Prólogo

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Annabeth Chase era a herdeira. Neta e irmã de homens nobres e assassinados por piratas perversos, atolada pelas histórias que sua mãe, a atual rainha, contou quando ainda era criança. Com um conceito que o Capitão Percy Jackson considerava ultrapassado e leviano.

Percy Jackson, ela pensou. Talvez o pior parasita marítimo de seu tempo, com o sangue de Poseidon correndo em suas veias, o jovem pirata seguia seus dias com inúmeros crimes à coroa, entre eles, o saque de navios mercantes e a morte de Zeus, por envenenamento.

Veneno, arma de mulher. Lembrou de Atena, sua mãe, desdenhando a morte do próprio pai e amaldiçoando a pirata que ajudara Percy na missão de homicídio, Thalia Grace. As histórias da morena de olhos azuis, eram sem dúvida, as mais atrevidas e corajosas que Annabeth leu. Ela e Percy, comandavam juntos o navio herdado do falecido Poseidon, já que ele a via como filha também.

Os contos que Annabeth conhecia, eram todos créditos das cartas de seu pai, que em meio à queda da coroa após a morte do rei, teve que sair da Capital para governar setores mais importantes, como o comércio e as exportações.

Frederick Chase era um homem bom. Abriu mão do reinado após o falecimento de Zeus, e passou para Atena, que sempre fora uma boa lady e agora uma boa rainha, apesar de fazer más escolhas em relação ao futuro da filha.

Atena quis restaurar a paz, aliando-se ao sul e prometendo a mão de Annabeth ao príncipe sulista, filho de Hermes, Luke Castellan. Luke era um menino bom, pelo que Annie soube. Diferente dos príncipes que já conheceu, ele parecia mais humilde e até ouviu falar que era apaixonado, porém um amor platônico, alguém que o jovem visitava nas belíssimas praias de sua região.

Alguns diziam que ele era apaixonado por um ser mítico, como uma sereia. Annabeth se recusava a acreditar, afinal Luke parecia tão são e racional, com suas vestimentas reais e seu sorriso caloroso. Além de simpático, ele a chamou para uma dança durante o baile de comemoração que sua mãe organizou após a aliança.

Durante a música, Annabeth não conversou muito com ele, apenas dançou e se atentou aos sons estranhos fora do salão. Algo como correria e gritos abafados. Quando finalmente a orquestra percebeu algo errado, a música e dança cessaram. A princesa rolou seus olhos pelo salão até chegar ao trono e encarou sua mãe. A rainha Atena estava com o olhar vidrado nas enormes portas, imaginando o motivo de todo aquele descompasso e esperando que alguém entrasse para lhe dar uma desculpa plausível.

Ao invés de uma explicação, as portas foram levadas ao chão. E na entrada, com o brilho do luar, viam-se piratas. Como eles ousam, Annie pensou. Com um balançar de mãos da rainha e seu olhar incrédulo, a guarda real avançou, mas eles não se intimidaram e a tripulação adentrou o salão. Durante o conflito, Luke ficou na frente de Annabeth, a protegendo de qualquer ataque e os dois foram puxados por um soldado.

Annabeth finalmente reagiu, saindo do seu estado de choque, e puxando Luke Castellan à dentro, indo até o bunker, onde encontrou sua mãe gritando com um dos soldados, provavelmente por estar preocupada com ela.

— Annabeth! — Ela bradou e a abraçou.

— Eu estou bem mãe, um dos guardas foi nos buscar no salão. — Annabeth viu Luke abraçar seu pai também, de forma nada calorosa.

No salão, uma luta de espadas acontecia entre a guarda real e a tripulação, que parecia não acabar mais. Percy Jackson finalmente apareceu, acompanhado de Thalia Grace. Eles entraram calmamente, observando a batalha. Thalia caminhou pelo salão, encarando as ornamentações de ouro com desdém, como se já tivesse visto melhores. Um guarda correu até ela, e num movimento preciso ela puxou sua adaga e mirou no homem a poucos metros dela, acertando seu coração e vendo-o cair, ela sorriu pela mira perfeita. Andou até ele e limpou sua adaga no uniforme da guarda real.

Percy adorava uma ação, um pouco diferente de Thalia, que preferia acabar logo com o oponente. Ele travava sua espada com fervor. Amando o que fazia. O risco de morte. O suor descendo pelo pescoço e adrenalina em suas veias. Era um jovem atrevido, de fato. Invadir o norte como nunca antes, apenas para ver a rainha Atena arrancar os cabelos na frente dos convidados, parecia insano e suicida, mas Thalia era a única que sabia o real motivo da invasão.

O moreno finalmente atravessou a espada no peito do comandante da guarda e os poucos soldados restantes fugiram. Muito fácil, o pirata pensou. Se perguntou por que nunca havia feito isso antes, mas logo relembrou as noites navegando até o maldito continente e todos os homens que perdeu. Certamente, após os ritos fúnebres da pirataria, passaria em Tortuga para recrutar mais homens loucos, que o acompanhassem para as mais mirabolantes aventuras.

Thalia caminhou até a enorme mesa de comes e bebes. Pegou uma taça de vinho e levou aos lábios, cuspindo o líquido logo em seguida. Nortenhos nunca dominaram a enologia, arte de fazer vinhos, como os sulistas.

Finalmente os oponentes caíram, mas eles sabiam que logo mais reforços surgiriam. Os piratas se juntaram, aguardando ordens dos capitães.

— Vocês, vão para o cofre e peguem todo o ouro que conseguirem carregar. — Percy mandou. — Solace e os outros estão nos fundos, esperando para a fuga.

Não foi um acidente os piratas invadirem a Capital durante uma cerimônia. Percy sabia que ela ocorreria, mas não permitiria que acontecesse. Ele disse a tripulação que viriam para saquear os cofres, mas tinha um plano maior em mente.

— E você? — Thalia o perguntou, enquanto apontou a direção do cofre para os homens, visto que conhecia o castelo quando se infiltrou para matar o rei.

— Eu tenho algo mais importante para fazer, se eu não chegar a tempo, siga o código. — Thalia revirou os olhos e seguiu a tripulação. Percy encarou todo o estrago e caos da sala do trono e no salão de dança, com um brilho orgulhoso no olhar, antes de correr em direção oposta ao cofre, indo para o bunker. 

Sea You [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora