Em um segundo, todo o tempo havia parado e no segundo seguinte estávamos em um imenso salão, as paredes erguiam-se em mais de 5 metros, todas cobertas em papel de parede vermelho, o piso de madeira brilhava de tão limpo, as imensas cortinas douradas caiam sobre as janelas como a água em uma cachoeira, um pequeno lustre relampejava em diamantes no topo do salão, no piso, um comprido carpete branco com fios de ouro nos levava em direção a um trono tão grande quanto o salão, onde estava sentada uma menina tão pequena quanto o lustre. O trono era feito de cetim azul com pequenos fios de outro, que se destacava em meio ao espaço vermelho.
A menina, do outro lado do salão, disse:
- Venham! Não precisam ter medo.
Não era necessário falar muito alto por causa do eco da sala e até mesmo um sussurro era expandido de tal forma, que tinha o valor de um grito.
- E por que teríamos medo de você? Quem é você? – Retruquei.
A menina não hesitou:
- Jenny, Jenny, Jenny você tem certeza que não sabe quem eu sou? E por que você teria medo de mim? Há, há ...estou duvidando se você realmente leu o livro.
Fiquei surpresa com sua afirmação, o que tudo isso tinha a ver com o livro? E como ela sabia o meu nome? Respire, respire! Pensei.
- Qual a relação que o livro tem com tudo isto? E como a senhorita me conhece?
Ela começou a rir e disse:
- Aproxime-se, eu vou lhe contar uma história.
Fiquei relutante, mas decidi seguir. A situação já estava muito feia para o meu, digo, nosso lado.
Chegamos ao pé do trono e a menina usava uma túnica preta com detalhes azuis, sua coroa era dourada com pequena safiras, seu sapato era todo de cristal e ela era incrivelmente parecida comigo, longos e lisos cabelos castanhos e olhos castanho-esverdeados, sua pele era tão clara quanto a minha e as feições, incrivelmente parecidas. Assim que nos aproximamos a menina disse:
- Alguma semelhança Jenny?
Ainda estava chocada, por isso só consegui responder:
- Incrível ... Isto é ... Incrível!
- Pois é Jenny, pois é. Eu achava que você era mais inteligente, que poderia entender por si só. Mas já que isto não ocorre, vou explicar-lhe tudo. Querida Jenny, a história eu vocês leram no livro é real, mas não algo que já aconteceu, é uma predição do futuro, dos SEUS futuros. E como provavelmente já ficou claro, eu sou o seu “eu do mal”.
Surpresa, mas ainda confusa, disse:
- Mas isso ainda não explica tudo. Quem é R.J.D.M.? Este local sempre existiu? Como ele surgiu? Todo esse tempo você ficou esperando por mim? POR QUÊ
- Bom, R.J.D.M. nada mais é do que eu mesma: Rainha Jennifer do Mal. Nem sempre, este local foi criado, sua mãe sempre foi uma pessoa curiosa, ela queria criar um mundo perfeito, mas a ideia não funcionou muito bem pois ao invés de felicidade, este mundo ficou cheio de ódio e você, ou melhor dizendo, nós nascemos aqui e quando sua mãe prendeu este mundo num livro, ela prendeu não só o mundo, mas também o ódio da criança que aqui nasceu. Só que um detalhe passou despercebido: o livro estava em branco, e assim, eu pude ditar cada palavra daquele livro e criar uma maldição, foram apenas três cópias, uma para cada local que você morou e todos, não só você, que lerem o livro até o final, vem para cá e tornam-se meus escravos. Jenny, eu sou o ódio e todo ódio precisa de poder para viver, já consegui o domínio de um mundo, mas não é o bastante. Eu tenho sede de poder e você pode me trazer isto. Você tem duas opções: ou vamos a batalha amanhã e como diz o livro, você perde, ou você fica do meu lado e podemos dominar o mundo juntas.
Eu não sei por que, naquele momento eu fui parar para pensar, se já sabia o que fazer. Meus amigos me olhavam desesperados agora. Finalmente respondi:
- Eu aceito ... – todos me olharam surpresos, até a própria Rainha - ...batalhar com você.
- Mas você sabe que vai perder! O que está dito está feito, e a única pessoa que pode mudar o futuro sou eu mesma! – disse ela.
- Se somos a mesma pessoa... Então acho que ambas podem mudar a maldição. Não se esqueça Rainha, cada um escolhe o destino que quer – retruquei.
A rainha calou-se, os olhos arregalados.
- Até amanhã, Alteza.
E assim saímos do grande salão, quando cruzamos a porta estávamos de volta na biblioteca municipal.
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O Segundo Eu
Teen FictionUm história comum escrita por uma menina comum de 11 anos.