"E se a vida se tornar uma barra, que seja de chocolate."
Ele recuou dois passos.
Não podia ser! Ou seria muita coincidência ou o diabo estava conspirando contra sua sanidade naquele dia. Era um teste muito forte para uma pessoa só e não tinha interesse em afrontar aquela mulher petulante. Podia suportar tudo, menos que fosse tentar provocá-lo ali no seu território.
Vicenzo arregaçou as mangas do seu casaco branco de Chef com botões na parte lateral do seu peito. Um presente que tinha trazido da Austrália com muito carinho e que lhe assentava na perfeição. Também usava seus óculos de vista, cozinhar sem ver direito era algo que não pretendia, mas podia desejar ter partido as lentes só para não ter que encarar aquela mulherzinha.
Não ia intimidá-lo de modo algum.
─ Algum problema? ─ Emanuela podia perceber um conflito dentro dos olhos verdes mar. Ele também estava com as bochechas vermelhas e quando ficava daquela forma era porque algo não ia bem.
─ Você fica esta noite, Manu. ─ Acabou por declarar ainda parado entre a cozinha e a sala que se movimentava em plena sexta-feira. Havia algo de errado, normalmente enchia mais na hora do almoço por causa dos trabalhadores das obras petrolíferas que ocorriam na rua mais em baixo. Era ridículo que no dia do pato estragado, as mesas começassem a encher daquela forma. ─ Tudo errado! Tudo errado!
Jon Mackenzie era um sinal próprio disso, mas não bastou, pois seu pai Valente entrou pela porta de vidro e madeira com um logótipo enorme de um duplo V ao contrário que parecia formar um A de Aroma, mas era na verdade o nome e o sobrenome tanto de pai como de filho.
─ Como assim eu fico? E as crianças? ─ Ficou mais perdida do que estava e procurou o marido em busca de alguma ajuda, mas este já tinha começado o serviço de atendimento nas mesas enquanto Suelen que parecia tentar acertar para agradar o Chef, estava na porta de entrada a receber e encaminhar os clientes.
─ Vá buscar o melhor vinho da casa. ─ Vicenzo como sempre parecia não escutar o que não era de seu interesse. Sabia bem que o melhor tempero da comida era a fome, então iria deixar o vinho roer o estômago delas antes de começar a servir. Então apenas se afastou para ir até ao pai que estava na recepção a observar o Aroma ganhar uma vida que há muito tinha sido perdida. ─ Papá.
─ Que noite maravilhosa. Veja só toda essa gente preenchendo o lugar, imagina quando for a altura de abrirmos o Spicy? ─ Valente era um homem ainda mais alto que o filho, com um bigode farto e olhos redondos como a barriga saliente. Estava feliz e deu duas palmadas nas costas do filho. ─ Meu Deus, aquela é...
─ Não me parece.
─ ... A CEO da MacI! ─ Exclamou já a mexer as pernas fortes para a sala, mas o filho o travou a meio trajecto.
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SPICY: A Especialidade da Casa
Historia CortaVicenzo é um jovem Chef que acabou de se formar em gastronomia, tendo trabalhado em restaurantes conhecidos como um Sous Chef, decide voltar para sua cidade nortenha a fim de tomar conta do restaurante do seu pai, o Aroma. Junto traz promessas de mu...