eu dei dinheiro para ela tirar a criança...
Não meço a dor dentro de mim em ouvir isso, e ao erguer a mão acerto uma bem servida na face dele, o estalo é alto, mais adiante a chuva cai impassível na praia, o som dos trovões não me assustam, nem o rosto do meu vizinho inflamado por um tipo de mágoa ou coisa assim.
—não venha mais na minha casa—digo sentindo a ponta dos dedos arderem por conta do tapa—eu fico com a Jade, eu posso adota-la.
Ele não fala nada, logo em seguida bato a porta na cara dele, fico sem ar enquanto me encosto na porta e as lágrimas vão caindo lentamente, a raiva dentro de mim se acumula com a dor e a revolta de ter ouvido ele falar algo assim de sua própria filha, Andrew tem uma filha, uma pequena benção, enquanto eu, não tenho nada.
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Quando Ele Se Foi (Livro I) - DEGUSTAÇÃO
Romance***SEM REVISÃO*** Livro I da Dulogia Quando Ele se Foi Kate Huston é uma excelente médica, uma mulher forte e decidida que mantém-se longe de tudo e de todos, a alguns anos viu sua vida destruída pela perda do seu filho, tudo o que ela quer é poder...