Capítulo 12

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  − Eu lembro que a minha irmã me contou algumas coisas sobre o seu poder. Que é extremamente difícil de ser controlado e que não deve ser usado de maneira alguma sem controle, pois pode causar danos muito sérios.

Nós estávamos no porão pouco iluminado e Neil, andava de um lado para o outro, começando a me instruir sobre o Vowerismo.

− E eu já causei sérios danos. − eu lembrei.

− Exatamente. Se nós estivéssemos em uma batalha e você tivesse usado o seu poder descontroladamente você poderia ter matado alguns nossos.

Isso não era novo para mim.

− Sim... os seguranças...

Neil me cortou, ainda andando de um lado para o outro.

− Os seguranças morreram devido ao poder da sua voz e existem relatos muito fortes na história, ainda que indiretos, sobre Voweres que matavam cantando ou falando. Nós não temos informações concretas. São apenas lendas que foram transformadas em contos infantis onde os Voweres são retratados como monstros fictícios que vivem no exterior e matam por diversão. Eles precisam manter essas histórias para que as pessoas não tenham interesse pelos portais que levam ao seu mundo.

− Se eles soubessem...

− Sim isso seria bom, mas nós não podemos evacuar toda a população de Aurora pelo portal do Harold sem que ninguém perceba. Isso não seria uma solução e nos traria problemas maiores. Agora feche os olhos e mantenha os braços firmes ao lado do seu corpo.

Eu estiquei os meus braços e esperei ansiosa.

− Pode abrir-los.

Então eu vi uma jarra de cristal com detalhes em alto-relevo, apoiada em cima de uma mesinha de madeira. Era como um símbolo de inocência.

− Preencha todo o seu diafragma.

Eu inalei profundamente, obedecendo enquanto observei Kenzie assistindo ansiosa, mordendo as pontas dos dedos. Os olhos de Neil queimavam a penumbra.

− Agora eu quero que você concentre toda a sua energia nesta jarra de cristal, pense em tudo o que você odeia ou despreza e imagine-os aqui dentro.

Não foi difícil imaginar. Toda a minha dor. O meu pai com Shannon. Acordar no hospital apenas com Arthur. O fato de não poder fazer nada para trazer a minha mãe de volta. A superioridade de Anna Hooper. Eu odiava tudo, tudo isso. Meus olhos queimaram.

− Grite!

Um grito ensurdecedor encheu a sala. A jarra foi destruída completamente enquanto Neil e Kenzie levaram as mãos aos ouvidos desesperados. Neste momento, eu parei de gritar.

− Agora relaxe. – Neil disse suavemente.

Senti os meus braços amolecerem, e minha cabeça doer um pouco. Eu estava ofegante como se tivesse corrido uma maratona inteira sem parar. Uma lágrima deslizou em minhas bochechas enquanto Kenzie se aproximou e me abraçou imediatamente. Era incrível o fato de que mesmo em meio a todo aquele caos, ela ainda não havia perdido sua sensibilidade.

− Tudo bem, querida, você foi bem.

Mas eu não estava chorando por isso. Eu estava aberta a todas as críticas. O problema foi me concentrar em tudo o que eu odeio de uma só vez. Eu a abracei de volta e recordei alguns abraços que minha mãe havia me dado em outro tempo. Por que Kenzie não podia ser minha mãe e Neil o meu pai? Por que a filha deles teve que ser assassinada? Tentei segurar o meu choro, pois sentia que ia romper em soluços.

AuroraWhere stories live. Discover now