Capítulo 5

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   Por que eu estava tão frustrado? O que eu havia feito de errado?

  Sinceramente, eu acho que pelo menos 85% dos pais já se fizeram essa pergunta e uma dada circunstância, essa era pelo menos a 5° vez em que eu me perguntava isso.

  Ele  me parecia aceitar, parecia não se incomodar com a minha opção.

Eu estava errado.

Quando e em que mundo um adolescente que passou a vida toda com uma mãe e um pai irá aceitar que seu pai seja homossexual?

Me encostei na porta de seu quarto, eu sabia que não estava trancada, mas no momento o que eu menos queria era invadir sua privacidade.

- Freddie...

- COMO? QUEM É ELE? - não deu nem cinco minutos e a porta foi aberta,  Freddie tinha uma expressão de pura irritação, e parecia decepcionado, meu coração errou uma batida.

-  Ele é um cara que eu conheci no hospital e me ofereceu carona, não há nada entre a gente! - praticante cuspi desesperado, vi sua guarda baixar e ele cair os ombros, suspirando frustrado.

- Desculpe, pai, mas é que... é estranho pra mim, até ontem você era casado com a mamãe, do dia pra noite, ela resolve sabe Deus onde se meter e você decide se assumir, é assustador.

  O empurrei para dentro do quarto e o abracei, beijei sua cabeça, confesso que fiquei na ponta dos pés, ele era um gigante.

- Eu entendo... não pretendo me envolver com ninguém agora, mas eu também não posso me privar de conhecer pessoas novas. - disse me afastando dele um pouco, não havia usado a palavra "caras", achei que forçava a barra. Deixei um beijo em sua cabeça.

  - Eu te amo pai... - sorri, o abracei de volta, logo me afastando novamente.

- Eu te amo também... vou fazer o jantar, okay? - disse sorrindo sem mostrar os dentes, fiz um rápido carinho em seu braço e sai do quarto, suspirei já no final da escada.

Por algum motivo, a imagem de Harry me veio a mente. Por que eu sentia essa vontade de o ver novamente?

  [...]

- Ruth? RUTH? - gritei jogando as chaves na mesinha de centro, onde também deixei minha pasta. Vi minha menina descer as escadas correndo com seu adorável vestido de bolinhas, seu cabelo tinha uma espécie de coroa de flores, e parecia meio... amarelo?

  - Ruth? Por que seu cabelo está amarelo? - perguntei pegando uma mecha, ela se afastou puxando o cabelo e o prendendo.

  - Ahn... não foi nada... foi só um trote de primeiro dia de aula... - falou gaguejando um pouco, arqueei uma sobrancelha e cruzei os braços, esperando uma explicação.

- Trote?

- Yeah... um trote para os novatos...

  Ficamos nos encarando por um tempo, ela me encarava com receio, já eu estava vendo quem pisca primeiro.

- Vou na sua escola amanhã. - falei me dirigindo a cozinha, ouvi seu protesto atrás de mim, alegando não ser nada demais. - Não adianta Ruth, eu vou e ponto final.

  Nós jantamos cedo, ela sempre com uma carranca horrorosa na cara e eu com meus pensamentos longe.

Mais precisamente.

Em um médico bundudo que não saia de minha mente.

  [...]

Joguei minha mochila na cama e logo em seguida me joguei, me preparava para dormir, roncar, imbernar, morrer quando meu celular tocou.

Jacob: cara, se liga nisso...

  Ele me mandou uma foto da tal Ruth, ela estava chorando, seu rosto estava completamente vermelho devido ao choro e um pouco amarelo pela tinta.

Se fosse qualquer outra pessoa ali eu estaria me esgoelando de rir, mas por algum motivo, meu peito se apertou ao ver aquela foto, de como ela estava envergonhada. Suspirei jogando meu celular na mesinha.

Ainda tinha meu pai, com aquele cara...

  O que estava acontecendo?

 

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