CAPÍTULO 6

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Com tantos rapazes interessados por Elisa, e ela não conseguia tirar a imagem daquele estranho do restaurante de sua cabeça. A lembrança daquele sorriso largo no rosto moreno, a deixava entorpecida, embriagada. Tudo o que ela mais queria era poder vê-lo novamente, ainda que fosse só para admirar.

Na tentativa de encontrá-lo, ela não recusava os convites dos amigos para sair. Foi a vários lugares, boates, bares, recepções na casa e amigos, e nada, parecia que aquele dia no restaurante havia sido um sonho.

Para seu desespero quem ela sempre encontrava em quase todos esses lugares era Gustavo. Se ele quisesse apenas sua amizade para ela seria maravilhoso, pois ele se tornará um cara muito legal, mas o rapaz queria mais que sua amizade, queria o seu amor.

Bem que você podia dar um chance a ele amiga, ele mudou e é bem gatinho.

As coisas comigo não funcionam assim amiga, tem que ter aquele tcham sabe? Eu tenho que olhar e o meu coração dar aquele salto, entende? - Elisa estendeu as mãos para explicar.

Como aconteceu com o rapaz do restaurante? - Nanda perguntou num tom de incredulidade.

Eliza meneou a cabeça positivamente. Ela sentia-se envergonhada por parecer tão imatura. Como podia estar apaixonada por um estranho que havia visto uma única vez?

Você não pode se prender a isso amiga. - Nanda não queria ser dura, sim realista.

Eu sei disso Nanda. - Declarou a moça encolhendo os ombros, fechando-se como uma concha.

Talvez esse rapaz nem seja do Rio. - Nanda fez uma pausa para observar a amiga. - Ou quem sabe é casado, noivo. Temos que pensar em tudo.

Não vi alianças e, eles não pareciam um casal.

As palavras da amiga pareciam lâminas afiadas de uma adaga, entrando em seu peito dilacerando-a por dentro. Os lábios de Elisa se estreitaram em uma linha rígida. Ela sabia que a amiga tinha razão, e não queria feri-la. Ela só estava preocupada, e quem sabe, poderia até estar certa.

" Não... ela tem que estar errada", gritava uma voz dentro dela.

Ao ver a angústia nos olhos da amiga, Nanda arrependeu-se de ter dito aquelas palavras.

Oh! perdoe-me amiga eu não devi.... - Eliza a interrompeu.

Não se preocupe Nanda, você pode estar certa.

Eliza forçou um sorriso.

Vamos voltar ao trabalho? - Disse novamente forçando um sorriso, levantou fazendo gestos com as mãos como se para espantar a tristeza.

Já beirando o final da tarde, Nanda entrou na sala avisando que o investigador que estava responsável pela incêndio, queria vê-la. Era um homem baixinho e robusto, ele usava uma calça estilo social cinza com uma camisa xadrez vermelha e suspensório, os dentes amarelados indicavam que era fumante, era uma figura bizarra. Eliza teve certeza disso quando apertou-lhe a mão, o cheiro do cigarro ficou em sua mão.

Boa tarde seu Gracindo, alguma novidade sobre o incêndio?

Boa tarde senhora, infelizmente não tenho boas notícias.

Eliza sentiu o sangue gelar.

O que o senhor quer dizer com isso?

O incêndio não foi um acidente. - Se Eliza não estivesse sentada certamente cairia, ela sentiu uma fraqueza tomar conta de seu corpo.

Como assim, eu não estou entendendo. - Na verdade ela não queria aceitar que alguém ali, pudesse ter feito isso de propósito. - O senhor está dizendo que alguém provocou esse incêndio?

Sim senhora. - Elisa respirava fundo, tentando se recompor.

E vocês tem algum suspeito? - Ela o olhava atenta.

Nós encontramos restos de um recipiente com digitais, esse recipiente foi utilizado para colocar gasolina. - Elisa estava atônita, não conseguia acreditar que aquilo pudesse ser verdade, quem seria capaz de um ato desse, pessoas poderiam ter ficado feridas ou até mesmo sido mortas. Ela levantou e caminhou até o investigador, suas forças se renovaram, ela assumiu um ar equilibrado. Não podia ficar agindo como uma menina fraca e indefesa, afinal ela era a presidente da empresa, precisava ser forte e profissional.

O nome é Carla Thomaz Coelho. - Eliza sentiu faltar-lhe o ar, respirava com dificuldade. Gracindo fez menção de ajudá-la, mas ele disse que estava bem.

O senhor tem mesmo certeza de que ela é a culpada?

As digitais dela foram encontradas nesse recipiente.

Entendo. E que providências serão tomadas?

Tem policiais lá fora, a dona Carla terá que nos acompanhar a delegacia.

Os policiais a levaram delegacia para prestar depoimento. Todos na empresa ficaram chocados. Sabiam que a moça ficou furiosa com a chegada de Eliza, mas daí a cometer uma atrocidade dessa, colocando em risco pessoas que ela lidava todos os dias. Elisa e alguns funcionário também teriam que prestar depoimento. Elvira que não vinha sentindo-se muito bem, chegou a passar e mal e ser hospitalizada para ficar em observação. Foi um choque para todos, Carla sempre fora ambiciosa, e não escondia isso de ninguém. Ela começou a trabalhar na empresa como supervisor de marketing, como era muito eficiente, e a empresa buscava sempre dar oportunidades aos funcionários capacitados ela se tornou gerente de marketing. Com o passar dos anos continuou subindo na empresa, até chegar na posição que ocupava agora, assessora do vice presidente. Porém ela queria não queria ser só isso,ela queria ser vice presidente e, quem sabe chegar a vice presidência.

Mas o que a aguardava agora era a cadeia. O advogado da empresa falou que dificilmente ela sairia impune. Todo um caminho percorrido, tantas conquistas, e agora sua ambição a faria perder sua liberdade, um dos bens mais preciosos. Eliza e a tia sentiam-se penalizadas, mas não podiam deixar de tomar as medidas que eram necessárias.

Carla achou que causando um prejuízo na empresa, na gestão de Elisa, Elvira pensaria que a sobrinha não estava preparada para gerir os negócios. Ela fez tudo bem pensado, não queria causar mal a ninguém, nem ferir ninguém. Ela ateou fogo no refeitório em um horário em que o galpão estava vazio, havendo apenas os cozinheiros na cozinha, que ficava a alguns metros de onde o fogo começará. Ela sabia que daria tempo deles saírem pela porta de emergência que ficava na parte de trás. Primeiro ela espalhou a gasolina em todo o refeitório, para que não tivesse como a equipe da empresa apagar.

Doce SorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora