Capítulo 5

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Catherine teve uma noite terrível. Seu corpo levou horas para se livrar da ardência provocada pelo lorde Oxe. Precisou de muita força de vontade para não sair correndo até ele. Sua melhor aliada durante a noite foi a água dentro de uma jarra de prata.

Não ousou fechar os olhos, teve medo de que as palavras de Peder se tornassem reais e sonhasse com ele. Já bastava o homens atormentando-a fora de sua mente. A verdade é que se apavorava com a possibilidade de qualquer sonho com ele, pois esses poderiam se tornar reais.

- Milady! O que faz sentada no chão?

Diana entrou no quarto e encontrou Catherine encarando a janela com um terrível olhar vazio. Sentada abraçava as próprias pernas e estava encolhida. Tão dispersas que não ouviu os dois primeiros gritos.

- Só foi uma noite ruim. – Catherine se levantou passando as mãos pelos cabelos negros.

A entrada de Diana a puxou de volta de seu tempestuoso mundo de pensamentos e fez a noite passada se transformar em apenas uma lembrança ruim. Talvez não tão ruim...

- Trouxe seu desjejum.

- Obrigada! – Catherine Foi até a criada e pegou uma uva da bandeja.

- Teve uma noite ruim, milady? – Diana ainda estava intrigada com a forma como encontrara sua senhora.

- Apenas uma noite ruim, mas o dia já nasceu e quem sabe não tenhamos sol.

A criada arqueou a sobrancelhas, mas nada disse. Catherine conseguia ser um tanto excêntrica às vezes e a deixava intrigada.

Em seu trabalho com Merriam foi a única coisa que a lady tentou se focar. Sem o fogo provocado por Peder, ela conseguia pensar com mais clareza e até afastá-lo da mente. Tinha uma boa vida servindo Frederick, não podia jogá-la fora por um estúpido que a assombrava mais do que os fantasmas que via.

Catherine removeu o penhoar e o jogou sobre a cama.

- Ajude-me a me trocar, Diana.

A criada apenas assentiu e colocou a bandeja sobre a mesa redonda no centro do quarto.

Peder passou a língua pelos lábios se lembrando do sabor dos lábios de Catherine. Imaginou como havia a enlouquecido noite passada. Tocar sem tocar era uma ótima carta no jogo de sedução, sempre deixava as mulheres ensandecidas por ele.

Ajeitou o gibão que o criado acabara de abotoar e se olhou no espelho. Era muito bem apessoado, não foi a toa que seduzida metade da Alemanha durante o tempo em que esteve por lá em seus estudos. Ajeitou os cabelos loiros com um sorrisinho no canto da boca. Lady Catherine não resistiria. Mas daria paz a pobre mulher depois que conseguisse o que desejava dela. Algumas das noites de luxúria que proporcionava ao rei.

O criado fechou as abotoaduras de ouro e deu alguns passos para trás, dando espaço ao lorde.

- Philippe, certifique-se de que minhas castas tenham chegado à Alemanha. Temo ter deixado alguns corações partidos.

Ele quis rir, mas conteve-se com os braços cruzados na frente do corpo e cabeça baixa, esperou para que as ordens acabassem de ser ditas.

- Vou me encontrar com um conde do sul essa manhã para tratar sobre terras. Além disso, preciso de uma lista com os melhores tutores de música para ensinar piano às minhas irmãs. Preciso prover-lhes logo um bom dote e arrumar um casamento digno para que deixem de ser problema meu.

Quando o criado se deu conta de que o amo já estava falando sozinho, fez uma breve reverência e deixou o quarto. Peder não era um tirano com seus servos, mas não gostava de esperar, então ia logo atrás da tal lista.

A cortesã do rei ( Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora