A Maior das Dores

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Passaram-se 5 anos desde o dia em que o lorde tomou aquela criança como uma forma de aumentar sua coleção e alimentar o seu passatempo doentio: torturar seus escravos. Não tardou para que o lorde notasse a fantástica capacidade de cura que ela possuía, oque fez com que se tornasse o brinquedo predileto, um brinquedo que sempre se conserta. E por todos esses 5 anos a vida desta criança foi a pior possível, não havia quaisquer escapatória ou resistência, estava indefeso e nada podia fazer para se proteger. Sua única opção era suportar.

Quando não estava sendo usado para o divertimento daquele homem cruel, coisa essa muito rara, era mantido junto aos outros escravos, na prisão subterrânea abaixo dos aposentos do lorde. Era o único lugar onde sentia alguma paz, o único lugar onde era igual aos outros e todos ali eram seus amigos. Havia as mais diversas raças naquele local, desde meio-humanos até seres fantásticos, e todos marcados pelo lorde, seja em suas peles ou em suas almas. E foi entre esses seres sofridos que aprendeu tudo oque sabia, aprendeu a falar, aprendeu sobre a vida de cada um de seus companheiros antes de estarem ali e principalmente, aprendeu a nunca se entregar, seja qual fosse o mal que lhe fosse feito.

Graças a sua incrível força de vontade, era capaz de irritar o lorde e fazê-lo desistir de tentar arrancar gritos ou quaisquer outros sinais de dor, aquela criança era forte e estava se acostumando com a dor. E como covardia tornava sua recuperação mais rápida, era apenas uma questão de tempo para as feridas fecharem como se não acontecido nada. O lorde estava perdendo a diversão, não havia mais graça em torturá-lo, por isso o mandava cada vez mais cedo de volta para sua cela, onde poderia passar mais tempo aprendendo e tendo algum conforto em sua terrível vida. Mas isso logo iria acabar, sua vida estava para mudar. E mudar para melhor, uma vida sem sofrimentos ou dor estava à dias de chegar.

Porém o lorde havia acumulado uma terrível ira dentro de si, e estava ainda mais cruel, como nunca antes esteve, graças ao fato de não estar mais se divertindo como antes. Não possuía mais prazer em torturar seu predileto, na verdade, só conseguia alimentar cada vez a sua ira devido às frustrações causadas pelas tentativas fracassadas de tirar o menor sinal de dor daquela criança que tão antes gritava e clamava por sua vida. O lorde não se importava mais em perder parte de sua coleção, e realmente estava acontecendo. Dia após dia, escravos estavam falecendo por não suportarem a dor ou as feridas. A criança se culpava por isso, sabia que era por sua causa, e sofria pelas mortes de seus companheiros. Até que descobriu o verdadeiro sofrimento, maior que ser torturado, pior que a culpa da morte de seus companheiros e de vê-los morrer. Um dia antes de ser salvo, o dia em que uma meio-humana foi a escolhida. E essa pessoa em particular era justamente aquela por quem possuía maior apreço. Era aquela que lhe acolheu como um filho, cuidando dele desde que era um bebê, e lhe ensinou a maioria das coisas que sabia. E agora se tornaria o estopim para seu desespero e também sua salvação.

PX: IkariOnde histórias criam vida. Descubra agora