Annabeth ainda não conseguia acreditar que sua casa fora invadida por piratas. Nem acreditava que eles levaram 80% de todo o ouro da capital. Muito menos que dois deles, os mais importantes, se entregaram tão facilmente.
Ela sabia que a morte dos dois poderia trazer a vingança pela morte de Zeus que Atena tanto aguardava, mas mesmo assim, não traria todo o ouro de sua terra de volta. Ficou se perguntando o porquê do combate acabar quando Luke saiu do bunker, porquê de Thalia ter se rendido e levado o irmão junto.
Imersa em seus pensamentos, escutou batidas na porta do seu banheiro.
— Entre. — Ela mandou e observou sua criada entrando no cômodo com uma toalha. — Obrigada Merion.
A mulher deu um sorriso cansado e apoiou a toalha no mármore da pia. Ela tinha a pele escura e linhas de expressão marcadas. Criou Annabeth desde que a princesa se entendia por gente.
— Depois de todos os eventos, você merecia mais tempo relaxando. — Ela disse. — Mas precisará acordar cedo... A rainha marcou a execução para amanhã.
Apenas a ideia de assistir fez sua espinha se arrepiar. A morte de um pirata em seu continente era sempre motivo de festa, e ela odiava quando sua mãe a fazia comparecer a esses eventos.
— Claro... — Ela respondeu cabisbaixa, mesmo se recusando a ter pena de criaturas tão ruins. — Logo eu vou dormir.
— É uma ótima oportunidade para seu segundo encontro com o príncipe fujão. — Merion disse com tom sarcástico.
— Claro... Espera, príncipe fujão? — Annie perguntou.
— Luke Castellan. — A princesa continuou com o rosto confuso. — Ele acabou de sair de seu quarto às escondidas.
A surpresa de Annabeth foi evidente. Ela agradeceu o serviço de Merion e a dispensou. Quando chegou no seu cômodo, encarou seu reflexo no espelho, iluminado pelas lamparinas. Thalia parou de lutar quando Luke entrou em ação. O príncipe mandou prendê-los ao invés de matá-los ali mesmo.
O que o príncipe sulista estava aprontando? Annie encarou as vestimentas que Merion separou para que ela dormisse. Seus olhos rolaram pelo quarto até pararem no seu guarda-roupa.
A ideia que estava gritando em sua mente era estupidamente idiota. Ela correu até o guarda-roupas e vestiu um vestido azul simples, que talvez ela usasse para suas aulas habituais de história. Antes de abrir a porta de seu quarto, ela observou mais uma vez seu cômodo, e saiu.
Nas prisões, o rosto confiante de Percy era exibido quando Luke confirmou sua ideia, que contrariava Thalia.
— Você quer algo em troca? — A morena virou-se para ele. — O que pretende pedir?
Thalia odiava ser contrariada, principalmente por pessoas que julgava conhecer tão bem. Não imaginava que Luke cobraria um favor após salvar sua vida, mas assim ele fez, e mesmo odiando toda a situação, ela devia algo a ele.
— Nós podíamos matar você. — Percy ameaçou, se posicionando ao lado de sua irmã. — O que te faz achar que não faremos?
Luke não se intimidou, seus olhos foram de Thalia até Percy e ele respondeu o pirata.
— Por que ela não faria. — Ele respondeu com calma. — Ela é melhor do que você.
O punho de Percy se fechou novamente, mas a pirata segurou sua mão, na defensiva de Luke, e mais uma vez perguntou para o loiro.
— O que você quer?
— Eu quero fugir com vocês.
A risada de Percy preencheu o local. Só de imaginar um príncipe em seu navio, seu estômago revirava. Mas o pirata se preocupou mesmo quando ouviu a irmã.
— Feito.
— O que? — Ele se exaltou. — Ele é um príncipe Thalia, o mar não é para ele.
— Primeiramente, a culpa de estarmos presos e dependermos de um príncipe para viver é sua. — Ela bradou, se virando para encarar Percy. — Podíamos ter sido mais discretos na missão de assassinar Atena, se você não fosse tão extravagante.
— Você nem opinou quando eu perguntei sobre a forma de abordagem! — Ele tentou argumentar.
— Mas eu opinei sobre a tripulação nos deixar para trás e mesmo assim você não me ouviu! — Thalia pegou o fardo de Luke e empurrou nos braços do irmão. — Ele vai conosco não por uma escolha minha ou pela minha afinidade por ele. Ele vai graças a seu descuido e orgulho.
Percy se calou. Ele sabia que seria inútil continuar discutindo, e que eles não tinham tempo para isso agora. Não admitiria que Thalia tinha razão, mas se arrependeu por não ter planejado melhor um plano tão grande.
Luke não ousaria se meter no meio dos dois nesse momento, apenas seguiu Thalia quando ela começou a andar, deixando Percy um pouco para atrás.
— Não foi por escolha sua nem afinidade? — Luke sussurrou num tom travesso, apenas para receber o olhar de reprovação da pirata. — Ah... Olha, eu não queria causar tudo isso.
Ela o encarou, dessa vez com menos frieza.
— Por que você fugiria conosco? — Ela o perguntou, mas mais parecia que ela mesmo se questionava, tentando encontrar o motivo da fuga de um príncipe que tinha tudo, para o mar, onde não teria nada.
— Parados aí! — Uma voz feminina gritou e eles viram sua pequena sombra atrás de uma lamparina chique, diferente das que tinham nas celas.
— Ótimo, agora só falta ser mais uma realeza mimada. — Percy debochou, mas quando a mulher ouviu, abaixou a lamparina o suficiente para os três encararem o rosto de Annabeth Chase.
— E qual o problema desta aqui? — Ela enfrentou o pirata e ele disparou em risada.
— Nenhum problema, você parece inofensiva mesmo. — Ele respondeu e quando caminhou para empurrar ela e tirá-la do caminho, ouviu passos. — Você... Chamou a guarda?
— Mas é claro que chamei, seria burra se não fizesse. — A raiva dele era visível, ele levantou a mão em punho e socou a parede.
Thalia se aproximou deles e encarou Annabeth com seu usual olhar de desprezo, mas a princesa não se intimidou.
— Você pode ter chamado a guarda e elas podem estar a caminho. — Ela disse. — Mas você está aqui, sozinha, cercada por dois piratas que não hesitam em matar para sobreviver. É menos burra por isso?
— E-eu... — Ela não teve tempo para terminar de falar, Percy tirou sua adaga da bainha e colocou em seu pescoço. — Eu tiro vocês daqui.
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Sea You [REVISÃO]
Фэнтези- Piratas são preguiçosos. Eles dormem e bebem em suas casas flutuantes. Não tem palavra. Nem honra. Nem responsabilidades. Verdadeiros parasitas marítimos que saqueiam navios e não se importam com ninguém além deles mesmos. - Observei seus olhos ve...