07_ Ritmos Diferentes

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"É melhor tomar cerveja do que tomar conta da vida alheia

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"É melhor tomar cerveja do que tomar conta da vida alheia."

           Vicenzo dispensou a todos seus trabalhadores assim que os últimos clientes deixaram o Aroma. Queria estar sozinho e colocar a cabeça no lugar, pois não deveria se sentir tão mal, não depois do que Jon Mackenzie tinha feito.

— Seu idiota! — Murmurou para si mesmo enquanto varria a sala e arrumava as cadeiras para cima da mesa. Tudo o que tinha dito era a mais pura verdade, mas estranhamente doía mais nele. E se sentia ridículo por isso.

Ele tinha amor por aquele restaurante. Lhe lembrava suas raízes, por isso não se importava de limpar toda sujeira que não lhe competia. Aquele era o seu lugar, tinha crescido a ver aquele sonho de seu pai se materializar na sua frente. Mas também precisava se cansar mais do que já estava para apenas chegar em casa e cair no sono profundo.

E se nunca mais a visse? Era uma pergunta que não ousava cessar, pois sabia que Jon era orgulhosa demais para voltar. Soltou outro suspiro pesaroso, recolhendo a poeira e passando pano pelo chão, mas ouviu o som de algo se partir a vir da cozinha.

— Quem está aí? — Arqueou o sobrolho e apertou o cabo da vassoura. Era de esperar que fosse Estela, não era a primeira vez que o interceptava daquele jeito. — Se for você de novo saiba que...

Calou-se ao ver Jon parada com uma garrafa de vinho, uma taça gorda e outra estilhaçada no chão. Ela deu de ombros e deixou um sorriso mais retraído escapar.

— Quem? — Perguntou enquanto procurava outra taça e a colocou na bancada.

— Ninguém. — Vicenzo largou o cabo de vassoura e finalmente fechou a boca antes que o queixo caísse. Ficou sem saber o que fazer e prendeu a respiração. Jon estava diferente, com os cabelos soltos e um vestido bege de mangas compridas, estava descalça, mas os sapatos estavam ao pé da porta de trás da cozinha. — Como entrou?

— Pablo me entregou a chaves extra. — Apontou para o pequeno objecto de ferro em cima da bancada. — Não consigo abrir isto.

— Claro. — Primeiro se desfez do seu Dolmã, o pendurando no encosto de uma das cadeiras, e depois se aproximou da garrafa de vinho que estava por cima da bancada que os separava. A luz amarela por cima deles reflectia bem o rosto de Mackenzie sem maquilhagem, as joias e os adornos habituais. — Confesso que estou assustado.

— Nem sua conta bancária falida te assustava. — Retorquiu, mas soltou um suspiro pragmático. — Você tinha toda razão. — Ela disse. — Fui a primeira a criticá-lo por assediar meus funcionários e depois venho fazer algo similar aos seus clientes, ao seu trabalho. Não que me importe com a sobremesa com sal que eles comeram ou o caraças! Mas não deveria misturar os assuntos. Pelo menos não no meio de um restaurante em funcionamento, se bem que adorei ver a cara deles ofendidos.

Vicenzo riu ao perceber que Jon se desculpava, mas não se arrependia, e serviu o vinho nas duas taças, puxou os óculos para fora do rosto e a encarou com atenção, mostrando os dois berlindes esverdeados.

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