Vicenzo é um jovem Chef que acabou de se formar em gastronomia, tendo trabalhado em restaurantes conhecidos como um Sous Chef, decide voltar para sua cidade nortenha a fim de tomar conta do restaurante do seu pai, o Aroma.
Junto traz promessas de mu...
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"O sabor da vida, depende de quem a tempera."
─ [...] Eu vi a maldita mancha no tapete por três dias seguidos, três, e perguntei para a funcionária por que ainda não tinha limpado. E ela respondeu que não saía. Está ouvindo? Não saía. ─ Jon parecia escandalizada ao relatar o ocorrido. ─ Então eu perguntei se no caso de eu conseguir me livrar da mancha, o que ganharia em troca? E em toda uma zombaria ela me respondeu que podia ficar sem salário do mês. Uma aposta, Steve. E sabe que não entro para perder. Agora imagine o que aconteceu?
Sentada num dos restaurantes luxuosos da cidade, exibia seu sorriso encantador em toda sua elegância e expressões suaves. O cabelo crespo lutava contra a gravidade, o colar de pérolas enfeitava seu pescoço e o vestido sóbrio sem mangas lhe apertava o corpo muito magro. Era na verdade uma mulher recta em muitos sentidos.
─ Você venceu. ─ Ele respondeu e não segurou um bocejar que insistiu em escapar de sua boca. Esfregou os olhos e apoiou o rosto na mão, visivelmente aborrecido.
Jon sorriu e lhe piscou o olho, ocultando o restante que veio com aquele dia. Um maldito cozinheiro de meia tigela metido a trufas caras quando não passava de uma batata velha e Estragada.
─ Que jantar maravilhoso, não acha? ─ Perguntou após terminarem de devorar as Lagostas saborosas. Bebia uma taça de vinho branco e olhava para o noivo que nunca mais se mostrava bem-disposto naquela noite. Steve tinha comido e bebido pouco, para além de dar respostas monocórdicas e nunca olhá-la nos olhos.
A verdade era que aquilo não era só daquele jantar, já vinha se estendendo por vários meses e era certo que alguma coisa entre eles estava bastante Estragado. Sem sal e quem sabe bolorento.
─ Jo... ─ Começou por chamá-la da forma carinhosa que a mãe desta tinha optado depois de o pai baptizá-la com um nome comummente masculino. ─ Precisamos conversar.
─ E não é o que estamos fazendo? ─ Perguntou e se inquietou, mas continuou firme em seu lugar. Pendurou o dedo indicador em forma de gancho dentro do colar de pérolas e começou a movimentá-lo de um lado para o outro.
─ Não dá mais. ─ Steve foi directo ao assunto. Era negro, de olhos escuros e um sorriso que fazia muitas calcinhas escorregarem. Tinha uma voz de locutor de rádio e um corpo de porte atlético. ─ Estamos empurrando uma coisa que não tem mais amor, paixão ou desejo. Quando vamos para cama tenho que ouvir você falar vezes sem conta sobre o seu trabalho, seus ganhos e suas irritações. De como a minha carreira de músico diverge da sua de empresária de sucesso. Estou me sentindo sufocado, o que antes me admirava agora está me cansando.
Ela riu baixo e esticou a mão para segurar a dele. Levar um fora não era algo que esperava naquele momento.
─ Eu vou melhorar, prometo. Sei que não tenho sido a melhor companheira e que te apoio tão pouco. São nove anos juntos e devo estar me acomodando. ─ Tentou suavizar, mas já podia ouvir as vozes da sua tia em coro: "Nove anos que Jo não casa, nove anos de namoro sem dividir o tecto, nove anos de enrolação. Quem muito namora depois que casa não demora, nove anos sem um filho ao menos."