Salvem Vidas

Nunca é tarde

Com o meu corpo deitado no chão duro eu olhava para o céu derrotado e repensava no
comportamento anormal de minha irmã, sinceramente por mais que tente eu não a entendo. Quais são os motivos que levam uma pessoa a querer tirar a sua própria vida?, É falta de Deus?, Surra? Ou excesso de drama?. Não que eu esteja a ser ignorante mas ao meu a ver isso é atitude de gente doida, a minha irmã está completamente doida. Ultimamente ela só tem falando de suicídio.

Deve ser falta de Deus é hoje que a levo a igreja.

O meu semblante já não carregava tristeza, já não me sentia derrotado pois encontrei a resposta que tanto procurava finalmente terei a minha irmã de volta. Levanto do chão duro do terraço do apartamento antes de sair de lá tiro a poeira que ficou na parte detrás do meu corpo sem dar muita importância, nesse momento nem de sujidade queria saber, ando desastrosamente até a escada deixando alguns degraus sem o toque do meu pé, em momentos de necessidade as coisas parecem aumentar.

Chego na porta 34 e entro como um rompante gritando feito louco por Débora.

- Dedé aonde é que você está?- Abro todas as portas até chegar na da cozinha e travar brutalmente ao me deparar com à imagem a minha frente, eu não sabia como reagir coloquei as mãos à frente transmitindo confiança a ela e andei em passos lentos.- Hey, calma, eu estou aqui, não precisas ter medo.

Sem hesitar ela colocou a faca no lava louça e correu até a mim colocando as mãos em frente à cara e chorou em meu peito, eu sentia uma dor a roer-me o peito, doía-me ver a minha irmã a enlouquecer sem eu poder fazer nada, sentia-me incapaz.
Eu abracei o seu corpo e beijei o topo de sua cabeça.

- Está tudo bem, essa fase já irá passar, eu irei levar-te a igreja, isso é falta de Deus.

Eu fiquei assim com ela até que parasse talvez não seja uma boa ideia ir a igreja hoje mas amanhã com certeza que irei levá-la. Acompanhei-lhe até ao quarto garantindo-me que não há nada que a possa magoar.

- Eu não quero que tu te vás.- Com a mão na maçaneta pronto a ir deitar-me ela decide pedir isto, não recuso, talvez seja um aviso vindo de Deus. Me aconchego em sua cama e faço carinho em seu cabelo até apanharmos sono.

Antes de ir trabalhar deixei Débora em seu colégio, hoje tenho o dia agendado depois do trabalho irei a uma campanha sobre o Setembro amarelo, honestamente achei o tema interessante e irá me ajudar a lidar com o comportamento anormal de Débora, talvez é isso que preciso.

Chegando ao trabalho encontro um monte de arquivos em minha mesa. Sério. Logo hoje que estou atarefado por outras coisas, o bom foi que já pedi que marcassem uma consulta para Débora com um bom pastor. Eu dou tudo para a trazer de volta, é estranho uma pessoa mudar de comportamento sem um motivo aparente, tenho a certeza que essa campanha irá me ajudar muito talvez eu não esteja a lidar da melhor forma, pode ser que não seja só a Débora a precisar ser ajudada como eu também. Eu como mais velho sinto que não estou a exercer bem a minha função.

[ Depois]

Eu me sinto envergonhado, a vergonha corre em minhas veias.

Não consegui ficar até ao final da campanha de tanta vergonha. Eu vi que tratava Débora com uma maluca. As palavras ecoavam em minha cabeça, lembranças de tudo que falei voltavam como flashbacks.

"Quando uma pessoa mudar de comportamento preste mais atenção a ela, procure saber o porquê e ajude-a resolvê-lo". Coisa que nunca fiz, eu não sei do que ela enfrenta apenas a julguei e nunca procurei saber.