Capítulo 10

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Tarde de mais para fugir. Fingir que não vi. Queria poder não sentir, mas queria tanto pular em seus braços, me desculpar por tudo, voltar a ser como era antes, mas seria mesmo possível? Ele aparentemente seguiu em frente e eu segui para trás. Na verdade, minha vida me deixou para trás, e estava em duvida no que doía mais, ter que encara-lo depois de tudo que aconteceu ou aceitar que a vida toda que conhecia estava diferente. Ela mudou, eu mudei, ele mudou. Talvez ela tenha nos mudado. Mas onde de fato nos tornamos esses estranhos? 
"Seria mais normal se você me desse oi também."
"Oi"
"Como você tá?"
"Me sentindo um lixo conta?"
Ele riu. Uma risada baixinha. Olhou para os pés e suas mãos estavam inquietas.
"Nesse tempo que passou eu pensei muito em você sabia?"
"Pensou tanto que já tinha outra menina na sua cama de hospital."
"Você fica irritada com isso, mas a polícia já descobriu tudo, você sabe porque eu vim parar nessa cama de hospital! É isso mesmo que você vai me dizer?!"
"E você acha mesmo que eu queria que tudo isso acontecesse?! Que eu desejei esse mal para você?! Mano, eu am..."
"Não ama. Quem ama cuida. Quem ama não vai embora. Quem ama coloca o orgulho de lado e vem pedir desculpas. Quem ama faria tudo o oposto que você fez!"
"E por que então você veio me dar oi?!"
"Porque apesar de tudo isso, eu sinto sua falta. E eu me odeio por isso."
Doeram. Essas palavras doeram. Penetraram fundo em meu quase coração e despedaçaram o que tinha restado dele. E eu me odiava por isso. Mas a pior parte, eu sabia o que tinha feito, sabia que a culpa era minha, e eu ainda me dava o direito de sentir falta dele também. Qual é o meu problema?

Éramos doisOnde histórias criam vida. Descubra agora