Rhinotillexomania

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Rhinotillexomania (n): O incontrolável desejo de ser amado.

Uma visão do futuro

"Por que você fez isso comigo, Ana Clara?" escuto Mike dizer. Seus olhos, agora totalmente vermelhos e marejados, expressavam parte de tudo àquilo que ele sentia: Dor.

E foi então que, pela primeira vez, senti o que era causar sofrimento á alguém.

Muito prazer... Ao seu dispor

Se for por amor às causas perdidas

Ana

Acordei com o sol provocando quentura em meu rosto.

Com as costas um pouco doloridas, viro para o outro lado da cama com dificuldade. Minha cabeça doía e latejava, e só então percebi que aquilo tudo era sinônimo de uma velha amiga: A ressaca.

Sento na cama enquanto esfrego meus olhos com a palma da mão e procuro meu celular. Quando o acho, o mesmo estava em cima da minha cômoda, e nele, alguns post-its colados formando um bilhete.

"Bom dia, NaClara. Espero que tenha dormido bem! O dia tá lindo e, como provavelmente você vai acordar um pouco atordoada, deixei um analgésico em cima da mesa e um chá pronto na cozinha. Um cheiro! – Vitória"

Sorrio temporariamente com a gentileza de Vitória, mas, ao perceber que a nossa noite não havia sido mencionada no bilhete nem nada que se relaciona a nós, o sorriso que se formara foi se desmanchando devagar.

Talvez ela não quisesse mencionar num bilhete por ser algo vago, certo? Vitória não parecia ser esse "tipo de pessoa". Na verdade, Vitória não parecia com nenhuma outra pessoa que eu conhecia.

Meu celular vibra e eu o pego, na expectativa de ser Vitória, mas a imagem que aparece na tela do celular exibia um velho sorriso e um contato com nome "sis".

"Oi, sis" digo normalmente.

"Quem é viva sempre atende o celular, né, Ana Clara? Me esqueceu foi?" a escuto e prendo a risada.

"Esqueci não, Bá. É só que está tudo muito corrido mesmo."

"Faculdade?"

Pondero antes de falar.

"Tipo isso..."

"Que foi, Ana?" Bárbara pergunta.

Eu era realmente muito estúpida em tentar esconder qualquer coisa dela. Ela sabia mais sobre mim do que eu mesma.

"Não dá pra explicar tudo por aqui..."

"Tá certo" diz, num tom desconfiado, "mas você vai ter de me explicar tudo quando vir pra cá."

Bato na minha própria testa. Faltava apenas uma semana para eu ir visitar minha família no Tocantins e eu havia esquecido completamente.

Que raio de rumo minha vida estava tomando nesses últimos dias?

"Certo, sis"

"Mas me conta só o que tá afligindo seu coração..."

"Vou te fazer só uma pergunta, tá?"

"Tá."

"Tu tá com uma pessoa, aconteceram várias coisas entre vocês e finalmente vocês ficam... Daquele jeit-"

"Sexo, Clara. Transar, coito, ato de inserir o..."

"Certo, Bárbara. Eu sei o que é sexo!"

"Prossiga senhora."

AntídotoOnde histórias criam vida. Descubra agora