Destino

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Procurarei sintetizar o meu pensamento a respeito do tema que a Kenia colocou em seu blog em post homônimo (Destino). Existem pontos de vista linguisticos e filosóficos divergentes, complementáres, até mesmo contraditórios numa mesma linha de pensamento.

No Aurélio: destino1

des.ti.no1

sm (de destinar) 1 Encadeamento de fatos supostamente fatais; fatalidade. 2 Circunstância de ser favorável ou adversa às pessoas ou coisas esta suposta maneira de ocorrerem os fatos. 3 Fado, sorte. 4 Objetivo, fim para que se reserva ou destina alguma coisa. 5 Lugar a que se dirige ou para onde é expedida alguma pessoa ou coisa. 6 Entidade misteriosa que determina as vicissitudes da vida. 7 Direção: Partiu com destino a São Paulo. 8 Fim, termo, sumiço. 9 Emprego, aplicação. Sem destino: ao acaso.

destino2

des.ti.no2

sm (des+tino) pop 1 Falta de tino. 2 Desatino.

Na filosofia, Da escola clássica Platão com a sua dualidade do bem e do mal e do destino pré-escolhido pela alma. Aristóteles que tem uma posição semelhante a atual e mais equilibrada, mas ainda assim muito simplista: a nossa moralidade e a nossa felicidade parecem estar nas nossas mãos, mas a nossa escolha faz-se entre possíveis. Näo podemos nos esquecer que era um mundo mais simples. Dos mais contemporaneos, Nietzche declara? ‘Gott ist tot‘ (‘Deus está morto’) e com isso mata também a força superior que rege a vida humana e entrega ao homem as redeas do seu futuro. O Homem sobre ao trono e governa. Eu entendo que se considerarmos o destino como fatalistico ou pré-determinado entraremos numa questão paradoxal do livre-arbitrio, o direito da proprio homem desenhar o seu futuro a partir de suas próprias escolhas. Porém, temos as massas humanas, e neste fenomeno, pode-se participar em momentos distintos ou permanentes.

Na ficção, me vem a memória as estórias de Isaac Asimov, com a suas histórias de robôs e mais tarde a sua Trilogia da Fundação, onde é claro o emprego de um poder intelectual maior, mas ainda assim humano (Seldon com a sua Psico-história), desenhando o destino da raça humana. Este poder, não divino, mas intelectual, que perde a sua verdadeira natureza humana e é endeusada pelas mãos das civilizações herdeiras. Complementando a isso, podemos ler em “O Mundo de Sofia” como a noção de realidade é limitada à nossa dimensão e, com uma cebola, pode-se existir outras “camadas” ou “dimensões” superiores invisiveis à nossa. Assim, poderíamos, entender, juntando as duas visões, que o destino é desenhado pelo poder, porém existe ainda poderes maiores que ainda fogem à nossa compreensão. Que tornam essa sequencia de movimentos caóticos que chamamos de vida, algo maior, mais completo e infinito.

Acredito que somos o ponto que flutua equilibrado como um astro celeste, numa trilha complexa de uma lógica de forças gravitacionais atrativas e repulsivas, entre elas a nossa própria. O nosso destino é a função do equilibrio dessas forças.

pra fechar, vou pedir licença ao Miguel da Rocha Cavalcanti, que postou no seu blog uma citação do Luis Fernando Veríssimo, que também peço licença (se for dele mesmo):

“Desconfie do destino e acredite em você.

Gaste mais horas realizando que sonhando,

fazendo que planejando, vivendo que esperando…

Porque, embora quem quase morre esteja vivo,

quem quase vive, já morreu…”

Luiz Fernando Veríssimo.

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