Capítulo 6

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Quando cheguei em casa, minha melhor amiga estava deitada no sofá vendo alguma noticia no jornal. Ela olhou fundo nos meus olhos, preocupada, e me perguntou se eu estava bem.
"Por que não estaria?"
"Você não soube?"
"O que aconteceu? Real que você está me deixando preocupada."
"Ele está no hospital. No jornal falaram que foi um tiro. Achava que essas coisas não aconteciam por aqui."
"Essas coisas não acontecem. A gente que faz acontecer."
Não ouvi a resposta dela. Não ouvi voz alguma. Ignorei a neve pesada que caia do lado de fora. Meus ouvidos zuniam e eu sentia que estava pálida. Não sei como entrei no táxi, só pedi por favor que ele me levasse até o hospital. Não tinha a menor ideia do que estava fazendo, muito menos do que lhe dizer quando entrasse no quarto, isso se me deixassem entrar, mas pagaria para ver. Precisava o ver.
Quando as portas automáticas se abriram e eu finalmente me dei conta de onde estava, entrei em pânico. Estava totalmente em prantos quando consegui soluçar para a enfermeira "meu na...nam..."
Ela deduziu. Viu meu crachá de enfermeira também e pediu que eu a seguisse. Os corredores tão familiares agora não passavam de um labirinto. Estava tonta e sentia que faltava muito pouco para desmaiar, mas segui firme, por ele.
Encontrei uma das minhas amigas e ela viu meu desespero estampado no rosto.
"Ele está estável, mas não acho que você queira entrar lá."
"Eu pr...pre...preciso."
Ignorei o final da conversa e segui em frente, rumo ao quarto 4588. Mas ela estava certa, eu não queria entrar lá. Eu vi uma mulher de costas, sentada na cama, acariciando a mão dele. Fazendo meu papel, ou o que eu costumava desempenhar.
Talvez ele não precisasse que eu ficasse firme no final das contas.

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