She didn't forget you

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Point of view — Isabella Bieber

O barulho das altas risadas infantis faz com que eu feche meus olhos curtindo a deliciosa sensação que é esse mundo fantasioso. A cada gargalhada me sinto mais feliz, eu gosto da sensação de poder ajudar um pouco cada criança que está conhecendo o mundo agora.

Podendo “ver” o mundo a nossa maneira e poder perceber que mesmo com algumas limitações, isso jamais impedirá que eles tenham as mesmas sensações que qualquer pessoa possa ter, arrisco-me afirmar que nós sim sabemos apreciar cada nova sensaçã e descoberta. A cada descoberta a intensidade chega a cem por cento. Coisas que muitos deixam passar despercebido por considerar algo banal.

O sabor de algum alimento, o cheiro de uma colônia, o barulho da chuva, o vento sobre a face. Coisas que para mim deveriam ser apreciada com alegria.

O primeiro beijo e a sensação de formigamento que o mesmo deixa.

A primeira noite de amor. A minha primeira noite de amor.

Lembro-me perfeitamente que Justin se vendou pois queria que ficássemos de igual para igual, especialmente naquela noite. E quando conversamos sobre a noite no dia seguinte, ele foi categórico em afirmar que foi a melhor coisa que sentiu em toda sua vida.

“Isa, foi a melhor noite de toda minha vida, eu ainda vou tê-la em meus braços incontáveis vezes, mas nenhuma será como a de ontem. Os toques em meu corpo fazia com que eu me arrepiasse por completo, seus beijos se tornaram mais ávidos e macios. Seu cheiro ficou extremamente marcante, os sons de satisfação que saia de seus lábios eram altos, o que me deixou completamente perdido em seu corpo. Eu, com certeza, irei querer mais noites assim onde seremos completamente um do outro.”

Justin… Minha garganta se aperta ao lembrar do meu marido, é tanta saudade em meu peito que eu não consigo mais lidar com sua ausência.

Cinco anos.

Cinco anos que conto cada hora, cada dia, mês e ano. Eu o quero de volta.

Por muitas vezes pensei em pegar o primeiro voo para Tóquio e buscá-lo, entretanto, me contive, não estou no direito de impedir o seu sonho. Cada ligação que eu recusei doía como se uma bala estivesse atravessando meu peito, rasgando e queimando o local, porém eu sempre soube que se Justin escutasse minha voz abatida e com entonação de choro ele chutaria o que quer que fosse e voltaria para casa e tentaria consolar-me. Agora eu sei que tenho que pedir perdão por ter sido tão fria, não acho que fria seja a palavra correta, talvez decidida. Enfim, eu sei que fiz nós dois sofrer de uma maneira extrema.

— Tia? — Passo a mão em meus olhos rapidamente para evitar que alguma lágrima teimosa resolva escorrer sobre minha face. — Eu não consigo descobrir o que é isso. A senhora me ajuda?

Reconheço a voz de Júlia, sua mão alisa minha perna que está dobrada em forma de índio, enquanto estamos sentados em uma grande roda no jardim do instituto.

— Claro, meu amor.

Toco seus bracinhos finos e desço lentamente sobre o mesmo até encontrar suas mãos pequenas. Sinto o pequeno objeto em sua mão.

— Vamos descobrir juntas, tudo bem?

— Sim

Seguro sua mão e faço com que a dela fique por baixo, faço sua mão explorar todo o objeto.

— Primeiro preste atenção na forma, vamos apalpar todos  seus lados. Que forma tem?

— Quadrado.

— Muito bem, agora com as pontas dos dedos sente se tem alguma textura, ou alguma coisa que ajude a descobrir do que se trata. Tipo uma deformação característica do brinquedo. Lembre-se, hoje não podemos usar o olfato e paladar.

Violetta ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora