"Eu não sei o que você espera que eu faça, Raphael!" Controlou-se ao máximo para não gritar, mas estava realmente difícil conter os próprios nervos.
"Fale baixo, Ian!" E ao final da frase, apontou o andar de cima da casa em que estavam. Podia controlar a mente de Isak e fazê-lo surdo perante toda a discussão que ocorria no andar de baixo, mas odiava manipulá-lo, em todos os aspectos. No entanto, Ian não estava cooperando para que o pequeno continuasse dormindo. "Qual o seu problema, afinal?"
"Conhece os humanos que fizeram os pactos? Já conversou com eles?" Perguntou, afobado, porém, agora, conseguindo diminuir uns três tons em relação à frase anterior.
"Não. O que está querendo insinuar?" Quis saber, por fim, cruzando os braços em frente ao peito.
"Eles não vão abrir mão do pacto. Não por vontade própria. Falei com um deles há uns dias e ela me disse para acabar com a vida dela, porque jamais desistiria do pacto. E quer saber? Se eu fosse um humano, com metade da fragilidade normal, eu também preferia ser morto do que estar nos estágios finais de Degeneração Espinocerebelar." Ian gesticulava, como se colocasse ênfase nas próprias palavras.
Even colocou as mãos no rosto, bufando, frustrado com a situação toda. "Claro que aqueles demônios malditos não iriam escolher ninguém por acaso." E bagunçou os próprios cabelos, tentando descontar todo aquele sentimento de desconforto.
"E então, sugere alguma coisa? Porque eu estou aceitando conselhos." Pontuou o humano, serio. "Se me falar para matá-la, eu matarei, mas se me perguntar se eu quero fazer isso, a resposta é não."
"Eu sou um anjo, jamais te mandaria matar algum humano. Não faz nem sentido." Pontuou, por fim. "Bem, de qualquer forma... Eu te mandei atrás dos humanos e fui atrás dos demônios; os dois estão em guerra. Um querendo acabar com o outro, afinal, a não ser que mais um dos Príncipes morra, apenas um deles conseguirá fazer isso dar certo."
"O que está querendo dizer?" Ian arqueou uma sobrancelha.
"Estou dizendo que, e eu sei o quanto isso vai soar cruel, mas não precisamos fazer nada. Não de verdade, por enquanto. Pelo menos um dos humanos será morto nesse processo. Se tivermos sorte, os dois e não teremos que sujar nossas mãos com a situação." Os olhos do humano se arregalaram e ele pegou o anjo pelo colarinho da camisa que usava.
"Está maluco?! Vamos deixar os humanos serem mortos?! Seu trabalho não é defender a raça humana?!" Dessa vez o humano gritou.
"Sim, é." Respondeu, friamente, encostando na mão de Ian e torcendo-a com a facilidade de quem dobra uma folha de papel particularmente fina. "E é isso que eu estou fazendo. Duas vidas em detrimento de sete bilhões? Soa justo pra mim." Quando o maior finalmente soltou-se de suas vestes, continuou. "Nós, anjos, vivemos para protegê-los de vocês mesmos. Damos nossas vidas por vocês. Criamos milagres, somos escalados como anjos-da-guarda aos montes. Vivemos por vocês e mesmo assim, vão atrás da maneira mais fácil de serem 'felizes'. São egoístas, mesquinhos, e não tem nada que eu possa fazer sobre isso."
"Está dizendo que –"
"Sim. Não estou mandando matá-los, mas estou mandando deixar que ambos sejam mortos. A verdade sobre o inferno é que lá o conceito de perdão não existe. Quando um dos dois humanos for morto nessa confusão toda, o Príncipe que estiver tutelando-o vai se vingar, matando o outro. O ciclo acaba, eles param de frescura e escalam alguém decentemente. Até lá, seu trabalho é evitar que mais demônios do que o necessário fiquem dispersos por aí." Sua voz era fria como a neve que caía, no inverno. "Eu não concordo com matança indiscriminada de humanos, mas não posso mandá-lo matar um dos demônios, ou teríamos mais um desequilíbrio. Deixe o circo pegar fogo. Eu só vou voltar a interferir se um deles realmente chegar perto de concluir o objetivo."
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Broken Souls
Fanfictionlarry stylinson • multicouple • angels-demons • +18 ❝Quando o tênue equilíbrio que mantinha os anjos, demônios e humanos em suposta harmonia é quebrado, nove almas ligadas pelas delicadas linhas do destino são obrigadas a convergirem da maneira mais...