Eu- Diogo
Doutor- Não têm de se preocupar a segunda cirurgia correu lindamente e conseguimos reparar os danos que a primeira provocou. Não culpem o meu colega, ele ainda é novo!
Mãe (Sandra)- Não culparemos, nem guardaremos remorsos, aconteceu o que tinha de acontecer, Deus assim quis, o importante é que está tudo bem!
Eu- Mãe! Mãe!
A minha voz quase não saía, esforçava-me ao máximo mas apenas saíam pequenos suspiros! A minha cabeça estava a andar à roda, não me lembrava de nada. Mas ao que parece tinha sido operado duas vezes.
Mãe- Filho! Filho! Sentes-te bem?
Eu- Estou otimo mãe!
Doutor- Se calhar é melhor deixa-lo descansar um pouco!
Eu- Já descansei muito Doutor, devo estar adormecido à horas?!
Mãe- Se calhar o Doutor tenha razão devias descansar!
Eu- Estou otimo, já disse! Onde está a Nônô?
Rafa- Na sala de espera, com a Nina! À espera que acordes.
Eu- Achas que posso falar com ela?
Rafa- Claro. Vou chamá-la.
O Rafa saiu pela porta do quarto e o Doutor segui-o. Fiquei apenas eu e a minha mãe.
Mãe- Sei que não devia, mas preciso mesmo de saber o que te deu para pegares naquele carro, sem carta de condução e por ironia o carro nem era da nossa família?!
Eu- Mãe eu... bem eu... não sei... precisava de falar de um assunto sério com uma pessoa!
Mãe- Sabes que há outros meios de transporte?! Sabes que podias ter morr... morrido?! Não basta ter perdido o teu irmão no acidente de comboio?
Os olhos da minha mãe encheram-se de lágrimas. Odiava que tocassem naquele assunto. Senti duas enormes gotas de água cairem sobre as minhas mãos, apercebi-me que estava a chorar. Naquele dia estava a chorar demais, para meu gosto.
Mãe- Mas a culpa é do teu pai por te ter ensinado a conduzir. Nunca devia ter permitido...
Eu- Não metas o pai nisto! A culpa é só, e exclusivamente minha!
A porta do quarto abriu-se e calamo-nos, a Nônô apareceu logo a seguir, mas pela expressão dela arrependeu-se de ter entrado. Ao deparar-se com os nossos rostos encharcados de lágrimas deu um passo atrás e agarrou na maçaneta para fechar a porta, mas a minha mãe antecipou-se, segurou a porta e saiu.
Nônô- Entrei em má altura?
Eu- Entraste na melhor altura possível!
Nônô- Porque estás a chorar?
Eu- Lembranças tristes!
Nônô- Ah bem! Como te sentes?
Eu- Melhor acho!
Ficamos a conversar horas sem fim. Falando de tudo e de nada apenas não falamos da nossa relação! Quando ela saiu do quarto senti-me como se estivesse num buraco, agora estava sozinho ou talvez a minha mãe volta-se para me atormentar.
Eu- Leonor
Quando sai daquele quarto senti-me perdida, foi tão bom falar com ele normalmente.
Nina- Como está ele?
Eu- Bem acho!
Rafa- Nônô hoje vens comigo para casa ou vais continuar fugitiva?
Eu- Vou contigo pai! Já tenho saudades da minha cama. E tenho de falar com o Luís urgentemente!
Mal cheguei a casa corri para o quarto. Queria sentir o aroma a rosas, já tinha tantas saudades, apesar de só ter estado fora um dia. ...
E o odor corporal do Diogo não era assim tão mau, mas nada comparado com o do Luís que cheirava a chocolate. Peguei no telemóvel, fui à marcação rápida e liguei para casa do Luís.
Luís- Hey princesa!
Eu- Otimo foste tu a atender pensei que iria ser a tua mãe.
Luís- Aconteceu alguma coisa importante?
Eu- Não nada de especial. Apenas queria ouvir a tua voz e dizer-te que está tudo bem. O Diogo disse-me que andaste à minha procura na casa do Joca.
Luís- O teu pai antecipou-se já me tinha dito que estavas bem e que se corre-se bem hoje voltavas para casa. Parace que correu bem! Lamento o que aconteceu ao teu irmão!
Eu- Que irmão?
Luís- O Diogo!
Eu- Ele não é meu irmão, até tu Luís!
Luís- Desculpa amor, mas os vossos pais são namorados isso faz de vos irmãos!
Eu- Ya, ya. Onde é que eu já ouvi isso?!
O Luís riu-se do outro lado da linha.
Luís- Amanhã passo para te buscar às 11. Tenho uma surpresa!
Eu- Eu não mereço assim tantas surpresas!
Luís- Mereces mais ainda!
Eu- Xau amo... amo-te
Luís- Também te amo!
Bibibi. O despertador não se calava. Levantei-me e reparei que eram 10:45.
O Luís vinha-me buscar ali a 15 minutos. Vesti-me à pressa e peguei numa peça de fruta.
Pipipi. O Luís estava à minha espera no seu mercedes novo. Atravessei a estrada e entrei no carro.
Eu- Só para te gabares!
Luís- O que?
Eu- Nada.
Luís- Sempre uma peça de fruta?
Eu- O que?
Luís- Nada!
O resto da viagem fomos quase totalmente calados..
Eu quebrava o silêncio de vez em quando para perguntar se estavamos perto. Mas a resposta era sempre a mesma "Desfruta da paisagem". Tenho de admitir que a paisagem era linda cheia de animais e campos enormes, montanhas gigantes e a estrada cheia de curvas. Nunca tinha estado ali. Para onde me levaria ele?
CONTINUA…