Desde o presídio, meu pai não parou com suas aplicações em prol do termo justiça. Acredito que, na cabeça dele, somente queria o mundo onde todos os delitos sejam pagos com a própria vida, a partir do momento em que comete este ato, saberá que também deixa exposto a vulnerabilidade da vida. Para ele, não existia mais um coração para adotar uma outra pessoa sem ser Jéssica, e para ela, ele sempre estava sorrindo, mostrando a confiança que mantinha nela. Verdadeiramente, pode-se imaginar que dentro dele, o mal consumia sua alma e transformava-o em um monstro de duas faces, no dia, um homem trabalhador e sociável, na noite, o pior dos homens contra os próprios homens. Parando pra pensar direito, não existia uma ameaça que diga que sabe a identidade do tal justiceiro local, até agora.
~ Campainha tocando. 21:59. ~
- Damian? -- Nesse horário, meu pai ainda estava nas ruas, para Jéssica, ele deveria ter esquecido algo. Abriria a porta com cuidado se deparando com o nada, somente uma carta no tapete de boas-vindas. -- Hum? Quem deixou isso?
Ela pegou aquela carta, olhou para os lados na tentativa de identificar o entregador da mensagem, ergueu a sobrancelha destra e assim voltou para casa, deixando a carta encima da mesa da sala de estar. Enquanto isso, meu pai comprava algumas frutas e verduras, quando dois indivíduos entravam na loja com atitudes suspeitas como o objetivo de saber do conteúdo da loja e consequentemente, quem sabe, furtar o estabelecimento. Damian respirou fundo, relaxou os músculos e foi ao caixa, pagando e se retirando do local. Os dois indivíduos apenas observavam com cautela as ações de Damian, que era considerada comum por muitos.
Em casa, Jéssica estava se sentindo entediada e queria algo para se divertir ou até mesmo, inspecionar o conteúdo da carta entrega por alguém desconhecido até o momento. Ela se ergueu do sofá e foi até a mesa, pegando e abrindo a carta com muito cuidado, pois não sabia se era para Damian. Os olhos dela vagavam pelas letras de uma boa caligrafia, as palavras que ela estava guardando em mente se tornaram um motivo de expressão facial assustadora. A carta dizia que, precisaria se encontrar com Damian e no final, uma assinatura, com apenas duas letras que não se combinavam: E. H.
Quem é essa pessoa? Homem ou mulher? O que ele ou ela realmente quer com Damian? -- Eram perguntas que preenchiam a cabeça de Jéssica.Não existia ninguém que seja colega de Damian que Jéssica não conhecia, o que tornava tudo mais estranho, pois Damian nunca tinha escondido segredo para ela, que contava com seus conselhos para seus próprios problemas e isso de certa forma, auxiliava no crescimento da carisma do meu pai. Agora, ele estava entrando em casa, via Jéssica no sofá lendo a carta e o que chamou a atenção dele foi a forma de como ela estava vestida, uma camisola decotada com as pernas para cima o que revelava suas coxas grossas e bem cuidadas, por questão de respeito, Damian virou o rosto e logo a alertou.
- Poderia vestir algo mais saudável, Jéssica? -- Fechou seus olhos.
- Posso, mas antes você vai ter que explicar isso aqui. -- Ela colocou o papel na mesa e se levantou, pegando a sacola das mãos de meu pai e carregando até a cozinha.
- Uma carta? -- Pegou a mensagem, estava "sumido" para aquela pessoa que iria ver todas as noites no parque. Desde os acontecimentos com Rose.
- E então? Quem é esse E. H.?
- É um colega meu.
- Vai se encontrar com ele? Posso trazer uma amiga minha para cá?
- São dez da noite e você quer alguém aqui?
- Você vai sair de casa, ué.
- Não.Damian beijou a testa de Jéssica, e logo partiu para o local de encontro, o bairro que moravam era seguro e naquelas horas ainda tinha gente andando pelas ruas, Jéssica ficaria bem pelas próximas horas. Enquanto isso, a pessoa misteriosa esperava por Damian pacientemente na entrada do parque, queria saber o motivo da falta diária dele durante três semanas.
Não demorou muito, meu pai chegou ao local e deu de cara com uma... Garota. Isso, a assinatura E. H. na carta, nada mais era que Evellyn Hopkins, uma loirinha de olhos azuis e um corpo esbelto até demais, sua personalidade era definida apenas com o seu olhar, era do tipo estressada, esperta e ciumenta.- Quem é vivo, sempre aparece não é, Walker? -- Dizia com sarcasmo e os braços cruzados, tentando ser durona com meu pai.
- Parece que eu morri por três semanas. -- Damian respirou fundo e continuou olhando nos olhos dela.
- Sumiu por tanto tempo... -- Ela sussurou, estava com um semblante triste. -- Eu... Senti saudades, sabia?
- É, acho que entendo como se sente. -- Meu pai abraçou ela, eram grandes amigos, mas ela, queria algo a mais, um namoro sério.Aquela noite parecia ser tão calma e tranquila, a primeira dos Walkers, pelo menos, para Jéssica que ligava para suas amigas e conversava besteiras da vida até meu pai voltar, isso, se ele voltar quando ela estiver acordada.
No parque, os dois eram verdadeiros pombinhos e não demorou muito para que Damian tomasse atitude e utilizasse o ambiente a seu favor para pedir ela em namoro, decisão difícil que foi tomada de modo tão rápido, como se, uma luz surgisse no fim do túnel do coração de meu pai. A noite, se encerrava com um beijo duradouro e marcante entre os dois, que ainda eram tímidos no início do relacionamento, eram anos de amizade e agora, isso tudo tem tendência a se tornar anos de amor. Enfim... Até aí, as coisas estavam indo bem, um dia sem ocorrências e entre outros, ambos voltam para suas casas e obviamente iriam sentir saudades um do outro. Era um ciclo que iria se repetir por nove meses.
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The Walkers
ActionFamília das dores, somos os Walkers, e neste primeiro volume você vai entender a história de um dos primeiros a sentir a dor e modificar o futuro da sua família... Os primeiros eventos são os mais depressivos, e isso muda a cabeça de Damian, o pai d...