Quando Ele Se Foi (Livro I) - DEGUSTAÇÃO

Sugestão Ruim?

O Advogado de Andrew não é um homem muito convencional, ele chegou atrasado, usa jeans e tênis, camisa social que aliás está mal passada, ficamos quase 30 minutos na recepção do prédio onde ele atende no centro, estava ansiosa a cada segundo para ouvir o que o homem tem a dizer, desde que acordamos não consigo pensar em outra coisa se não a adoção de Jade, não quero ter problemas ou implicações, Andrew vai me dar ela, então esse não será o obstáculo, meu receio maior é o obstáculo legal, para quando ele tiver que viajar.

Ontem me vi presa ao mesmo silêncio de sempre, Andrew ligou a tv da sala e comemos comida japonesa enquanto assistíamos o programa de tv local, depois que terminei, troquei a cama do quarto de hóspedes, deixei toalhas, travesseiros e cobertores limpos. Jade dormiu comigo, ela acordou pela madrugada para mamada das 3 da manhã, ainda bem que antes de dormir eu deixei água quente numa garrafinha e a mamadeira dela higienizada, me lembro que Andrew ficou na sala mexendo no celular quando subi definitivamente.

Acordei por volta das seis mas não me sentia completamente ruim, sei que essa será a minha rotina a partir de agora até ela completar uns seis meses e começar a comer sólidos, quando cheguei a cozinha para fazer a mamadeira dela, Andrew já estava lá mexendo nos meus armários, graças a Deus de pijama, ele me olhou de relance e manteve o silêncio.

Acho que é melhor assim.

Depois que dei a mamadeira de Jade preparei ovos mexidos com torradas, comemos em silêncio, depois subi, me vesti e viemos para o advogado, acho que vou primeiro ouvir o que ele tem a falar antes de consultar o meu advogado, o mesmo que cuidou do meu divórcio.

—bem, eu dei uma olhada no caso concreto em relação a Jade, acredito que temos que pensar numa solução bem mais peculiar...—o homem deixa a frase morrer.

É bonito mas informal demais, ele parece um daqueles modelos de revistas de adolescente, não deve ter mais de vinte e poucos anos, olhos azuis e cabelo escuro, quando ele fala percebo um sotaque mais forte, o que indica que não é americano, mas me senti um pouco incerta quando entramos em seu escritório, e ele ficou me olhando de cima abaixo.

Vim de jeans, tênis e uma camiseta mais comprida, prendi meus cabelos num coque, não uso maquiagem nos dias normais. Também percebi que ele e Andrew estão mais para amigos do que cliente e advogado, eles trocaram um forte abraço quando Andrew e eu entramos na sala dele. Trouxe Jade no bebê conforto, restringi-me a dar apenas um pequeno aperto de mão no homem.

—peculiar Jillian?—questiona Andrew atento.

Jillian não é nome de mulher? Nem tinha prestado atenção!

—sim, acredito que o governo não cederia a guarda provisória a Jade assim de uma hora para outra.

—mas eu preciso estar na Espanha em no máximo duas semanas.

Jillian olha para Andrew e vejo uma sobrancelha sobressaltada, logo assim de cara eu percebo que ele também meio que estranha do amigo, olho para Jade em seu bebê conforto mas não me sinto no direito de julgar Andrew, porque sei que ele é assim, ele coloca as necessidades dele acima das necessidades da filha dele, porém o nome já fala, necessidades.

—sério?—Jillian pergunta supreso—Andy...

—eu posso ajudar de alguma forma?—pergunto, porque sei que não vai adiantar ficar questionando Andrew em relação a Jade nesse sentido, Jillian me olha, realmente muito bonito.

—bem, eu não vejo outra solução se não ele levar a Jade, ou... você ir para Espanha com ele...

—senhor... Jillian, eu trabalho seis dias por semana, faço em média 5 partos por dia e atendo em média 25 crianças por semana, então não, eu não posso viajar para Espanha com Andrew.