3

28 1 0
                                    

P.o.v Valentina Klein

Hanna queria conversar com o Sr. Clifford a sós. Aquele dia ela havia tirado coragem de algum lugar para tentar algo mais arriscado.
— Estou dentro. Vou te ajudar. — Falei animada e ela me olhou como se eu fosse a coisa mais estranha que já tinha visto na vida.
— Você está bem?
— Melhor impossível. Gosto de vocês juntos e sei que tudo o que eu disser não será ouvido, então vou te ajudar para não dar problema para ninguém.
— Faz sentido. Obrigada! — Disse me abraçando animadamente.
— É para isso que servem os amigos, não é?
Ela riu e finalmente me soltou.
— Preciso da sua ajuda. Queria tirar uma dúvida a sós com o professor e aproveitar para quem sabe... conseguir um encontro com ele. Você pode ficar vigiando na porta da sala de aula? — Ela perguntou sorrindo radiante.
—Claro. Tudo para salvar sua vida.

P.o.v. Hanna Wayne

Eu estava nervosa, não vou mentir. Por mais que o Sr. Clifford e eu flertássemos o tempo todo, nunca tinha tido coragem para realmente tentar alguma coisa mais... Arriscada.
Olhei nervosamente para Valentina, que me deu um joinha junto de um sorriso quase encorajador. Por mais que ela tivesse tentando me apoiar, sabia que ela se preocupava e com razão. Aquilo podia dar muito, muito errado se alguém descobrisse.
Respirei fundo, e bati na porta ouvindo o professor de redação murmurar um "entre", sem se dar ao trabalho de desviar a atenção de seus papéis.
— Hã, Sr. Clifford? — Chamei tentando não demonstrar minha ansiedade e ele abriu um sorriso bonito, antes de olhar para mim.
— Srta. Wayne, como posso ajudá-la hoje? — Ele perguntou, pousando sua mão direita suavemente sobre a mesa, girando sua caneta entre os dedos.
— Hum, eu queria perguntar onde eu errei na redação de ontem. — Perguntei sem rodeios.
— Não entendo, você tirou nota máxima no exercício de ontem. — O homem levantou uma sobrancelha e passou as mãos por seus cabelos verdes.
—  Eu sei, quero dizer, o senhor grifou um dos parágrafos e sei que não teria feito se não fosse importante. — Mordi os lábios no final da frase. Ele estudava meus olhos com os seus esmeralda avidamente, e senti minhas bochechas esquentarem. Ele sorriu e afrouxou um pouco a gravata. 
— Você não errou em nada, estava realmente muito boa. Eu só fiz a anotação para você dar atenção àquela ideia. Daria um ótimo livro. Imaginei que viria me perguntar, é uma aluna bem interessada.
— Oh, obrigada. Eu gosto muito da sua aula, é onde posso fazer o que mais gosto. Escrever sempre foi uma paixão. É uma pena que temos que seguir um roteiro de estudos e não podemos fazer nada muito aleatório. — Deixei meu corpo relaxar um pouco. Falar sobre escrita me tirava a ansiedade.
— Aleatório como escrever um livro sem precisar seguir um tema específico? — Sr. Clifford perguntou com um sorriso pequeno, se levantando e se sentando na beirada de sua mesa.
— Acho que sim. — Eu me sentia confortável quando estava com ele.
— Sabe, eu tenho algum tempo livre, você sabe, algumas janelas entre as aulas. Se você quiser que eu leia algo que anda escrevendo, ficaria feliz em fazê-lo. 
— Não vai te atrapalhar? — Sorri em admiração, adorando a ideia de ele ler meus textos mas ao mesmo tempo um pouco aflita em pensar que ele podia entender que muitos dos meus protagonistas eram inspirados nele.
— Claro que não, vai ser um prazer. Pode trazer sempre que quiser, prometo ser bem crítico. — Sr. Clifford riu um pouco, ele parecia contente com a conversa que estávamos tendo.
— Eu não esperava menos do senhor. — Lhe dei um sorriso sugestivo e ele pareceu pensar por alguns segundos antes de levantar sua mão e colocar uma mexa do meu cabelo atrás da orelha. 
Inclinei a cabeça ao seu toque e ele limpou a garganta se afastando.
— Bom. Fico esperando, então. — Ele falou solenemente, arrumando a gola da camisa social.
Sorri de leve e caminhei até a porta com o coração acelerado. Apertei os lábios em uma linha fina, criando coragem para voltar até sua mesa.
— Senhor, me desculpe ser tão direta, pode me mandar sair e fingir que eu nunca disse o que estou prestes a dizer mas... — Respirei fundo e o olhei receosa. Ele parecia ansioso em... Expectativa? — Eu sei que isso é meio ilegal e inconsequente, mas céus, o senhor gostaria de tomar um café ou algo assim, qualquer hora?
— Sim. — Ele disse simples, um sorriso dançando em seus lábios em divertimento pelo meu nervosismo.
— Perdão? — Arregalei os olhos, surpresa.
— Sim, podemos sair pra um café. — Ele deu um passo para mais perto de mim. — Faz, hum, um certo tempo que queria te chamar pra sair mas temia que você fosse ficar com medo ou algo assim. Ou talvez me dedurasse pra reitoria. Meio que não queria te assustar e nem perder meu emprego. — O professor sorriu um pouco nervoso, olhando para o chão e eu coloquei minha mão com certo receio sobre seu rosto, atraindo seu olhar para mim.
— Nunca faria isso com o senhor, Sr. Clifford. — Sussurrei acariciando sua bochecha com o polegar.
— Michael. — Ele murmurou. — Michael, Srta. Wayne.
— Hanna. — Sorri. —  Seu nome combina com você. 
— Obrigado. — Michael sorriu alegre e pousou uma mão na minha cintura, me puxando mais pra perto. — Eu tenho aulas até às cinco, me espera na frente sua casa às cinco e meia. 
— Como sabe meu endereço? — Levantei uma sobrancelha.
— Eu não sei, mas posso dar uma olhada discretamente nos seus boletins... — Ele sorriu e eu ri.
— Isso não é tipo, ilegal? — Provoquei.
— Nada muito pior que o que estamos fazendo agora, certo? — Michael descansou sua testa contra a minha. 
Não aguentei, seu cheiro estava me deixando tonta de felicidade por o ter tão perto, olhei para seus lábios perto dos meus e o beijei.
Ele gemeu baixinho com a surpresa mas não se afastou, apertou meus quadris e sorriu em meio ao beijo lento. Ele lambeu meu lábio inferior pedindo passagem e eu de bom grado deixei sua língua finalmente conhecer a minha, sentindo nossos gostos se misturando.
Eu puxei os fios verdes de sua nuca e ele soltou um som abafado, se afastando em seguida um pouco constrangido.
— Desculpe. Isso foi arriscado. — Ele riu nervoso. — Bom! Mas arriscado. Alguém podia ter entrado.
Eu sorri e lhe dei um selinho de leve o puxando para um abraço. Deitei a cabeça em seu peito e ele beijou o topo da minha cabeça.
— Não se preocupe, Valentina está vigiando a porta. — Murmurei e ele riu incrédulo. 
— Então isso já estava planejado? 
— Mais ou menos, por mais que eu quisesse te beijar à séculos, não tinha ideia que isso fosse acontecer de verdade um dia, muito menos hoje. — Eu ri e ele me fez olhar pra ele, segurando o meu rosto.
— Então, já que sua fiel escudeira está de guarda, acho que não fará mal aproveitar isso mais um pouquinho. — Michael disse baixinho, me puxando para outro beijo.

Out Of My Limit | 5SOSOnde histórias criam vida. Descubra agora