01_ Um Aroma Errado

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"Coma menos açúcar, você já é doce o suficiente

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"Coma menos açúcar, você já é doce o suficiente..."

         

                  Vicenzo ajeitou o casaco do único terno completo que tinha no guarda-roupa, até porque gostava de se vestir semi-formal, nem muito sério ou tão descolado, sempre em meio-termo. A diferença é que aquele era um dia importante em que iria começar a tentar criar um sonho de toda sua família. Seu pai tinha trabalhado muito para o mandar estudar gastronomia na Austrália, um sonho que o jovem rapaz cultivou desde criança, quando o restaurante da família ainda era no quintal da casa onde viviam.

Tinha crescido a ver grandes banquetes, rodízios e churrascos. Vira seus pais juntarem economias para abrirem o Aroma do outro lado da estrada com várias comidas de sabor caseiro e uma clientela que diminuiu ao longo do tempo, mas não impediu Valente Valverdi de fazer uma dívida no banco e apertar o cinto em casa para custear os estudos do filho querido, com a promessa de um dia ter o retorno em dobro por todo esforço.

Agora ali estava, diante da Mackenzie Investimentos, um sonho que ainda estava no papel, mas acreditava que seria aprovado com toda facilidade. Diferente dos bancos que exigiam milhares de papeladas e garantias, a empresa a sua frente investia a juros mais baixos e se fazia sócia para uma partilha temporária de lucros. Era tudo o que Vicenzo necessitava, e tinha jurado que não falharia. Não era um jovem preguiçoso, em Sidney tinha trabalhado em várias cozinhas, lavava pratos e servia mesas até ir conquistando confiança. Chegara a ser inclusive um Sous-Chef de um restaurante em ascensão, seus pratos eram elaborados e sua comida elogiada pelos colegas e clientes. Tinha criado uma boa reputação, mas era no seu próprio país que pretendia vingar e estava preparado para todo sucesso, fama e fortuna que sabia que iria ter.

Atravessou a porta da MacI – como era conhecida a empresa, e sua vista na entrada principal foi obstruída pela visão de uma bunda maravilhosa de uma mulher que estava de quatro a esfregar algo na longa carpete de cor clara. A forma como mexia a mão coberta por uma luva amarela feita de látex, fazia toda sua forma traseira se abanar de um jeito bem sexy que capturou a atenção dos olhos verdes. Se demorou a se dar conta que a recepcionista por trás do grande balcão ao fundo o olhava com atenção. Era tão jovem como ele, negra e com o cabelo cheio de tranças compridas. Ela meneou a cabeça a passar a informação clara de uma crítica e obrigou Vicenzo a se recompor e disfarçar o interesse por um vaso qualquer perto da mulher que limpava, antes de caminhar até ela com um sorriso ensaiado no rosto.

─ Bom dia, Sou Vicenzo Valverdi. Tenho uma reunião marcada com Jon Mackenzie... ─ Estreitou os olhos porque se tinha livrado dos óculos para a miopia naquela manhã antes de sair de casa. Se achava muito novo para andar grudado com eles na cara, mas ao apoiar as mãos no balcão de vidro e se inclinar para ler o crachá pendurado na camisa vermelha, conseguiu encontrar o nome da jovem. ─ Senhorita Lima.

─ Bom dia, senhor Valverdi. ─ Larissa respondeu a pisar o botão da caneta sem parar, criando um tiquetaquear irritante. ─ Pode deixar o seu documento de identificação e seguir para o quarto andar.

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