It's needed

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Point of view — Isabella Bieber.

Aperto o papel contra meu peito, uma dor excruciante jamais sentida por mim predomina todo meu corpo. Minhas pernas formigam, meus olhos ardem, em meu coração sinto pontadas como se alguém estivesse o perfurando com a faca mais pontiaguda e amolada que existe no mundo, enquanto minhas mãos tremem sem dar trégua. A culpa me consome por ter tratado meu marido tão mal como se ele fosse culpado de algo. Eu quero apenas que entendam que eu não sou de vidro, tenho direito de chorar, desabar, gritar e me irritar como qualquer pessoa. Porém eu também posso me acalmar sozinha, este é o meu momento, minha dor e meu entendimento.

Ela me amou? Então porque nunca demonstrou isso em vida?  Porque se suicidar? Eu a fazia tão infeliz? Sei que ela pediu para que eu não sentisse culpa, como não sentir? Ela realmente se libertou por saber que agora estou protegida?  Não faz nenhum sentido! Talvez eu nunca obtenha as respostas. Com tudo o que minha mãe falou para mim, me fez pensar que não existem pessoas más ou boas o tempo todo, tem alguma motivação, algo que os deixou assim. O que me leva a crer que minha mãe me tratava daquela forma como um modo de aliviar a raiva que sentia de si própria por não ter cuidado de si e eu ter nascido cega, e como se não bastasse uma de suas filhas morreu ainda bebê.

Sei que devo estar tentando achar justificativa para o que ela fez comigo e o que fez a si mesma, mas se isso vai me fazer aceitar e entender agarro a essa teoria com toda força que me resta. O silêncio na casa predomina, não sei se Justin dormiu ou se apenas está quieto para que eu possa descansar, porém estou sentada da mesma forma desde quando ele saiu, meu tronco está encostado na cabeceira estofada da minha cama, os pés apoiado no colchão pelo fato de minhas pernas estarem dobradas.

Uma lágrima desce por minha bochecha e a eu deixo correr livremente por meu rosto, deixando o rastro quente terminar em meu queixo. Nunca me senti tão triste em toda minha vida, mesmo ela não sendo o melhor exemplo de mãe ainda sim eu a amava e ela estando viva ainda tínhamos a chance de nos reconciliar. E agora tudo se dissipou, não temos mais chance. Minha boca amarga ao lembrar de minhas últimas palavras direcionada a ela “ Eu odeio você”. Não mãe, eu não odeio você, nunca poderia odiar .

Porque quando, mesmo em silêncio, ela me ajudava com meu casamento eu não tentei ser sua amiga? Ela tentou e eu não percebi, fui egoísta ao extremo.

— Mãe — Pronuncio  seu nome em forma baixa e choro pela milésima vez. Quando perdemos alguém devemos chorar, não é mesmo? Eu me sinto sufocada, meus pulmões não me dar a quantidade de ar que preciso e minha garganta está apertada.

Nunca mais quero perder alguém, nada que tenha vida quero me despedir, é a pior sensação que existe.

Foi assim que Justin se sentiu quando perdeu seu pai? Ele sabe o que eu sinto, não é mesmo? E meu pai como ele deve estar, são mais de vinte anos de casado e ele perdeu sua companheira. Meu Deus isso não é justo! A morte não deveria existir. Meu corpo treme ao que eu choro.

— Isabella, eu sei que está querendo ficar sozinha, e eu deixei, acredite, estou aqui a mais de duas horas. — deduzo que Justin está na porta por sua voz está distante, levanto-me rapidamente podendo sentir o porcelanato frio contra meu pés, ando pelo quarto lembrando exatamente como Maria e Justin me ajudou a conhecer o local, seu corpo se choca ao meu na metade do caminho, eu abraço seu corpo com força.

— Justin, como faz para parar de doer? Dói muito — Falo com dificuldade, até para respirar parece complicado, uma tarefa impossível.

— Essa dor sempre vai estar aí dentro de você, porém aprenderá conviver com ela, e mais tarde um pouco essa dor vai virar saudade. Isa, sua mãe amou você.

Violetta ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora