Capítulo 7

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− É aquele vampiro Kenzie. − Neil disse ofegante, enquanto puxava a cortina da janela e olhava para a mulher. − Vá buscar o punhal de prata. Se ele está atacando pessoas, eu não tenho outra escolha.

Meu coração se agitou. Um ataque de vampiro... Kenzie correu para as escadas enquanto Neil tomou fôlego, abriu a porta e se atirou por ela.

− Parem! − ela continuava a gritar, cada vez mais desesperada. Pânico e terror dominavam a sua expressão. Neil correu para a rua e eu o segui, mas o que eu vi não foi um ataque vampírico como eu esperava, pelo menos não era como eu via em filmes. Dois homens lutavam de igual para igual, quase com fúria.

Mas não foi isso que me chamou a atenção. O que estava em melhor posição na luta, este sim ganhou a minha atenção pelo fato de ser o garoto dos olhos cor de floresta e boca avermelhada. O mesmo garoto que Janish havia dito ser perigoso, o garoto do meu sonho.

Então eu tive a certeza de que havia alguma coisa realmente errada como Harold havia dito. Não podia ser apenas coincidências, tudo isso, este garoto, Janish, o Poliguador...

Neil cerrou sua mão direita em um punho, abaixou-a e em seguida abriu-a jogando as duas para frente enquanto corria em direção aos dois. Uma claridade regular emergiu de sua palma e se chocou contra os brigões separando-os e fazendo com que caíssem há três metros um do outro. Ele repetiu o processo no garoto do meu sonho e cordas mágicas apareceram imobilizando-o. A mulher correu para o homem que sangrava pela boca e nariz, ficando aliviada.

− Obrigada... − ela falou para Neil.

Ele não disse nada apenas assentiu levemente com a cabeça. Seu olhar ardia em fúria. Cambaleando, me aproximei um pouco mais. Eu não estava aterrorizada com o vampiro no chão tentando escapar das cordas, eu estava preocupada com o que Neil ia fazer com ele. Matar. Enquanto ele se retorcia, o meu coração se retorcia também e não era por pena ou compaixão, era algum sentimento diferente, algo que eu nunca havia sentido antes.

− Solte-o, por favor! − gritei para Neil. O ódio ficou mais evidente quando ele falou:

− Soltá-lo! Ele tem que morrer. Vão embora! − Ele gritou para o casal, ao mesmo tempo em que Kenzie chegava e lhe entregava um punhal reluzente de prata. Ele não podia...

Ele se aproximou do vampiro enquanto eu o seguia desesperada.

− Não faça isso!

Neil não respondeu. Era como se não estivesse me ouvindo. O vampiro me olhou nos olhos enquanto o seu agressor vacilava ofegante, e eu senti algo indescritível, um sentimento forte e estranho.

Neil ergueu o punhal.

− Não! − gritei desesperada.

Mas ele não ia parar. No momento em que o punhal desceu no ar em direção ao vampiro eu joguei o meu corpo contra o de Neil e após um barulho caímos violentamente no chão. Meu coração batendo freneticamente, o ar não chegando direito aos meus pulmões, meus cabelos tampando o meu rosto e minhas pernas ardendo em chamas.

− O que você está fazendo? − perguntou um Neil desorientado e enraivecido tentando se levantar, mas eu o segurei no lugar. − Você ficou louca?

− Não estou louca e não vou deixar que faça isso. − Eu respirei ofegante, nervosa. Eu precisava conversar com ele pelo menos uma vez.

− Por quê? − Neil perguntou confuso.

− Preciso conversar com ele.

Eu ainda o segurava firme e, assim como eu, ele parecia não entender as minhas atitudes.

AuroraWhere stories live. Discover now