Capítulo 4

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Catherine sentiu os galhos secos quebrarem sob seus pés e o vento cortante lhe ferir a pele frágil dos ombros expostos pelo vestido.

Corria tanto que os troncos, galhos e folhas viravam um borrão escuro que a seguia como sombra. Tirava forças de onde já não era mais capaz de encontrar para dar cada passo seguinte. Com uma cesta de palha abraçada junto ao corpo, movia-se mais estabanada do que nunca.

Era noite de lua minguante e a pouca luz tornava ainda mais árduo o seu caminho. Olhou para trás, tentando identificar junto aos vultos o contorno de seu perseguidor. Contudo, Catherine nem sabia quem ele era. Olhou para uma de suas mãos, doloridas, sujas com terra e sangue. Então percebeu que não eram suas mãos ou mesmo ela quem corria. Não! Poderia ser a mente de Catherine, mas era sem dúvidas outra mulher.

Um choro escapou do cesto e a mulher tentou niná-lo enquanto corria. Por pouco não torceu o pé em uma raiz que se sobressaltada da terra.

Continuou correndo até atravessar a floresta. Logo após o fim das copas, avistou um convento, construído como um forte no alto da colina.

Afastou o cesto para ver o pequeno bebê que dormia calmamente e respirou aliviada. Ela vai ficar em segurança...

Catherine acordou com o barulho e o brilho de um raio, que com um clarão iluminou todo o quarto do rei.

Ela se remexeu na cama ao limpar da testa o suor frio que escorrera. Os malditos sonhos estavam ficando cada vez mais frequentes e dessa vez foi diferente: além de ter certeza de que a mulher na floresta não era ela, soube que não se tratava de algo que aconteceria no futuro, mas sim, de um passado que já fora esquecido.

Levantou da cama do rei e recolheu suas roupas espalhadas pelo chão. Colocou sua camisola e esgueirou-se para fora do quarto indo até seu próprio.

O sono de Frederick era tão pesado que ele nem ouviu o ranger pesado da porta ao ser movida.

Catherine se apoiou na porta do quarto pelo interior enquanto respirava fundo. Talvez fosse só um sonho, ao menos dessa vez. Mas ao se lembrar da visão do convento, Catherine se perguntou se o bebê na cesta não era ela, se a mulher, cujas lembranças vira, não era sua mãe. Caso sim, qual era o perigo que a mulher tanto temia ao ponto de abandonar ao destino a própria filha?

As velas apagadas deixavam o quarto na penumbra, mas a lady não tinha medo do escuro. Caminhou até a cama. Sentia vontade de escrever mais uma das cartas as quais sabia que a mãe nunca ia ler. Contudo, estas cartas eram a única ferramenta que possuía para desabafar, ser sincera de verdade sem medo de colocar sua cabeça a prêmio.

Como desejava confidenciar a alguém o que aconteceu no baile da noite passada. Porém, nas mãos de alguém que não fosse de sua extrema confiança, o segredo sobre o beijo trocado com Peder, mesmo contra a sua vontade, poderia ser sua sentença de morte. Frederick era um homem gentil com Catherine, mas o ego e orgulho do rei era conhecido por suas cortesãs e todo o restante do reino. Ela nos braços de outro homem seria tudo como traição tal como um conselheiro que entrega informações privilegiadas a outro reino.

Precisava esquecer a estranha sensação que era ter os pesados lábios de Peder sobre os seus, bem como o calor que a consumiu como fogo. Ele era só um lorde insano e as sensações foram provocadas pelo ardor do medo, tinha de ser.

Catherine colocou a mão sobre o coração que palpitava no peito e respirou fundo, sentindo seus seios se moverem para baixo. Se tinha amor à sua cabeça trataria de manter esse homem longe de seus pensamentos e principalmente longe do alcance dele. Se o imprudente tinha intenção de ser decapitado não a levaria junto, ela não permitiria.

A cortesã do rei ( Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora