Quando Ele Se Foi (Livro I) - DEGUSTAÇÃO

O Melhor e o Pior

Me recordo dos olhos de Bob quando ela sorria para mim, é como se isso sempre se repetisse dentro de mim e a lembrança me fizesse sentir de novo, as mesmas sensações de quando ele me olhava. Alguém feliz e cheia de amor. Uma ponta de esperança no mundo, e a incrível semelhança que havia entre ele e seu pai. O homem que mais amei em toda a face da terra.

Paul.

Eu acho que por algum tempo na minha vida eu tive tudo, ou demais, não sei explicar, mas tudo estava comigo, minha família, a família de Paul, ele e nosso filho, feriados lotados de festas em família, quando Bob nasceu, minha ex sogra Brenda veio nos visitar e ficou por dias me ajudando com as atividades domésticas, ela chorou demais ao ver Bob na maternidade.

Eu e Paul éramos aprendizes na arte de sermos pais. Era a nossa primeira vez, e estávamos tão entusiasmados com o nascimento de nosso primeiro filho, Paul era um marido atencioso, carinhoso, o cara que qualquer mãe pediria a Deus para sua filha, honesto, íntegro, ele tinha as duas melhores coisas que eu poderia pedir a Deus que colocasse num homem: Alguém atencioso e paciente, Paul era um poço de paciência.

Mas ele também era muito bonito, do tipo de homem que por onde passava chamava atenção, olhos incríveis, um corpo enxuto e impecável, do tipo de cara que qualquer mulher faria de tudo para ter.

Tive muita sorte por alguns anos da minha vida...

—Kate!

Saio dos meus pensamentos, me viro para Andrew, ele se aproxima com cara de quem comeu e não gostou, olho para as panelas e continuo a fatiar os legumes, vou preparar uma sopa de jantar.

—você pode conversar comigo pelo ou menos? Não vai adiantar ficar me evitando nem ficar brava comigo.

—a gente só sente raiva de alguém quando nos importamos com a pessoa em questão, então não Andrew, eu não estou brava com você, só não aprovo as suas ações.

Mas pensei bastante essa tarde sobre tudo e cheguei a algumas conclusões.

—eu entendo realmente o seu lado, pensei muito em tudo hoje pela tarde, eu entendo que você não pode criar a Jade, suas condições de vida não lhe permitem cuidar dela, e eu estou disposta a cuidar dela para você, mas preciso que você entenda que isso não terá volta Andrew, que Jade irá crescer e você não poderá participar da vida dela.

—eu entendo e estou disposto a colaborar com você, não me sinto pronto para assumir essa responsabilidade.

Mas se sente pronto para assumir uma mulher... que interessante.

—eu não contava com isso as essas alturas da minha vida—Andrew olha para o rumo do sofá, onde Jade dorme sossegadamente, ela mamou a alguns minutos e dormiu—eu não sou do tipo de cara que poderia cuidar de uma criança sozinho.

—eu compreendo—digo e começo a fatiar uma cenoura—mas pretende ter filhos com a sua noiva?

—ela quer bebês mas eu ainda não tive tempo para pensar nisso, eu acho que em alguns anos talvez.

—você é jovem, espero que depois não perceba que isso tudo é um erro.

—Jade ficará mais segura com você, eu não sabia de sua existência Kate, quando fui avisado eu quase enlouqueci porque eu não quero filhos agora.

—não quer filhos agora ou não queria filhos com a mãe de Jade?

—os dois.

Não sei porque não me espanto com as respostas de Andrew Johnson.