Priorbainech

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Priobairneach (n.): Excitação súbita.

Uma visão do futuro

Minha visão embaçada pela miopia e pelo álcool me proporcionava pontos de luz visíveis pelo quarto. Eu tinha minhas mãos em seu pescoço e pernas em seu tronco. Todo o tesão do mundo estava localizado bem ali, enquanto minhas unhas arranhavam suas costas e seu gemido sôfrego ecoava pelo quarto.

Era a carne e a alma juntas num só lugar.

Ana

"Coincidência" no dicionário define o ato de coincidir. O simultâneo muita das vezes parece ser engraçado, mas aquela situação a qual me vi vivendo, era um tanto cômica, quanto trágica.

Enquanto eu tentava me concentrar no que Guto e Mike me diziam, minha cabeça vagava para o outro canto da mesa. Era possível escutar as risadas de Camilla, Vitória e Julia facilmente, e o fato em saber que esta terceira não era alguém ruim, só tornavam as coisas piores.

Mike me contava animado sobre os projetos do OutroEu, banda dele com o Guto, e eu sorria sinceramente por vê-los tão felizes com sua música. Em uma virada e outra de copo, encontro os olhos de Vitória semicerrados sobre mim e Mike. Ela sorri e desvia o olhar, voltando a prestar atenção no que Julia dizia, e eu, saturada, apenas volto a me apoiar na cadeira. Resolvo então optar pela melhor saída: O álcool.

Quando levanto da mesa avisando que iria ao bar, Vitória me fita. Abre e fecha a boca algumas vezes, mas se mantém calada. Dou de ombros e sigo para o balcão, encostando-me quando chego.

"O que essa moça bonita quer?" o bartender pergunta e eu rio, achando graça do tom galante.

"O que você tem aí de mais forte?"

Ele levanta as sobrancelhas e sorri.

"Sério?" indaga.

Volto meu olhar para a mesa. Vitória, abraçada á Julia, ria de algo que Clara acabara de falar.

"Serísssimo."

"Temos um drink que chamamos de Kriptonita. Vai vodka, pinga e licor de menta."

"Então vai ser ele mesmo. Obrigada..." Respondo e desço o olhar para sua camisa, e um pequeno crachá me chama a atenção. "Gustavo."

Ele pisca e vira-se para as bebidas, pegando uma por uma e fazendo a tal Kriptonita.

"Então, moça bonita. O que te trás á procura do drink mais forte da casa?"

"Sei não, Gustavo." Rio. "O coração, talvez."

"Ah, esse maldito..." ele ri. "Mas como que uma mulher bonita dessas pode estar sofrendo do mal do coração?"

Coro e ele parece gostar, pois ri e eu nego com a cabeça.

"Até as moças bonitas sofrem."

"Verdade."

Gustavo finaliza a bebida e me entrega, arrastando o copo pelo balcão até mim.

Os próximos minutos se consolidaram pelas minhas gargalhadas, novos drinks e as piadas de Gustavo. Num ponto da conversa, descubro que ele trabalhava ali há 1 ano e que começara por que queria pagar seu curso de direito.

"Você não tem cara nenhuma de quem faz direito!" rio.

"E você não tem cara de quem sofre por conta do coração." Ele pisca e eu calo, negando com a cabeça, rindo baixo.

Logo outros clientes foram chegando e ele teve de ir. Levantei-me do banco cambaleando um pouco por conta do álcool e Gustavo sorri pra mim enquanto se afasta.

AntídotoOnde histórias criam vida. Descubra agora